Ao anoitecer, é nessa penumbra que a tristeza resgata todas as dores sentidas, todos os gemidos emergidos do mais profundo ser. É na escuridão que todos os gostos mais estranhos ganham asas para não se satisfazer. É na indistinção das coisas que o silêncio grita por medo do padecer. É na ausência do mundo que o corpo sente a carência de um bem-querer. É na indiferença de muitos que a alma sente que não tem a quem lhe socorrer.
E se a noite vem, a espera não é em vão do amanhecer. É na luz do dia que o pássaro chega com um contrato de alegria. É na visão do belo que se esquece todas as angústia por detrás do véu. É no raiar do sol que a memória se descuida do destino que é regado a pó. É na fresta solar que toda desventura se transforma em mar.
Passam-se as horas mortas, passam-se as horas vivas. É nessa transitoriedade que está contida o sentido da vida. E assim, a vida segue sem nenhuma piedade, por isso é sabedoria desbravar sempre os caminhos que conduzem à felicidade. Há seres que sentem que a vida é uma oportunidade, é sábio não duvidar porque é o mais fiel entendimento de uma verdade.
É preciso persuadir-se de que O TUDO tem um transcorrer num tempo certo, pois a alma não se deleita porque O TUDO é muito incerto.
Elany Morais
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