Sou educadora e escritora

terça-feira, 29 de setembro de 2015

BELEZA NATURAL





Absorta ao luar, submersa nos horizontes,
Não deixava de contemplar
As folhas dos pinhais, a imponência dos montes
E as ondas verdes do mar.

Se disso, indiferentes passamos,
Não sentiremos a pureza das flores,
A vida será apenas um caos exteriores
E jamais seremos o que sonhamos.

Sem vida interna, jardins não colheremos
Mesmo que víssemos a aurora nascer.
Solitário no mundo sempre seremos,
Se não deixarmos a beleza interna viver.

Elany Morais

Caxias - MA, 27 de setembro de 2015.


domingo, 27 de setembro de 2015

PEDRA FRIA

PEDRA FRIA
Elany Morais

Eu gosto de sentir na pele
O fogo que de tua boca vem.
Não quero ser como pedra,
Incapaz de amar alguém.

Como não sentir amor,
Se tu navegas em minha vida!
Não quero ser como pedra,
Incapaz de ser ferida.

Minha natureza é te amar.
Estás, em mim, sempre presente.
Não quero ser como pedra
Que nada e nunca sente.

Fico no jogo do amor incerto
Que não me faz em ti segura.
Não quero ser como pedra

Sempre livre da amargura.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

RITUAL DE LIMPEZA

RITUAL DE LIMPEZA
Elany Morais

Não sou divertida. Muitas vezes, fecho todos os orifícios para a entrada de corpos estranhos, em meu mundo, isso para que não estraguem minha festa particular. Minha companhia é a minha preferida, ou seja, gosto de ficar comigo mesma. Raras vezes, convido alguém a entrar e cear comigo. O que mais me exaspera é quando alguém aceita meu chamado e entra sem cuidado, além de fazer folia em meu coração e sair sem avisar, deixando tudo desarrumado. Isso me faz gastar tempo, colhendo meus pedaços voados a quilômetros. É sempre um desgaste expulsar um convidado. Tenho que por o coração na mão, o cérebro no ar e dá um abraço, congelando lágrimas e, mesmo assim, ainda corro risco de me machucar com as bolhas cristalizadas.

É sempre o mesmo ritual: limpar a casa para ficar confortável comigo mesma. Por isso, de agora em diante, se alguém desejar viajar comigo, será necessário se planejar, embarcar com cuidado, retirar toda poeira que carrega consigo, para não manchar minha morada, se fizer isso, faz bem.



Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 19 de setembro de 2015

VIOLÊNCIA NA VILA

VIOLÊNCIA NA VILA
Elany Morais

Havia vidas, na vila,
regadas ao som de violão,
mas houve vozes vorazes
e vida levada por um vilão.

Houve silêncio, na vila,
na falta da vida dela,
chorou convulso o violão,
na vila que era bela.

Houve dúvidas, na vila,
quando só vozes vinham do vento,
o violão não mais valsava
nem chorava o seu lamento.

Caxias- MA, 19 de setembro de 2015.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DESGOSTOS PARA TODOS OS GOSTOS

DESGOSTOS PARA TODOS OS GOSTOS
Por Eany Morais

Lamentações, lamentações, um monte de inutilidades. Por que lamentar? O desgosto sempre virá, calado, taciturno, em seu horror, com vestes sepulcrais. É no silêncio que ele nasce, arrancando de nós os nossos tristes ais. Será que há como desvendar a causa desse mal que nos faz tão outros e outras? Quantas vezes já fui rasgada pelas unhas do desgosto! E quem não se teve sob suas garras afiadas? Até Ricardo Reis quando disse que não teria mais desgosto foi por puro desgosto. 

   Ah! Por que não querer o que se tem e desejar o que nunca haverá de se ter? Se diferente fosse disso, teríamos alegrias sem ter  desprazer.  Até penso que se gostar fosse desgostar, todos gostariam. Quem sabe não estamos seguindo o conselho de Marce Proust, que considerava  o desgosto condição primordial para o desenvolvimento das forças do espírito! O fato é que existe de tudo para todos, como há desgostos para todos os gostos. Bem me lembro de  Doantien Alphonse François que proclamava que seu maior desgosto era saber da inexistência de Deus, assim, jamais teria o prazer de insultá-lo, e o desgosto daquele que entrou numa fábrica para pedir um emprego e de lá saiu empregado? Há também o desgosto daquele que vive a esperar a extensão da linda da vida, mesmo sabendo que o imite é o nada.  O desgosto de Caio Fernando Abreu também entra no rol dos inusitados, ao proferir: " E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."

Enfim, cada um com sua faca afiada submersa em sua alma


Caxias - MA, 16 de setembro, de 2015.

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sábado, 12 de setembro de 2015

CHAGAS ABERTAS

CHAGAS ABERTAS
Por Elany Morais

Sobre estas doloridas, escuras chagas
Que o tempo impiedoso vem carcomendo
Estão negras lembranças na alma doendo
Como dói na pele o fogo da larva.

Razão lógica, o espírito me indaga
De meu destino, das dores vencendo
E mal de mim que estou bebendo
As profundas mágoas e eternas chagas.

Desperta para os males, inconformada reclamo,
Não sei se morro ou de dor eu corro,
Mas solto gemidos e lágrimas derramo.

Por que não vem do céu o meu socorro?
Se eu não amasse, mas eu ardo e amo,
Por que não há nada que me sossegue?
Agora não sei se vivo, ou se eu morro.


Caxias - MA, 12 de setembro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SOMOS ALGARISMOS?

SOMOS ALGARISMOS!
Por Elany Morais

Em nós, o que sobra além de números? Até o si de cada um tornou-se um número perdido na imensidão espacial. Se fôssemos gente certamente não seríamos números. Pelo visto, reduzimo-nos a folhas secas em agosto nordestino.

Quando se nasce, vem-se primeiro o número, depois o nome. Em casa, é-se o primeiro ou é o último. Na escola, o número se sobrepõe o nome. Adeus, João, agora tu és o 1. É necessidade ou vício de enumerar? Eu algarismo, tu algarismas, todos algarismamos e, assim vamos nos tornando cifras. Penso que jamais sairemos do universo da contabilidade. Ah, agora mesmo preciso contabilizar o tempo que gasto divagando no que poderia ser, mas não é e nunca será.

Atentamos para isto: até a qualidade de vida, que não há, é representada por números. O que poderia ser viver bem é apenas algarismo. E se é para contabilizar, certamente, a qualidade de vida de muitos é zero. Sou lenta mesmo, ainda não consegui entender como se conta o que não se vê. Conhecimento é calculado, somado, computado... Aprende-se e não se aprende de todo tanto. É zero para quem não repete o que digo e dez para papagaio imitador. Não sei se tem número para dor. Mas tem nível. Se tiver número para dor, que meu doer seja zero! Na verdade, quero ser tudo, menos um número. Na minha identidade, na minha carta de motorista, no meu título, no meu registro de nascimento sou número. Em qualquer lugar que chego, sou reconhecida apenas por algarismos. Na escola, passei anos com identificação  9 ou 5. Vez por outra, eu até esquecia que eu tinha um nome, cheguei a pensar que eu não era nominável ou que meu nome não fosse palatável. E como sempre, meu pensamento era apenas pensamento, a realidade estava longe do meu entender.

Às vezes, sou traída ou vencida pelo o que não me apetece, pois muitas vezes, pego-me a tentar medir sentimentos que há em mim, como o amor. Então lembro-me da célebre frase, da eminente escritora brasileira - Clarice Lispector: "não existe número para o amor" Isso me consola e me conforta. Mas de repente sou assaltada pelo pensamento de que  estamos chegando ao amor zero. Mas meu imenso desejo é - Já que há número para quase tudo ou tudo - que o número do amor seja dez, pois  já basta o zero da nossa posteridade.


Caxias - MA, 09 de setembro de 2015.

sábado, 5 de setembro de 2015

HOMENAGEM AOS POETAS CAXIENSES

 HOMENAGEM AOS POETAS CAXIENSES
Por Elany Morais

Recitar poetas vivos é dá mais um sopro de vida ao poeta. Ontem eu fui agraciada com mais um sopro de vida. Pois fui uma das homenageadas pelo projeto teatral, da Universidade Estadual do Maranhão, coordenado pelo professor Elizeu Arruda, grande incentivador da leitura e da arte, junto com os alunos do CESC-UEMA. O auditório do Centro de Estudos Superiores, de Caxias, estava completamente lotado de universitários e convidados. Todos pareciam se comprazer em prestigiar o brilhante evento. Como não se sentir honrada e gratificada com um acontecimento desse?
A I Mostra TEALE E VIVART encerra hoje (05-09- 2015). É um evento que consiste na encenação de peças teatrais produzidas por grupos de teatro coordenados pelo escritor, teatrólogo e professor, da Universidade Estadual do Maranhão - Elizeu Arruda. Ontem, 04-09-2015, foi apresentada a peça intitulada Três poetas e uma competição, tinha como objetivo homenagear os três poetas caxienses: Nereu Bittencourt, Jorge Bastiani e eu - Elany Morais. Fiquei imensamente encantada com a apresentação dos trabalhos artísticos. Dessa forma, só tenho a gradecer aos artistas, que tão bem representaram minhas obras e, principalmente, ao brilhante professor Elizeu Arruda, que é um amante do conhecimento, da arte... Obrigada!!!!


Caxias- MA, 05 de setembro de 2015.orais

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

EGOÍSMO
Por Elany Morais

Essa de se agarrar no existir faz o egoísmo ganhar formas desproporcionais, tornando-o ilimitado. O temor do abandono pela existência é a raiz de uma luta incessante, em que tudo vale para não deixar de ser seja lá o que for. Mas não basta apenas existir, há em nós, o desejo ambicioso e astronômico de viver com mares, sem dores. Queremos muito, queremos tudo sem perder nada. As privações são nossas ameaças mais potentes, são nossos eternos fantasmas, “nada pouco camarada”.
O bem estar no existir é nosso ouro mais almejado. Por isso nos valemos de qualquer ação, na tentativa de usufruir uma existência repleta de alegrias e prazeres. Mas apesar de tantos esforços egoístas, a ingratidão da vida nos atinge, empurrando-nos para o inevitável. É disso que provém nosso egoísmo doentio de querer ser, estar,  viver com prazer, independente de cabeças pendidas, de sangue vertendo das veias alheias, de olhos aflitos, de bocas convulsas...
É o egoísmo que exalta, alimenta e fortifica nossa vaidade. Esta, na certeza da fonte insecável, adquire o poder de existir nas mais diferentes formas, seja disfarçada de boa moça, ou oculta -sempre num invólucro de humildade.
Inútil. Tudo é inútil. Ninguém escapa da inexistência ou de um existir com dores, ilusões ou desilusões .Tudo é apenas presunção que veio na embalagem humana.


Caxias- MA, 02 de setembro de 2015.