Sou educadora e escritora

quinta-feira, 30 de julho de 2015

AFLIÇÃO

AFLIÇÃO
Elany Morais

Chora, geme, grita
este é o destino de
toda alma aflita.

Caxias - MA, 30 de julho de 2015.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

FUGA

FUGA
Elany Morais

Meus pés pedem chão firme. Este já não há. E agora? Outro solo, meus pés não sabem pisar. Meus sentidos não entendem a língua presente, portanto, não sou daqui. Que destino! Cai sobre mim esta realidade desarticulada. Não aprendi aceitar a inalteração das lágrimas, por isso, almejo deixar este palco parco e sombrio. Estou na encruzilhada do desejo de fuga. Se um dia não falei, foi por dentro que gritei.

Outrora fui cega de fantasias, de angústia, mas hoje meu querer, insistentemente, se revolta, havia um laço, um sangue, um giz que, nesse cenário, me prendiam como sapos em sua loca. Compreendo que  o infinito não será me dado, embora eu peça, embora eu grita, não alcançarei as grandezas, mas prostrarei sempre de mãos postas e alma aflita.

Meu estômago rejeita, nessa paisagem, o egoísmo. Meus pés temem esta areia movediça. Por isso, quer asas, quer voo, coragem, certeza, caminhos certos, vestes claras, sonhos brancos, quer partida desse mundo de falsos santos. Como suportar meu ser condenado, sob esses céus de enganos, de desamor, de lutos e desejos insanos? O que todos são? Ilusão, reflexo, sombra ou um projeto humano? Se verdes virão, não creio. O desgosto de agora aperta o seio. Só me resta a consciência do que será de mim: que haverá um tempo, um dia, uma hora, que será exclusivo o tempo do meu fim.


Caxias - MA, 29 de julho de 2015.

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domingo, 26 de julho de 2015

PENSAMENTOS VICIOSOS

PENSAMENTOS VICIOSOS
Elany Morais

Tenho uma incompetência absurda para os mistérios e incertezas da vida. Minha crença é única, fechada, talvez trágica, ou mesmo desesperançosa. Assalta-me a ideia de que partirei a qualquer momento, sem sequer arrumar as malas. Isso deve ser minha capacidade de viver no vácuo. Nesses instantes, tento engolir o medo. Lanço mão de tintas e pincel, na tentativa de colorir a vida com outras matizes.

Dou vazão ao projeto de por os pés em solo firme, mas logo a razão me grita em alto som de que a realidade não condiz com o que penso ou imagino.  Confesso que - se eu pudesse- decretaria vida eterna para mim, mesmo que fosse para  apenas para sentir o entardecer e suas nuances ou para me deleitar com as sonoridades amenas dos pássaros, elas me consolam.

Às vezes, sinto a vida como uma casa fechada, sem janelas nem saídas. Tento, nela, equilibrar-me. Mas tudo é em vão. Quando penso que estou a me construir em silêncio, o meu pensar vicioso e rebelde joga-me  na desorganização. Outras vezes, convenço-me a me reordenar. Persuado-me de que estou apenas a atravessar um ciclo...

 Muitas vezes, as circunstâncias me propiciam coragem para desafiar a realidade imutável, rebelo-me contra o impossível, mas a vida dessa coragem é breve, porque minha esperança é mortal e a fé totalmente abalável. Por mais que meu coração reclame repouso, não dou trégua para ele. É o pensamento vicioso. Ora, resigno-me com o impossível, com o imutável, por não ter nenhuma resposta para minhas indagações, restando, apenas como remédio, a cação do momento.

E assim, fico a me consumir nos dias, nas horas... A perceber que, além de tudo isso, o tempo não é nem um pouco generoso. Então, prostro-me a la Raul Seixas: " sentada no apartamento, esperando a morte chegar."


Caxias - MA, 26 de julho de 2015.

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sábado, 25 de julho de 2015

FIM

FIM
Elany Morais

Meu amor, na repetição das horas,
gastamos tudo: os beijos já não
têm o mesmo sabor,as palavras,
soltamos todas pela casa, o brilho
dos olhos se perdeu na escuridão,
os abraços já não são os mesmos,
as pernas se dispersaram, só resta,
agora, a voz que ecoa, na mais
profunda solidão.

O sal dos olhos desbotaram as
cores, os lençóis perderam seu
perfume, a canção tornou-se
um enfado, baniu, com a lua, o
nosso canto, o espelho perdeu
suas visitas, e tudo para nós
perdeu o encanto.


Caxias- MA, 24 de julho de 2015.

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

RENEGADA

RENEGADA
Elany Morais

Abadona-te e morre, disse alguém,
Acorrentada, foste tu, pelo mal,
Não serás para essa terra algum sal
És agora para todos um desdém!!!

Abandona-te, nada para ti nunca vem,
Jamais terá um espírito imortal,
Esquece o que foi para ti um ideal,
Teu socorro não virá de ninguém.

Por mais que a Deus tu clamas,
Não saberás o propósito dele,
Para, fixa-te, põe-te a pensar...

Quem nesse mundo ainda te ama,
O que tu és ou foste para Ele...
Só te resta nesse momento é chorar.


Caxias- MA, 24 de julho de 2015.

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terça-feira, 21 de julho de 2015

SOMOS UNS ASSUSTADOS

SOMOS UNS ASSUSTADOS
Elany Morais

Nenhum debate é necessário quando se trata de amar, como também, ninguém deveria atrever-se a criar regras para o amor. Ao contrário, as mãos devem estar entrelaçadas. Para que perder nosso referencial de vida? Não foi para o amor que fomos concebidos e projetados? Por que não alardearmos a força motriz da nossa existência? Por que não aplaudi-la? Cortar os nós e as algemas que a prendem?

Os criativos para a morte criam normas para amar. Isso deve ser medo de viver. Por incrível que pareça, há quem tema viver. Como existem medos absurdos, esse é um deles. Parece que a maioria das pessoas estão contra si. É violência aqui, é violência ali... Talvez para muitos, é difícil, para o amor, dizer sim.

 Se o amor prendesse nossos corpos, não andaríamos pelas ruas, na incerteza da saída e da chegada. Os caminhos seriam livres a se percorrer. Mas não, as pessoas enjaulam o peito, e o amor voa para outras paragens, em busca de pouso firme e seguro. Por isso, vivemos gastando tempo sendo uns assustados. Há tanto desperdício de vida! Energia é desprendida na limitação do amor. Eu me horrorizo! Mas se me calo, na maioria das vezes, não é por falta do que dizer.


Caxias- MA, 21 de julho de 2015.

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domingo, 19 de julho de 2015

A VIDA É COMPLEXA? EIS A QUESTÃO!

A VIDA É COMPLEXA? EIS A QUESTÃO!
Elany Morais

Não sei se a vida é complicada. Talvez não seja, ou seja mesmo. Mas o fato é que ela se apresenta, na maioria das vezes, de forma bastante complexa. E como isso sendo pouco, a fertilidade e a criatividade de muitos têm contribuído consideravelmente, no sentido de emaranhá-la ainda mais.

A vida poderia  ser simples e poética. Contudo, isso só seria possível, se as pessoas se desfizessem ou se não se enlaçassem em fios  e nós fúteis ou inúteis. Se os elementos que integram a vida não fossem distorcidos, torcidos e enrolados, não haveria como tropeçarmos nas linhas que a compõem. Muitos não sentiram repulsa por ela, a ponto de, dela, se retirarem, sem ao menos dizer por que partiu.

Para que jogar grãos de areia em praia cheia? A complexidade humana escapa pelos dedos. Difícil é viver claro, franco e direto. Por que fazer do belo o feio? O que justificaria a existência do espelho? Pode perfeitamente não existir um olhar lânguido, pele ressequida e cansada do que nunca houve nem haverá de ser, por trás dele. Usar poupança para investir vida é saber viver. Nada de delírios! Em cada caminhar, pode, sim, tornar-se dança, de passos soltos e livres. O que faz a vida ser perigosa  e complicada é, simplesmente, não saber viver.


Caxias - MA, 19 de julho de 2015.

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sábado, 18 de julho de 2015

TEU OLHAR

TEU OLHAR
Elany Morais

Teu olhar quase céu, quase mar...
É assim: azul, calmo, sereno, como
água ao sol, sem os espinhos do 
destino que os levam, por fim, o rio
a secar!!

De que são feitos esses olhos?
Serão de nuvens aniladas?
Ou de mares dispersos, sem ordem,
sem tempo, ou hora de chegada?
Teu olhar em mim é veludo!
Aquieta-me em silêncio, como
folhagem exposta ao sol, mas
revira-me toda, como pássaros
livres, em pleno arrebol!

Caxias- Ma, 18 de julho de 2015.

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segunda-feira, 13 de julho de 2015

CRESCER

CRESCER
Elany Morais

Apequenar-se por dentro dói. Crescer por fora e perder-se por dentro é perigoso.  Saber por fora, fica-se torto, flácido, fugaz e roto.
Sendo grande interiormente, pode-se criar um avião, seja de papel, de meia ou de sabão. Saber demais por fora é fino e frágil, é quase em vão. 

Viver para fora são águas geladas. O Eu não se pertence. As raízes não crescem. Tudo fica solto, fácil e frouxo.  As estrelas apagam-se. O viver, de fato, não se realiza. Não haverá mergulho na compreensão do que deve ser viver mesmo. As partes de si sempre ficarão soltas pelos caminhos a fora. Costurar por fora é viver desconfortável por dentro. As pontas apertarão. Perder-se por dentro é incômodo. É nefasto. É trágico. É não ser. É a morte chegando antes de ser. É ser morto antes mesmo de morrer. Assombrar-se á sempre com os próprios fantasmas. Crescer somente por fora é armadilhar-se, enquanto que crescer para dentro é um dever, um afazer e um prazer consigo mesmo. Crescer interiormente traz entusiamo límpido, doce e claro.


Se nossas raízes fincam-se em nós, viveremos efetivamente, e não cumpriremos nenhum destino. O azar será apenas uma palavra sem abstração real. Teremos fome de nós, de sucesso interno, substanciaremos o amor com toda sorte de alimentos. Romperemos todas as muralhas, rasgaremos o véu com extrema criatividade. Crescer por dentro não é fácil, é exigente, mas é justo, é duro na borda, porém doce no fundo.

CAXIAS-MA, 13 DE JULHO DE 2015.

domingo, 12 de julho de 2015

EDUCAÇÃO BRASILEIRA


EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Elany Morais

Não se pode negar que a qualidade do ensino jamais estará dissociada dos direitos dos educadores, portanto, cabe a todos nós, que exercemos o magistério, defendermos nossa ocupação, nossa dignidade, reivindicarmos melhores condições de trabalho, além de salários compatíveis com a responsabilidade social do educador.

Ouve-se constantemente o seguinte coro: " a educação no Brasil vai de mal a pior." Infelizmente isso é verídico, e até agora nunca se viu um movimento no sentido de mudar os rumos dessa realidade. Fatos comprováveis disso são: o professor ganha mal e, para ter um salário melhor, ministra aulas em várias escolas ao mesmo tempo, a trabalhar nos turnos diurno e noturno. Na maioria das vezes, a administração escolar estar sempre a corresponder a interesses dos governantes, a deixar, em segundo plano, as necessidades dos docentes e discentes. Os investimentos públicos na educação são insuficientes para atender, com qualidade, as necessidades educacionais.  Não existem sistemas eficientes de aperfeiçoamento, capacitação e educação continuada para professores, dessa forma, é possível afirmar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens, pelo menos, para a compreensão de textos simples e elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas....

Associado a isso tudo tem o descomprometimento da família com a educação escolar dos filhos. Vê-se que maioria dos pais não participam da vida escolar dos seus filhos, delegando toda responsabilidade à escola, sendo que o não podem simplesmente terceirizar para as escolas essa incumbência. Infelizmente, muitos cuidadores ou genitores não compreendem que a educação dos filhos se baseia no aprendizado dos exemplos dados por eles. 

Diante dessa situação, só resta a quem tem o desejo de ver mudanças positivas na sociedade, movimentar-se, reivindicar, realizar o que lhe cabe, cumprir seus deveres e exigir seus direitos, e nunca  deitar de braços cruzados, a acomodar-se no eterno faz-de-conta.

Caxias –MA, 12 de julho de 2015;      

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O TEMPO DA ESCOLA

O TEMPO DA ESCOLA
Elany Morais

Para as crianças, passa lento o tempo da escola. As esperas são infinitas, e as matérias são monótonas. Julgam pesada a perca de tempo, fazendo da hora de saída, o momento mais esperado. As ruas cintilam em suas cabeças. Tudo lá fora vira mágica. A escola aos seus olhos é cinza. Que incompatibilidade! Pois as crianças são tão diferentes, elas são todas coloridas. Por que não querer voar para longe dos portões escolares? É lá onde ecoa um medo surdo, a linguagem é seca, sem vida, sem aquele gosto de abraço apertado, sem cheiro de mãe nem os vestígios dos brinquedos largados.
As crianças sabem que é preciso deixar a fantasia reinar para o tempo da escola suportar. E, arrisco-me a dizer que estar submerso na fantasia é viver a realidade de forma mais justa, mais coerente, mais honesta possível.
Como se encaixar tanta abstração na cabeça de quem só quer sentir o gosto da vida que se inicia? A vida para as crianças é novidade, é descoberta... Precisam de mãos e pés soltos, precisam de respostas, pois as perguntas já lhes pertencem. Para que entender símbolos se ainda não se sabe viver? A simbologia máxima pode ser o existir, o sentir que dá gosto de nesse mundo permanecer.
Faz-se necessário desenvolver nos iniciantes dessa nau o desejo de se preservar, de querer ser, de se querer, de querer ficar, de querer crescer, de querer amar-se e, consequentemente, amar os outros.
Ah! Esse tempo da escola passa lento, devagar... Tudo flui numa morosidade. É na escola que se encobre o natural, é onde se diz que meus nós estão frouxos. É lá onde se amara, onde se cala o que de fato se sente ou pensa. Os grandes portões dão o recado: “aqui pés soltos serão amarrados.” E por que não dizer que também amarra o coração?


Caxias- MA, 07 de julho de 2015.

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segunda-feira, 6 de julho de 2015

VIVER

VIVER
Elany Morais

Viver é um gesto solitário
e corajoso, às vezes, indelicado
e, quase sempre, perigoso.

Viver é um gesto que se faz
em muitas dobras, ou uma
porta de múltiplas fechaduras
onde apenas uma chave sobra!


Viver é um gesto de esperança,
em que a espera se nunca acaba
e o projeto nunca se alcança.

Caxias - MA, 06 de julho de 2015.

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domingo, 5 de julho de 2015

QUE EU ME CEDA

QUE EU ME CEDA
Elany Morais

Que eu não me desfaça em pó
quando o outro me solta!
Que  eu me agarre na corda
que nunca me cobra!
Que meu consolo esteja
na minha poesia,
Que ela seja a porta
que me traga alegria!

Que meus desgostos sejam
Curtos!
Que a justiça não me seja
Negada!
Que eu me vele e me preserve!
Que eu me seja eu
Que meu eu não seja teu!

Que eu me olhe como única!
Que eu  não pise sobre o fraco

Que não caía no buraco
Que eu me cubra com a túnica!


Caxias- MA, 05 de julho de 2015.

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sábado, 4 de julho de 2015

MAJU

MAJU
Elany Morais
A população do Brasil hoje é formada por mais de uma etnia e, Ignorância é acreditar em superioridade de raças em comparação as outras, pois características biológicas ou qualquer outra não é fator determinante para dizer se um indivíduo é superior ou não, pois não existe superioridade. O episódio ocorrido com Maju só confirma que o Brasil ainda não se desvencilhou das amarras do passado. É preciso que as pessoas se conscientizam de que somos todos iguais em direitos, pois nossa condição de existência não se diferencia, todos chegamos e partimos desse mundo da mesma forma. Todos nascemos dotado de razão e consciência.Todos iguais somos no amor e na dor, na bondade e na maldade, na mentira e na verdade. Todos somos parte de um todo, compomos o universo. Somos a humanidade. Vivemos a expressão de efemeridade.
Diante de tudo isso, deve-se afirmar que o preconceito deve ser repudiado, porque este está diretamente relacionado à intolerância e esta não nos permite aceitar as diferenças, sejam elas raciais, culturais, sociais ou de qualquer natureza. Estas mesmas diferenças criam diversidades que proporcionam o nosso crescimento cultural, na música, na dança, no esporte, na literatura e em diversas outras áreas, se tornando uma importante ferramenta na busca por uma sociedade melhor.
Caxias - MA, 04 de julho de 2015.