Sou educadora e escritora

terça-feira, 6 de agosto de 2019

EU DIGO NÃO À DIVULGAÇÃO DE IMAGENS DE VÍTIMAS DE QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA

"Mostrar o inferno não significa dizer-nos algo sobre como retirar as pessoas do inferno."
Atualmente, tanto o ato de violência quanto a divulgação de imagens das vítimas banalizaram-se. As cenas de horrores espalham-se "como uma mancha de óleo."
Há desnecessidade de entrar em nossas casas descrições macabras, assustadoras, instabilizantes da prática de violência. Vê-se pormenores sendo explorados com tamanha morbidez. Tal prática, infelizmente, gera habituação com a crueldade.
Essa envolvência constante com atos violentos opera-se em nosso psiquismo uma quase aparente apatia permanente perante a violência. A maioria de nós é capaz de estar a ver no telejornal ou na internet as notícias sobre um acidente, onde surgem imagens de pessoas mortas e feridas (imagens que sendo de grande dor são, também, de grande violência) e, no entanto, continuar a comer o jantar sem qualquer incômodo.
Ou seja , a convivência constante com a violência, que nos entra pela casa, pelos olhos e pelos ouvidos, torna-nos indiferentes, apáticos, distantes à própria violência, mas, pior do que isso, torna-nos coniventes com ela, porque as vítimas reais começam a ser para nós meros bonecos televisivos . A violência que nos envolve acaba por nos tornar profundamente egoístas, perante a dor alheia, ao ponto de só sermos sensíveis à violência que nos afeta diretamente.
Elany Morais

Nenhum comentário:

Postar um comentário