Sou educadora e escritora

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

REINCIDÊNCIA MELACÓLICA

REINCIDÊNCIA MELACÓLICA
Elany Morais

Nos silêncios entrecortados,
Chega a melancolia 
Com a memória vil de outrora,
Inquietando minha alma,
Nessa noite lenta e vazia.

Não sei por que em mim,
Ela se faz presente
E nada faz a lançar fora,
Meu espírito não a consente,
Mas ela se achega e por si demora.

Caxias - MA, 26 de fevereiro de 2014.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A EXTINÇÃO DA VERDADE

A EXTINÇÃO DA VERDADE
Elany Morais

É luto. Há quanto tempo a verdade foi sepultada? As cordas que a levaram ao fim romperam-se na passagem. Por isso, ensina-se uma nova forma de se viver, e muitos tornaram-se adeptos da vida sob a baixeza de caráter. 

Essa escolha mostra-nos a pequenez desses espíritos vestidos de toda sorte de imbecilidade. Enriquecem-se de adulações, sempre erguendo muros para se divorciarem dos valores verdadeiros, por vê-los como fel, que tem seu sabor extremamente amargo. Lançam a sinceridade no esquecimento como se fosse um selvagem destruidor de vidas civilizadas.

É luto. Mataram a verdade. Mataram-na por teme-la, pois ela humilha orgulhos imbecis, revoltando-os. Ela está em extinção, por isso, tornou-se rara, não se vê-la por toda parte. Mas ouso fornecer um endereço, onde ela faz seu pequeno abrigo, é lá onde a verdade está, numa sincera amizade. Lá é feita o seu asilo e a mais pura arte.

Caxias - MA, 25 de fevereiro de 2014.

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AS ROSAS

AS ROSAS

Eany Morais

As rosas me enfeitiçam como me seduz o mar.
Com sua pureza, cobrem-me como se fosse pano,
Nas suas cores, meus olhos se fixam a navegar,
Paralisando-me como a sedução de um oceano!

Meus braços, no seu mundo, vivem estendidos
Como caminhos definidos dos calmos navios,
Ando a pleitear os seus reinos escondidos,
Para iluminar meu caminho escuro e frio!

Caxias - MA, 24 de fevereiro de 2014

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

PRESSA, PRESSA...

PRESSA, PRESSA...
Elany Morais

Quero rapidez. Rapidez não sei para quê! Porém, tenho pressa. Mas não passo adiante das pernas. Nunca estou onde penso que estou. Voo sem limites. Não pego a sombra, mas corro. Nunca penso na mesma coisa, porque pressa eu tenho. O mundo não me espera. O tempo não me vigia. Ando no tempo da flor. A flor não pode durar, e eu não sei por que tenho contas para com a vida pagar.

Não sei o tamanho da duração das coisas, por isso, desperta-me a pressa. O tempo me queima, ele não deixa eu fazer minha lenta prece. Não conto minutos, pois a estrada não tem fim. As curvas do caminho me consomem, não posso esquecer que tudo terá um fim.

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MEU CANSAÇO

MEU CANSAÇO
Elany Morais

Chega um certo momento que é preciso se cansar!
Cansada!! Talvez eu esteja
De coisas inimagináveis, não sabidas,
Não pensadas!

Cansar é dor doída!
Sem causa, sem cura!
Sem amor e com amargura!

Minha alma grita por sono.
Que viver sem corpo,
Sem sede, sem fome,
Ela quer viver no abandono!


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DESCASO

 
 DESCASO

Elany Morais

O que há no mundo é sobretudo descaso,
Descaso com o outro, com o fim,
Não se pensa em tudo ou talvez em nada,
É o que vejo, é isso, o descaso!

O amor é sentimento inútil!
Há desejos violentos por coisa nenhuma,
As paixões intensas não são por ninguém,
São essas coisas de que sempre falo:
É isso que vejo, é apenas descaso!

Há falácias sobre o infinito,
De querer o que é impossível,
Mas há os que não querem nada,
E logo se vê o tal resultado,
É disso que falo, que no mundo
Existe um puro descaso!
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais



 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

PÉS DE VENTO

PÉS DE VENTO

Minha mãe tinha pés de vento
Naquela época, eu via!
Ela estava em todos os lugares,
De longe, sua voz era um hino....
Eu a sentia bem distante.
Ela plantava todos dias
Solidão em mim!

Minha mãe tinha corpo pesado,
As mãos delas esvaziava minha calma,
Seu canto era de morte,
No fim da tarde,
A tristeza era solene,
Eu não tinha sorte!
Ninguém me via,
Nenhuma estrela no céu reluzia!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

AINDA VIVEM EM MIM

AINDA VIVEM EM MIM

Não me comporto com as pessoas que amo como se elas fossem durar toda uma eternidade. Sempre as olho, preparando-me para lembrar delas quando não mais existirem. Por isso, tenho na memória, de forma bem viva, todas as qu...e já desapareceram desse mundo. Elas estão se prologar através de minha memória. Esta é o espírito, o vento, o ar dos que subiram ao firmamento e ainda vivem através da minha lembrança guardada. Todos que já se foram estão tatuados e aprendidos em mim. Ficaram armazenados em minha alma, assim, não sinto tantas ausências.

Elany Morais
Todos os direitos são reservados a Elany Morais

AMOR EM FLOR

Era noite, sobre a mesa, uma vela agonizava.  A janela aberta deixava entrar o cheiro de mato molhado. Com os olhos perdidos na escuridão, ela via, na planície de sua memória, desfilar todo seu passado.

As risadas nas tardes de sol, as confidências íntimas trocadas, apertos de ombros, abraços despretensiosos, olhos curiosos, o balançar de saias pelo ousado vento de maio, tudo era felicidade. Dora fazia de suas lembranças um pincel, com tintas coloridas para pintar os seus melhores tempos passados.

Suponho que o leitor não irá se constranger com minha nostálgica personagem. Mas essa mulher guardava uma verdade que só era dela. Sempre tivera medo de pensar em tal experiência  vivida.

Leitor curioso, paciência é uma virtude. Ponha suas pernas sobre a cadeira e espere pela tempo de Dora, aos poucos, ela compartilhará sua verdade inquietante.

Elany Morais

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PACTO LUNAR


PACTO LUNAR
Elany Morais
 
Não seja como a Lua, que a
Lua, vive nua na escuridão
da rua. Para se revelar,
basta um olhar, que ela
flutua com suas asas de
algodão esculpidas na
imensidão, É aí, que a noite
estua e sob carícias insinua,
que acabou a solidão.
Sobretudo, o desengano,
que se foi e está voltando,
 se a poesia a encontrar.


19-02-2014, Caxias-MA

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

LUZ DA LUA

LUZ DA LUA

Na minha face nua
Reflete a luz da lua
Que aos poucos
Se insinua!...

Quanta beleza é a tua!
Minha alma flutua
Quando fito a luz da lua!

Quando noite, não me engano
Vejo teu reflexo nas águas do
Oceano!

Meu fascínio não reprime
Pois enamorar-te não é crime
Por que tens luz tão sublime?

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

AUSÊNCIA

Hoje, sem muito alento, toco suavemente no silêncio. E como anjo caído  precisando de abrigo, vago na escuridão dos corredores vazios, sem visão perfeita, vejo, nos  meus passos, todos os meus defeitos. E com um riso pisado, abafo qualquer tentativa de despertar desse mal que teima em me assomar.
Apenas uma pergunta gira em minha cabeça: onde estão os que a mim amaram de verdade? No ruir desse mundo, todos se dispersaram, deixando-me esse silêncio profundo. Será que tive apenas visões? Minha alma diz que meus amores foram ilusão, agora encontro-me submersa, nesse turbilhão de emoções.
 
Meus olhos, em colapso, só veem faces lívidas, indiferentes para a dor que, em meu peito, insistentemente, faz-se presente. E o que me resta agora? Acreditar que eu consigo fechar os olhos, e a na ilusão, os que me amam voltem a viver comigo.
 
Elany Morais
 
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

SENTIMENTOS INSTÁVEIS

Partiu com o silêncio que cortava a garganta. Levava, no bolso, apenas recordações, nos pés;  encruzilhadas infinitas. Como chuva sorrateira, escorregava preguiçosamente pelos caminhos estreitos. No peito, a dor rebelava-se. Na cabeça, um mar de ideias desconexas. Seus pensamentos resvalavam  em ecos para o deserto. As possíveis soluções para as incertezas apresentavam-se em forma de nó. Dentro do coração, uma única vontade: ouvir uma voz que a chamava para trás.

A passos curtos, salivava o fel do infortúnio. O corpo, inibido, amortecia-se. A cada dois minutos, um ousado gemido se desprendia dos lábios. O porvir insano a prendia na amargura. Era impossível conjugar qualquer promessa de outrora. Nenhum pensamento consolador a alcançava. Dois mundos encontravam-se em hiato.  Equilibrar-se no desgosto era uma mágica para um espírito cativo do prazer. Desvairadas e inquietas, as mãos espalmavam o ar, na desordem de uma mente presa no vazio.

Mas o tempo a conduziu na dispersão de si mesma. Agora, vagueava em sonhos vindouros. Não era mais pequena nem necessitada. A mágoa, do peito, era poeira levada pelo vento. O tédio afrouxara as correntes e novamente deixava de ser apenas uma peça de um órgão, pois novos desejos ressurgiam. Chovia sobre si todos os tipos de bênçãos, submergia numa felicidade aparente. Não mais desejava a depravada ferrugem, que corroía os pequenos instantes de alegrias.

A mente não mais concebia uma verdade diferente. A verdade presente era fantástica, poética. Como um escrito a lápis sob o efeito da borracha, o passado, não tão distante, agora era apenas uma sombra. Quase não havia mais o que confessar a si mesma. Os comboios de pensamentos perfurantes não mais atravessava a cabeça. Precisava apenas conservar os sonhos fantásticos de uma felicidade infinita.

Elany  Morais
Todos os direitos são reservados a Elany Morais

domingo, 16 de fevereiro de 2014

NOVOS TEMPOS

É nauseante esse tempo de peleja: o coração se estreita. O amor apodrece antes de amadurecer. Máscaras são festejadas com regalos e glórias. O sangue é poluído pela irracionalidade. O cérebro em estado de coma, atrofia-se. A insaciabilidade torna-se fio infinito. A juventude é sequestrada dos prazeres da vida com maior brevidade.  As folhas secas da ilusão não são movidas. Os desejos dos amantes são desérticos. As sombras são abandonadas pela luz. A noite candidata-se a musa dos corvos. As memórias são invernos desprezados. O sossego é transfigurado na face da melancolia. O sono encontra-se esvaziado de prazer. Raízes já não se encontram. Os deuses não justificam as desesperanças. As festas são de fogos. Os jogos são mortais. Olhos nenhum não mais fitam um futuro manso. Enfim, hoje é tempo em que pessoas assumem formas apenas de paisagem.

Elany Morais

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sábado, 15 de fevereiro de 2014

PRISÃO DO DESEJO


No interior,meus desejos presos!
Meu anseio não é contemplativo, 
Porque meu querer permanece  aceso!
E os que miram meus olhos se mantêm cativos!!


Não resistirão em eternas grades
Nem terá vida em pequeno aquário!
Não se alimentarão de poucas saudades
Porque estão vivendo em tumultuários!

Não aconselho a ficarem quietinhos
Mesmo que recebam certas blasfêmias,
Eles se libertarão bem devagarinho
E ficarão livre para sempre dessas algemas!!

Elany Morais

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

LUTA SOLITÁRIA

LUTA SOLITÁRIA
 
Esta é minha luta de cada dia: afugentar do peito essa dor permanente que insiste rudemente em se fazer presente. Meus dias são cruéis porque traz consigo essa dor ardente que faz minha alma tornar-se doente. 
 

Em delírio, vago embebida em saudades de um futuro em harmonia para queimar esse desespero que me sucumbe em agonia. Mas esta jornada é longa, porque caminho sozinha, buscando minar pela raiz, essa dor que é somente minha.
 
Nessa minha luta solitária, tenho encontrado muitos espinhos, pois para desarraigar, do peito, essa angústia, está sendo muito mais que necessário do que uma simples taça de vinho.
 
Meio resignada, queixo que minha coragem já se encontra fadigada. Assim, em meio essa labuta,encontro-me totalmente extenuada, com toda essa demora, dessa dor tão cruel que se afinca em não ir embora.
 
Não me faço saber, se algum dia chegarei ao fim dessa jornada, porque são tantos aguilhões que molestam meus pés, nessa dura caminhada.
 
Porém, meu sonho de outrora, era beber uma taça de vinho, ao lado de uma bela virgem, em pleno nascer da aurora.
 
Elany Morais
 
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

DESTINO

Nessa noite, eu não queria ouvir nem ver
Essa sombra que passa em mim sem dó
E a fazer minha inquieta a alma  doer!

Vivo submergida em águas torrentes
E em meio a tumulto de castigo e luta,
Já me causaram irreparáveis danos,
Mas não me entrego nessa tal  labuta!!

Penso em dormir um sono profundo
Mesmo que seja numa enorme pedra
Porque  nunca jamais serei absolvida
Do que o terrível leito a mim reserva!

Elany Morais

 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

JUVENTUDE BREVE

Lembrança da perenidade essa juventude já não tem.
Lançam, para o vale , vidas que logo serão ceifadas
Pois a família só oferece a educação que lhe convém
Onde toda e qualquer pureza será sempre violada!

Às famílias não cabe julgar inocentes ou culpadas
Pois no mar de lágrimas estarão sempre submergidas,
Por meio da violência muitas vidas serão apagadas,
E o interesse do governo é apenas uma ideia fingida!!

Elany Morais

 Todos os direitos reservados a Elany Morais

NOSSA DESORGANIZAÇÃO

 NOSSA DESORGANIZAÇÃO

Tu bateste à porta da minha desorganização, entraste com teus cuidados comedidos e com a tua visão, iluminaste minha escuridão.

 Os anjos entoaram coro, quando desatei os passos para seguir os caminhos que tu, com teu amor, abriste para que eu aprendesse a caminhar sozinha. Como não me desarmar diante de teu amor são? Nos dias sombrios, trouxeste-me copo com doses de sossego. Apaziguaste meu mar de ilusões, juntaste meus cacos para desfazer toda essa minha desorganização.

Como não entregar-me em tuas mãos?  Nas noites vazias, tu não te limitaste, por distância, estendeste os braços, ultrapassando o mundo de um lado a outro, e afagavas-me, com teu doce toque. Meus olhos brindavam, com alegria, a chegada da tua voz, cheia de ternura e amor.

Meu ninho eternamente será meu e teu. Quero tua organização dentro da minha desorganização. Eu te alimento e tu me curas dessa falta de amor e rumos incertos sem nenhuma direção.

Elany Morais
 
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

INSÔNIA

INSÔNIA
 
Tudo cansa! Cansa-me querer ser interrompida no meio do nada, mas o sino da segurança segura sua voz para não me proteger.


É sempre assim: no meio da noite, sou assaltada por meus olhos que cismam em não querer se conformar com a escuridão. A luz brilha em minhas pupilas, mas o silêncio traz consigo a solidão. De coragem preciso para por meus pés em movimento, levanto quase vazia de qualquer emoção ou sentimento.

Levanto, com passos preguiçosos. O arrastar dos calçados traz-me de volta a vida. Sento-me ao redor da mesa, sorvo alguns goles de café, completamente sozinha no mundo. O relógio olha para  mim, com a palavra presa na garganta. Vejo o tempo seco e rico. Rico de nada. Nada que me cubra, nada que me preencha. Ponho-me a contar uma historieta para mim. História sem personagens!

Volto ao canto dos desprazer. É o cenário onde se ensaia a morte todas as noites. Tento mais um ensaio, sem êxito algum. Desejo uma tragada de fumaça, mas nem isso me permito. É isso mesmo, não me permito a antecipação da subida ao firmamento. Assim, quedo-me com os olhos fixos no teto, onde existe tudo, inclusive o nada.

Elany Morais
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BASTA


BASTA

É a vida humana que me dói. É duro ceder ao reconhecimento de que meu viver esvaziou-se de alegria. Venho contado passos e exigindo de mim o que não me cabe. Nada mais quero: nem o fácil nem o difícil. Pode ser coragem ou medo de não mais querer todo tipo de "sentimentações."

Tudo que passou pelo meu peito foi esmagado. Esmagado pelas mãos indiferentes. Nada em mim brilhou. As cores que havia, minha dor desbotou. Se querem que eu viva, desobedeço-lhes.

É a realidade que me dá nostalgia. Sinto apenas de cheiro de liberdade que o vento leva, sem se importar com meus braços erguido para retê-la. Que perseguição!! Persigo-me dias inteiros em busca do que não há.

Chega! Chega de caminhar sem rumo certo. De carregar malas que só pesam, mas não me oferecem promessa de dias apaziguados.

Elany Morais



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RESIGNAÇÃO

Sempre de olhos inclinados para o chão, nas tentativas de me reerguer a cada queda, a cada torpeço. Aos poucos, fui perdendo o interesse pelas coisas. Tudo parece-me desimportante.  Nunca foi possível adaptar-me ao um mundo que não é meu. Meus sonhos foram vencidos. Minhas repulsas perderam nomes. Minhas forças sofrem hiatos. Estou cortando laços que me prendem pela ilusão.

É repugnante sentir-me vencida. Sinto-me indigna de credo. Nem sei se já fui vibrante. Estou resignada. Minha calma denuncia despedida. Envelheci. Agora só exijo de mim isto: partida. Minha missão não foi cumprida. Não me permitiram amar acima de qualquer coisa. Não compreendi o sentido da vida. Não encontrei o riso frouxo. Não molhei os pés na água límpida. Não contei as estrelas. Não fiz animais de nuvens. Nada eu fiz.
 
Elany Morais
 
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domingo, 9 de fevereiro de 2014

INQUIETUDE INDOMÁVEL

Nos bosques fechados, sentindo o frescor da sombra, fechei os olhos para melhor sorver o perfume das folhas que me reverenciavam. Por embevecimento, perdi o caminho. Corri. Enlouquecida, corri. A imagem do meu desejo formou-se à minha frente. Todas as flores dançavam, bailavam diante de mim, formando-se uma sinuosa corrente.

Sucumbindo-me na minha pequenez, tropecei nas flores, cravando os espinhos nos meus pés nervosos. A efemeridade da paz lançava-me a inquietude. Os caminhos fechavam-se  para minha indomável procura. Mesmo assim, corri. Corri pela paisagem que não era larga nem abundante. Nem mesmo o céu sereno refletia o infinito das passagens abertas.

Eu poderia deter-me na imobilidade azul, revestir-me do templo branco e puro, mas não. Meus pensamentos fixavam-se nas sombras tristes dessa confusa existência. Sempre de braços dados com as terras ásperas, sem enxergar a calma do céu azul.

Que destino! Meu espírito inquieto casa-se, sem defesa, com a paisagem escura. Assim, vou apodrecendo, na busca da estabilidade da calma, que tanto meu ser almeja.

Elany Morais
 
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sábado, 8 de fevereiro de 2014

PRECE

PRECE

Nas primeiras horas mortas, vem a escuridão, trazendo consigo o nada do vazio. Contrita, peço aos anjos que, nos meus ouvidos, cantem para mim canções de ordenanças para eu estrangular meus sentimentos estúpidos. Resignada, clamo a arrumação de meus pensamentos que se apresentam como uma desordem estelar. Peço! Talvez eu peça demasiadamente, mas suplico a eles por um lenço branco para limpar minhas chagas profundas fincadas no meu dolorido peito.

Entregue às preces, desfaleço-me sobre os lençóis que não abafam meus gemidos de socorro.

Elany Morais

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VÁCUO

VÁCUO

Um lampião, uma paciência, amarei-os na minha saudade sem nome e sem objeto sentido. Atei as duas pontas da linha do meu infinito que jogava em minha face o gosto amargo do fel. Saldei o silêncio da lua com lábios mudos, olhos perd...idos e mãos postas para o largo sem margem e sem rumo certo. Cantai com voz rouca o hino da solidão, sem luto, sem alegria, sem prazer, sem lenço e sem me maldizer. Varri para a sombra do pensamento minhas dores, meus delírios, meus vícios e meus desamores. Joguei fora todas as esperas, as esperanças, o risos frouxos, as palavras bobas e os olhares displicentes que sempre pega a gente. Juntei as folhas secas, os troncos mortos, o desperdiçados e tudo que foi jogado no lamaçal do passado.

Elany Morais

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FINITUDE

 
Enquanto nessa vida atroz

O tempo rasga a juventude,
O destino sem muita demora
Mostra a vida na sua finitude!

É inútil alimentar meu desejo
De eternizar meus sentimentos
Porque na vil existência antevejo
O esfacelar dos meus pensamentos!

 Minha alma larga deseja tomar posse
De tudo que essa efêmera vida abarca
Sem se saciar com o tempo que fosse
Pois o que submerge a Alma não larga!

Elany Morais

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

AMOR

 
AMOR


Não sei se é amor ou loucura,
Isso ainda me falta descobrir,
Só sei que é a maior fissura
Que me faz a vida  colorir!!!

Não sei se é amor ou loucura,
É um mistério a se desvendar,
Se for amor trará minha cura
E minha  tristeza há de findar!

Não sei se é amor ou loucura,
Isso é custoso a mim entender,
Mas traz minha vida aventura,
Pondo fim o meu cruel padecer.

Elany Morais
 
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LÁGRIMA

Todas noites sombrias vem
O espelho da minha lástima
E meu peito a dor não retém,
Vertendo mais uma lágrima!

Perdi dos sentidos quantos
Dias em desespero chorei,
Pois desgostos foram tantos
Que na minha vida penei!

Só dor nos meus olhos havia
Que meu coração carregou
Nas horas sombrias e frias
Que nem o tempo secou!!

Elany Morais
 
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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

LOUCURA NECESSÁRIA

LOUCURA NECESSÁRIA

Elany Morais

Ser louco é uma imensa aventura,
Pois não se vive aquém da verdade,
Só é feliz quem goza de tão loucura,
Não morrendo sem a tal felicidade!! 

Viver ao extremo da lucidez é tortura,
A se esconder num poço de vaidade!!
Na loucura encontra-se a alma pura,
Onde se elimina a completa vaidade!

Viver no estado de loucura é preciso
Porque felicidade apenas o doido tem,
Para ele não existe inferno ou paraíso,
Ele só faz somente o que lhe convém!


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SER DIFERENTE

Ser diferente não é tudo de ruim assim,
A diferença tem seu indispensável valor,
Mas só vale ser diferente se for até o fim
Com toda soberania e seu existente vigor!

Ser diferente é dar vida às atitudes mortas,
É romper com as impassibilidades mudas,
É fazer servir chaves para  qualquer porta
E tornar possível coisas tão absurdas!!!

Elany Morais
 
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VISÃO ONÍRICA

VISÃO ONÍRICA

Lá eu era vivente alado. Não havia noite nem dia. Tudo era impreciso entre a tristeza e a alegria. Nenhuma canção tinha início ou fim, faces se aproximavam ao mesmo tempo que corriam de mim. Os sons possuíam vozes surdas, estradas se estreitavam com línguas enormes e mudas. Para meus olhos não havia estranheza porque minha memória não guardava feiura ou a cobiçada beleza.

Neste mundo aberto, mar não sei se existia, mas meus cabelos molhavam com um líquido que com frequência subia. Com as mãos espalmadas, pontos brilhantes eu pegava, a luz era tão forte que meus olhos encadeados cegavam. Lá, cabeça nem todo mundo tinha, muitos viravam ao avesso ; outros não sabiam o que lhes convinha.

O tempo, lá, nunca encontrava um ínfimo espaço, pois relógios não contavam minutos de quanto durava um abraço. A angústia e o tédio, neste ambiente, não nasciam nem mesmo se renovavam porque muitos de suas dores não sabiam.

Ninguém ousou cantar o instante porque tempo não existia, ninguém chorava horrores, pois desconhecida era a agonia.


Elany Morais
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domingo, 2 de fevereiro de 2014

PORTAS FECHADAS


Dessa vida não tive mais do que isto:
Cegueira nos jardins e nas alvoradas,
Só tive noites caladas, frias e sombrias
E muitas e muitas portas fechadas!

Dessa vida não tive mais do que isto:
Mares de dores, desencantos e ilusão,
Amor que por mim nunca seria visto
E a fantasia de um som de uma canção.

Dessa vida não tive mais do que isto:
Um não-gesto de me abrir fechadura,
Ausência de ser humano bem quisto,
E mentiras que não me trazem a cura!!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais


sábado, 1 de fevereiro de 2014

SONO

SONO

Nesse tempo a mão de Deus é finita
Pois a mim traz o meu glorioso sono
No inconsciente, a minha alma levita
E meu desejo incontrolável não domo....

A cada noite, vejo-me num tal torpor
Com minha alma a pedir doce trégua
Somente no sono fico livre da cruel dor
E corro sem direção a milhas e légua!!

Elany Morais

TRISTE SINA

TRISTE SINA

Não tenho delicadezas faceiras
Meus atos refletem minha alma
Não tenho mais idades fagueiras
Não me restam força nem calma....

Hoje, estou fraca, velha e doente,
Vejo que nenhum braço me cobre,
No leito, sozinha tal qual demente
Sem que nenhum prazer me sobre.

Quem eu amei jamais me acolheu
Só me resta o leito frio do hospital,
Nada nesta vida cruel a mim valeu,
Só trago na memória esse triste mal.

Elany Morais
Todos os direitos reservados a Elany Morais