Sou educadora e escritora

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

UM EM TRÊS

Sempre existe aquele momento em que me descubro,em que me acho. É sempre o mesmo espanto,a mesma surpresa,o mesmo medo.Quero correr,quero voar,mas eu me pego,eu corro atrás de mim mesma.O meu EU não me basta,eu quero o OUTRO,eu invento OUTRO.Eu não quero só a mim e o OUTRTO,eu quero também o que existe entre Mim e o OUTRO.
 Eu quero fervorosamente amar a mim e o OUTRO,sem odiar,sem esperar,sem vazio,sem desesperança.Mesmo que a ausência do outro me destrua,quero amá-lo sem odiar,sem o fogo que dostrói.Com o outro eu sinto tudo,eu sou tudo,sem ele,eu me perco,fico no vácuo.Fico mais completa quando estou comigo,com o outro e o que existe entre mim e o outro.Isso pode ser uma loucura. É uma loucura,mas uma loucura mansa.É mansa porque minha felicidade e grandeza serão quando os três corações pulsarem de uma só vez dentro de mim.Eternamente,serei uma em três,eternamente apaixonada e presa em três,assim,eu fico plena,lúcida,viva,casta,doce,entendida,habituada,possível,palpável,visível,tangível,em pé,firme.Minha feiúra se evaporará,minha solidão não mais me encançará,eu irei longe,sobre pedras,sobre vales,sobre ares.Tudo o que for cruel se dissipará,assim,se eu amar a mim e o OUTRO sem odiar.

Elany Morais
 



       ANÁLISE LITERÁRIA POR NÉA TAUIL



       

 

"Um em Três" mostra que por um lado existe o amor, a paixão amorosa,  desejo ardente,a preservação da própria vida, a garantia da preservação da espécie através do sexo, do erotismo" o meu EU não me basta, eu quero o OUTRO..."; por outro lado, mostra que também existe o ódio, a (auto)destruição, a morte como o fim de tudo, então " quero  fervorosamente amar a mim e o OUTRO, sem odiar, sem esperar, sem vazio, sem desesperança".
É possível amar a mim e o OUTRO sem odiar?
Na melhor das hipóteses, podemos dizer que amor/ódio são duas polaridades distintas que estão em atividade dentro de cada um de nós,movimentando a vida até a morte. Um em Três também marca bem o desejo de não ficar preso à identificação apenas com o "EU", com a perspectiva limitada do nosso eu individual "eu não quero só a mim e o OUTRO, eu quero também o que existe entre Mim e o Outro". Isso  significa abrirmo-nos para fundir com o "Nós". O " Nós" que envolve uma diversidade de ligações entre pessoas e com tudo o que existe.
 
Néa Tauil

 
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