Sou educadora e escritora

segunda-feira, 31 de março de 2014

AS INCOERÊNCIAS DA LÍNGUA

INCOERÊNCIAS DA LÍNGUA
Elany Morais

Ignóbil, traiçoeira e vil é a língua com fúria,
Revela pecados mortais, conta e braveja,
Condena o obscuro alheio e sua peleja,
Sobrando apenas secura e injúria.

Profere delícias, dores, angústias e luxúria,
Canta mortes, partidas e sonho que almeja,
Fala de mares e barcos que nunca veleja
E destila belezas, tristezas, mágoas e feiúra.

Caxias - MA, 31 de março de 2014.
 
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domingo, 30 de março de 2014

LAMENTO

LAMENTO
Elany Morais
 
Nesse ignóbil mundo, sinto-me perdida,
Nessas vilezas, como encontrar um norte? 
Se no sopro do vento, vier uma larga sorte,
O pesar se abrandará dessa alma dolorida.

Nas costas, carrego luz, mas quase esmaecida,
Foi isso que a vida me impingiu de forma forte,
A fazer de todos os meus passos rumo à morte,
A tornar-me, nesse mundo uma alma esvanecida.
 
Se lamento ou choro a triste sina, ninguém vê,
Porque  não há quem almeje conhecer meu ser,
Se me esquivo desse mundo existe um porquê...
 
Tudo que desejei para essa vida alguém sonhou,
Mas não venceu esse vil mundo para poder ver,
Agora só me resta plantar o que ninguém plantou.
 
Caxias - MA, 30 de março de 2014.
 
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sábado, 29 de março de 2014

LEMBRANÇAS DE MIM

 
LEMRANÇAS DE MIM

Elany Morais

Se me ponho a  lembrar de outras eras
Em que nunca brinquei nem fui querida,
Sinto que eu habitava em outras esferas,
Por me terem tirado a forma dessa vida.

Nesse mundo, minha dignidade era ferida,
Os olhos não podiam ver nem a primavera,
Minha vida era desbotada  e muito severa,
Eu vivia num total abandono e esquecida.

Hoje fico a lembrar com o pensamento vago,
Se nos meus empurrões, eu escapei do lago,
Ou se sentei e chorei à sombra do marfim...

Mas me recordo da lágrima quente e calma
Que ninguém a via brotar de dentro da alma
Nem percebia que por um fio era quase o fim.

Caxias - MA, 29 de março de 2014.

Todos os direitos são reservados a Elany Morais

QUEM SOMOS NÓS?

QUEM SOMOS NÓS?
Elany Morais

Não sei se somos um povo imbecilizado ou um povo muito bom. Não sei se somos incapazes de rangeros dentes diante de uma burguesia altamente corrupta ou se somos burro de carga mesmo. Parece-me que quase ninguém quer saber para aonde vamos ou donde viemos. A todo momento, é uma extraordinária exibição de vergonhas, de roubos elitizados e toda sorte de infâmia.

Se digo que é um povo bom, faz-se necessário pensar no conceito de bondade. Vê-se o desfile de miséria e morte à frente de hospitais, o silêncio ecoa, e a lógica se destoa. É futebol, o estádio lota, o grito voa, e a alegria é totalmente à toa.

Os gritos de fome, de dores, a indiferença zomba, o amor tomba, o horror exala seu cheiro, alimenta-se das dores e até as mãos ressequidas passam despercebidas e despetalam as flores.

Poucos corações ainda se enchem de dó, para aqueles que o dinheiro é tudo do tudo, enganam os ignorantes pobres através de uma esmola em troca de voto.

Onde está a coragem e bondade? Se liga a tv, só se vê sacanagem. Ensina roubar, desamar e praticar a toda sorte ladroagem. É tanto desamor que agora me faltou a coragem de falar de tanto horror.

Caxias - MA, 28 de março de 2014.
Todos os direitos reservados a e Elany Morais

AS DORES DE D. DOLORES

 
AS DORES DE D. DOLORES

Elany Morais

D. Dolores vivia sozinha com suas dores,
Na vida de D. Dolores, tu verás a solidão
Se lá tu fores!

O que se passava com D. Dolores?
Não sei se vivia de mágoa ou de
Velhos rancores.

Muitos dizem que D. Dolores
Foi refém mulher de muitos
Senhores.

D. Dolores, quando jovem foi
Motivo, em sua cidade,
De muitos rumores.

Hoje vive sozinha, com suas dores,
Amparada apenas por seu jardim
Coberto de flores.

Caxias - MA, 28 de março de 2014.
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sexta-feira, 28 de março de 2014

RENASCIMENTO ANÍMICO


Elany Morais


Fui crescendo, no silêncio da dor. Minha esperança florescia na minha memória, a cada dia. O tempo me devorava, sim, mas com a cautela devida. Minha força seguia a se desfragilizar e eu ensaiava uma nova melodia da vida. Colecionar novas pedras de novo? Jamais.

Vou indo rumo a doce colheita de flores, pronta para tomar posse da parte que me cabe nessa existência. Aos poucos, fui sacudindo a lama que impedia minha ascensão, pacientemente, eu acendi a luz que  havia se perdido na escuridão.

Quero assistir  à última  festa, de alma serena, pois minha alma está em crescimento e nenhuma amargura será mais a minha algema. Estou a plantar paz, sem as mudanças eu entender, mas estou a espera de chuva para fazê-la  nascer.

Como raiz da terra regada por água corrente, seguirei nascendo e crescendo, à despeito das dores que brotam na gente.
Caxias - MA, 28 de março de 2014.
 
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SÚPLICA

SÚPLICA
Elany Morais

Chega mais perto de mim. Sinta minha inquietação. Meu espírito anseia por muito, ou por coisa nenhuma. Aperta-me contra ti. Meus beijos querem nascer de tua boca. Meu corpo procura tuas mãos. Escuta! Não me deixa a remar, nas ondas da solidão. 

Agarra-me. Pois um grão de ti, faz muito de mim. Leva-me contigo, se me levares aonde fores, não sentirei mal nem dores. Ampara-me, não queira me abandonar, pois estou como um navio preste a naufragar. Quero-te perto de mim, venha comigo, vamos nos aquietarmos como as águas mansas do mar.

Meus dedos vagueiam em busca de tua pele, eis o que busco desde o princípio. Quero-te para mim, creias que meu querer por ti jamais terá um fim. Sei que minha súplica ditosa terá  dia feliz porque terei-te comigo, pois isso foi o que eu sempre quis.

Caxias - MA, 28 de março de 2014.
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TEMPO PRESENTE

TEMPO PRESENTE
Elany Morais

Estou aqui. Depois de hoje não sei para aonde vou. O destino de amanhã pode ser um absurdo ou um simples eco do lamento de ontem. Por isso, preciso viver o agora, nesse mistério, que o chamo de vida, e como el...a insiste em oculta seus enigmas, não me lançarei no impossível.

Ainda estou aqui. Meu hoje não será desperdiçado. Se amanhã eu não ouvir uma doce melodia, jamais apagarei da memória o bem desse dia. Não abrirei meus dedos, nesse momento presente, para que o tempo não me fuja, assim ficarei repleta de tudo de bom que minha alma agora sente.

Caxias - MA, 28 de março de 2014.
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quarta-feira, 26 de março de 2014

O ABANDONO DA VERDADE

O ABANDONO DA VERDADE
Elany Morais

Todos querem a Verdade. Onde ela está? Ela é esquiva? Não, ela sofre de extremo abandono. Rejeitam-na, fogem dela. Muitos proclamam-na como um bem necessário, mas não a utilizam.
Os aprendizes da vida, desde a mais tenra idade, aprendem a se desfazerem dela, a renega-la, a teme-la, a empurra-la para embaixo do tapete. Entendem que abraçar a verdade é caminhar por veredas espinhosas. É perder até mesmo que não lhes pertence.

Que incoerência! Todos anseiam por amor, dizem amar perdidamente, porém a verdade lhes falta. Como é amar sem verdade, já que a verdade é amor? Assim, é preciso que esta renegada( a verdade) seja organizada na sensibilidade de muitos mentirosos.

Desejar a verdade hoje pode ser a coisa mais poética do mundo, mas arrisco a dizer que só a poesia salvará a humanidade, pois o amor é o único sentimento responsável pela preservação do ser humano nesse universo, e o amor é verdade.

E agora como aprender a criar laços com a verdade? Pois quase tudo que temos é uma mentira. Em muitos casos, a família é uma mentira, a escola é uma mentira, a igreja é uma mentira, a política é uma mentira, portanto, nossa sociedade é mentirosa.

Todos querem justiça, se temos uma sociedade mentirosa, como se pode viver com justiça, pois a verdade é justiça e justiça é verdade. E como não dizer que ela, a verdade, é o injustificável sentindo do equilíbrio da mente humana, sem ela, logo, tem-se o desequilíbrio.

Muitos fatos me fazem acreditar que o mundo está em ruína, se não estou enganada, isso se deve ao descaso com a Verdade, pois Franz Kafka disse que: A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruína-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.

Caxias - MA, 26 de março de 2014.
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terça-feira, 25 de março de 2014

O RETORNO

O RETORNO
Elany Morais

Arruma tuas malas e traça teus caminhos no íntimo do meu ser. Todas as portas abertas estão para tua passagem. Não se apiede do tempo para que não percas o bonde de tua viagem. A casa está pronta, à espera de tua chegada. Carrega os teus passos sem muita demora. Se o vão se fecha, minha alma implora, e sem pudor, verá que ela chora.

Se alguma pedra embargar tua passagem, quebre os guilhões em toda e qualquer paragem. Apresse sem perder teu último bilhete de destino, pois o tempo não te dará reservas em meu coração, pois que muito tu partistes a me deixar nesta fria solidão.

Caxias - MA, 25 de março de 2014
 
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DEFINIÇÃO DO AMOR

AMOR
Elany Morais

É neve ardente, brasa gélida,
é chaga que aguilhoa e não percebe,
é um almejado bem, é o ilegal presente,
é uma paz efêmera atordoada,
é a quietude carente  de cuidado,
é o medroso com vestes de valente,
abandonado vagando entre as gentes,
essa é a sina do amante e do amado.
 
Caxias -MA, 25 de março de 2014.
 
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QUEM ME TOCOU?

QUEM ME TOCOU?
Elany Morais

Quem me tocou?

Foi a mão que não me embalou,
As palavras que regaram meu jardim
de enganos,
A voz que manchou meu sonho puro
E o coração que nunca me amou.

Quem me tocou?

Foi quem não quis minha vida,
O grito que desfigurou minha imagem,
A indiferença que me jogou no vale
Aberto
E quem me abriu uma ferida.

Quem me tocou?

Foi quem me deu sofrimento sem fim,
O descaso que murchou minha flor,
Foi quem devia proteção a mim
E que jamais  me devolveu o amor!

Caxias - MA, 25 de março de 2014.

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segunda-feira, 24 de março de 2014

IMORTAL


Elany Morais

Não posso deixar o amor morrer no peito
Mesmo que a dor rasgue a garganta,
Ainda que as pernas ardam em chama,
E que vive-lo não tenha jeito.

Não posso do amor me esconder
Ainda que seja uma faca de dois gumes,
Mesmo que nos meus olhos haja o óbvio
E que traga em meu destino o padecer.

Não posso o amor tirar do coração,
Mesmo que faça o peito sangrar,
Que eu viva na desolação
E que de sofrer não vou parar.

Caxias - MA, de março de 2014.

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JUNTO A MIM


 
Elany Morais

Estou à beira de nós.
Tu não desaparecerás no sonho
Do meu sono....
Estarás na música que toco,
Nos versos que faço,
E nas incertezas que desfaço!

Tu estarás em mim,
Pois haverá luz para iluminar
A escuridão do meu esquecimento!

Estou à beira de mim.
Nunca a indiferença te tomará a mão.
Tu estarás comigo,
Para nós não haverá
Solidão!
Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 23 de março de 2014

RECOMEÇAR DE NOVO

RECOMEÇAR DE NOVO
Elany Morais

Ainda me resta tempo para um recomeço? No silêncio das horas, sinto renascer meu gosto de luta e combate. Um combate apenas aqui dentro. Primeiro, faz-me necessário arrumar o interior da casa, dessa forma, começo jogando calma em cima de meu rumor obscuro que aflige minha alma. Se ainda há caminhos para o recomeço, estou a postos, limpando manchas teimosas. Cortando ervas daninhas que nasceram pelo meu descuido.

Reaprender é preciso para continuar a navegar nesse mar da vida. Construir-me-ão com peças falsas, com "verdades" mentirosas. Quiseram fazer de mim escrava de mim mesma. Mas refazer-me é possível. Na paciência e no aconchego, vou remendando-me, eliminando os espinhos que perfura o espírito insipiente dessa alma que quase deixou de ser vivente.

Se me permite o renovar, vou polindo-me. Desfazendo dos enganos que me fizeram acreditar. Agora sei que nasci para cear com a felicidade e, não para seguir estradas que o outro insiste em me apontar.

Refazendo-me estou, na paciência. Pois tentaram fazer-me demente, porém minha teimosia faz de mim aguerrida na luta para  quebrar todas as correntes e tornar-me livre de corpo, alma e mente. Quero liberdade, esta  que o destino quis tirar de mim, mas , dentro de mim, flutua a serenidade.

Faço-me acreditar: ainda posso recomeçar.

Caxias - MA, 23 de março de 2014.

 
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sábado, 22 de março de 2014

INVEJA DEMENTE

INVEJA DEMENTE
Elany Morais

Assumas tua contenda, corvo que suja vitórias esplendorosas. Tu andas a vagar sem muito com que se ocupar, desejas ser uma grande estrela, mas és a vileza do sucesso alheio. Por que andas a procurar caminhos tortuosos para revelar as tuas falhas? Tu não me enganas. Aproprias-se dos erros alheios para mostrar quem tu és. Tu és a vileza que flecha a vitória do teu próximo. Tu não te alegras com a felicidade que não te pertences. Teus olhos brilham para a ganância. Vocês são íntimas. Tu és mestre em números que servem apenas para contar os pertences do outro.

Quanto desejos tu tens! Deseja sutilmente ser o espírito que não te competes. Vejo que foste abandonada pela sinceridade. Por que te enganas? Sabes que de ti jamais o amor emana! Mostras rosto alegre com coração triste e envenenado. És pano com tinta indesejada. Tu não te contentas com a luz que foi te dada, por isso, põe-se a apagar as luzes que brilham fora de ti. Por que não dás honras a quem merece? Isso é pesado? Veja! Escuta! Tu queres muito. Quem muito pede, nada receberá. Tua vontade te comanda. Onde está tua razão? Virou cinza? Assim, jogaste tua alma fora, resta-te apenas um corpo morto mendigando os olhos dos outros. Volta-te para o bem que à sete chaves habita em ti.

Caxias - MA, 22 de março de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

COSENDO A ALMA

COSENDO A ALMA
Elany Morais

Perdidos estavam meus pedaços.

 Como surda não ouvi tu chegares. Ou tu vieste com passos mudos? Com o coração cheio de tudo, tu disponibilizaste tuas mãos para juntarem meus retalhos espalhados  que a vida cismou em me desconjuntar. Tu vens a percorrer os túneis de minha sombra, abrindo frestas, a fim de  que um raio de luz a venha iluminar.

Não duvido. Teus movimentos na minha direção cheiram amor. Tu vens a tomar  as partes de minha alma e, como peças de um quebra cabeça, tem montado, com precisão e perfeição, devolvendo-me de forma inteira. Cosendo meu ser, tem sido o teu feito, desfazendo aquilo, por despeito,  a vida fragmentou.

Caxias - MA, 22 de março de 2014.

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sexta-feira, 21 de março de 2014

MEDO

 
MEDO

 Elany Morais

Tu és o muro impiedoso, lâmina afiada que corta o voo da liberdade. És o animador das almas modernas. 
Não sei se fazes bem, mas deverias me ignorar. A cada despedida solar, tu chegas sorrateiramente, a suprimir a paz que deveria não sair da gente. Chegas fechando portas que nem a lua se fosse torta penetraria a pequenas frestas que poderia me salvar dessa infinita agonia.

Que possessão! Tu trancafias mentes e corpos no teu vão que só leva ao desânimo e solidão. Não te satisfaz ver a covardia daqueles que  não se erguem, nesse mundo de lutas que os persegue? Chega de acorrentar espíritos incapazes de se rebelarem, para segurem viagem nos caminhos que os dão passagem.

Caxias - MA, 21 de março de 2014.
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quinta-feira, 20 de março de 2014

A BELEZA FEMININA

A BELEZA FEMININA
Elany Morais

A beleza feminina não é parcial.
Tem a exímia elegância de Botticelli,...
Mas um Marcel Duchamp, de repente
Pode desfigurar seu ideal!

Seu corpo me lembra a Vênus bela!
Sua face é por demais angelical
Que Rafael pincelou em sua tela
Transfigurando-a num mundo irreal!

Caxias - MA, 20 de março de 2014
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

A BELEZA DELA

A BELEZA DELA 
Elany Morais

A beleza dela,
como no amanhecer do dia, a flor
aflora, num espasmo sem espuma
assim é o que vejo
nela.

A beleza dela,
está nas delicadas mãos e nos pequenos pés
como a garça graciosa
desfilando nas pétalas de rosa
assim é o que vejo na beleza
dela.

Caxias - MA, 20 de março de 2014.
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quarta-feira, 19 de março de 2014

DAS IMUNDÍCES

DAS IMUNDÍCES
Elany Morais

Do lamaçal da podridão, vem a forma obscura humana!
Consigo, carrega o sangue dos "incruéis vencidos, a cantar
No peito um falso amor que aos insipientes engana!...

Não, não é a desgraça schopenhauereana! Muitas células
Vêm de um obscuro letreiro de onde o amor jamais emana!

Sem essa de belos versos sobre lagos, pássaros e maresia,
Por que jogar para embaixo do tapete, a face da hipocrisia?

Vejo tudo: morte sem pesar, decência fugindo pelo ralo...
E debaixo de teu palácio é sepultado um infeliz agregado!

Se a náusea e o enfastiamento viessem por toda essa podridão,
Será que haveria tantas imundices nesse mar de corrupção?
Todos os direitos reservados a Elany Morais

DUALIDADE

DUALIDADE
Elany Morais

Nem tudo  é agonia,
Há um certo prazer,
Em cada nascer do dia!

De desgostos não me safo,
Mas fico atenta ao prazer
Que sinto no cantar do pássaro!

Nesse eterno vai -e- vem,
Sem um íntimo prazer,
Não há sentido na vida de ninguém!

Viver somente de alegria?
Há também  o desprazer,
Com dosagens de agonia!

Nessa vida nada permanece,
Se o prazer chega,
Logo a tristeza aparece!

Como se equilibrar nessa gangorra?
Todos se viciam no prazer,
E sem ele é provável que se morra!!

Caxias- MA, 19 de março de 2014.

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terça-feira, 18 de março de 2014

O CANTO DO PASSARINHO


    
  Elany Morais

Emudeceu o canto,
Murchou a flor,
Calou o pranto...
No canto do beija-flor!

Chegou a noite,
Silenciou o canto,
Findou o açoite,
Calou-se o pranto!

Ficou baixinho,
Nem ouviu a flor,
Sem passarinho,
Nem canto de beija-flor!

Caxias - MA, 18 de março de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


SOLIDÃO

Elany Morais

A disposição, corta,
Olhos lançados ao chão,
Não se vê frestas na porta,...
Assim, é o estado de solidão!

Beleza no Sol já não há,
Vendada fica a visão,
Nem mesmo a onda do mar
Carrega a tal solidão!

Imperfeita parece a Lua,
Prazer já não há na canção,
O espírito jamais flutua,
Com o peso da solidão!

Caxias- MA, 18 de março de 2014


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HOJE

 
Elany Morais

Estou a escutar meu silêncio. Ele está quieto, fino, doce, maduro... Está um dia de sol. Mas este dia não é grande. Ele é comprimido. Hoje, peço licença para não pensar. Não quero pensar para não espantar meu silêncio. Este assiste de perto a minha tomada de posse. Estou a me apoderar de mim mesma. Psiu! Não me interrompa. Estou ocupada, não com pensamentos, mas comigo. Se penso, não vejo meu escapar. Estou de vigília. Estou a fechar a porta para o que me invade. 

Escuta, quero só olhar o sol antes que anoiteça. Mas olha-lo apenas pela janela. Lá fora, há espinhos. Hoje meus pés estão sarados, sair do meu campo é sacrilégio. Preciso ser hospitaleira com minha coragem, pois ela não é residente, na minha displicência, ela arruma as malas e parte. Visitante precisa de honrarias. Posso cuidar do que é meu? Então, cuide de suas vozes, deixe-me no meu silêncio.

Hoje não quero me aborrecer. É dia de sol. Estou a cortar as grandes arestas. Hoje deixo passar o barulho de minhas vozes, as alheias também. Pense. Não, não, não pense. Se pensar tumultuará a vida própria e a alheia. Então, escute. É dia de paz. Paz longa, ela é forasteira, mas estou a cativa-la. Se não sabe fazer o mesmo, escute o silêncio que vem de dentro.

Só por hoje, não quero ser para mim insuportável. Estou a crescer. Posso ouvir bem baixinho, por isso, abafe seus ruídos, estou à espreita de mim. Com laços a postos. O dia findará. Quando a noite chegar, quero estar madura, serena e pura. Pare! Penso que ouço, não, não penso, meus pensos não são. Estou a ouvir o vento, não é vento, é tempestade, mas não ouvirei porque estou ocupada com meu silêncio que me faz feliz.

Caxias- MA, 11 de março de 2014.


domingo, 16 de março de 2014

AS DUAS MARIAS


 Elany Morais

Com risos leves, as duas Marias
Contam com uma mansa leveza
As suas histórias de todo dia!...

De largo e sensível coração
As duas Marias lutam como for
A carregar nos lábios uma canção
Para superar o que lhe causa dor!

Vibram, lutam e vivem o torpor.
São unidas pela mesma nota,
De almas laçadas pelo amor,
A conduzir para mesma porta.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


PROTEÇÃO NATURA

 
PROTEÇÃO NATURA

Elany Morais

Gotas de orvalho da manhã

Esperança traz aos olhos
De uma vida ilícita e pagã!

Folhas soltas ao vento
Levam sem limite
As desordem do pensamento!

Assim, a Natureza quer
Nossa alma livre das dores
Nem a remar contra a maré.

Caxias- MA, 16 de março de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

LIÇÃO

 
LIÇÃO

Elany Morais

Lançaste teus laços em minha direção,

sem escudo, tornei-me presa fácil desse teu sádico coração.
 Milhas e milhas andei,
mas dos teus falsos encantos jamais me livrei.
 Correr dessa terrível maldição é meu destino,
 porém o que a vida me prega não é nenhum sistema de ensino.

Caxias - MA, 16 de março de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

TESTE DA VIDA

TESTE DA VIDA
Elany Morais

O tempo voa,
O sol se evade
E o tom destoa!

A noite chega,
O silêncio geme
E a dor se achega!

A pele abre,
O sangue escoa
E o peito arde!

A lágrima verte,
O lenço enxuga
E perde o teste!

A vida assim,
Nem todos vencem
E chegam ao fim!

Caxias - MA, 16 de março de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 15 de março de 2014

RAÍZES DO AMOR

RAÍZES DO AMOR
Elany Morais

É inútil meus esforços para te arrancar de dentro de mim. Tu criastes raízes em meu ser. Foi assim: quando dei por mim, havia um pequeno broto, tímido em meu coração. Sem muita atenção, ele foi crescendo, cresc...endo, desenvolvendo e tomando todos os meus espaços. Por displicência, não reguei, não alimentei, mas ele ganhou formas inimagináveis. Por incômodo, tentei mata-lo de fome e sede, ele resistiu. Alimentava-se todos os dias do doce amor que chegava sem ser convidado. Por tamanha teimosia, tentei cortá-lo, mas ele continuou ganhando forma e vitalidade, tentei arranca-lo, mas ele se solidificou no terreno do meu peito. Assim, ele se espalhou por todo o meu ser, deixando-me invadida, impotente, dando-me apenas uma alternativa: deixa-lo crescer até não poder mais e fazer, em mim, sua eterna morada. Dessa forma, digo: fica, mas não tira meu juízo.

 Caxias - MA, 11 de março de 2014.

quarta-feira, 12 de março de 2014

ALMA VAGANTE

 
Elany Morais

De vestes curtas, na noite escura,

Sem luz à vista, sem rumo certo,
Ela vagava a minha procura!

Com mãos trêmulas, de olhos fundos,
Pelos águas escuras, ela nadava,
Com muita pressa a minha procura!

De braços soltos, sem muita força,
Os pés seguiam a sombra escura,
Não desistia de andar a minha procura!

Caxias - MA, 12 de março de 2014.

 Todos os direitos reservados a Elany Morais

VAGAR

VAGAR
Elany Morais
 
Passos vacilantes,

Rumo incerto,
Palavras farsantes,
Caminho deserto!

Evasão do mundo,
Mente escura,
Domínio imundo,
Insolúvel amargura!

Casa vazia,
Fim de estrada,
Noite fria
Dor esperada!

Caxias - MA, 12 de março de 2014.

terça-feira, 11 de março de 2014

DESPEDIDA

DESPEDIDA
Elany Morais

Leva a lua que não me deste,
A cama que não coube meu amar,
Aquele pijama que nunca me despe...
E as palavras proferidas sem pensar.

Leva contigo o azul prometido,
A vermelha rosa antes de murchar,
Aos cacos desse coração partido
E essa despedida sem hora de findar!

Leva tudo que nunca foi meu
Que somente prometeste me dar
Esse jogo agora será apenas teu
Porque acabo de me retirar.

Caxias - MA, 11 de março de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

PERSISTÊNCIA

PERSISTÊNCIA
Elany Morais

Assim, eu vou cantando a todo momento a canção que me vem no pensamento. Mas muito me custa a pisar na reta linha, com aquela altivez, própria de uma rainha. E devagar, eu sigo, com um olho fechando e outro no tempo, sabendo que pouco eu fiz a contento. Ah! Memória leviana, por um curto período, descubro que ela me engana, dessa forma, ponho minha ideia na mala de que minha tímida idade ainda é nada.

E vou cantando, a todo instante, uma melodia que não é nada dançante. Vou julgando pensamentos profundos que desorientam meu vagar nesse tedioso mundo. Por que pensar que nessas cinzas há algo que a sorte inveja? Partirei num ritmo só, antes que meu andar se aleija.

E eu canto, canto e canto porque meu gozo trava, pois nessas incertezas meu querer transmuta-se uma horrenda praga. Se paro, posso até pensar, mas meu desistir é um eterno rival do meu persistente lutar.

Caxias - MA, 11 de março de 2014.
Todo os direitos reservados a Elany Morais

NÃO- ESCURO

NÃO- ESCURO
Elany Morais

Por que seguir o ritmo noturno?
Colherei luz que vem das rochas
Que servirá para qualquer turno...
Sem o limite de uma simples tocha!!

Abriu-se a chave desse momento
Para despertar a respiração densa,
Que leva o inquieto pensamento
Daquela que viver no escuro pensa!

Caxias - MA, 11 de março de 2014.

MEDO ILUSÓRIO

MEDO ILUSÓRIO
Elany Morais
 
As finezas da maldade mordem meus pulsos,

Não sei o que me guarda nem o que em mim
Nasce.
A crueldade ali, tudo inunda, na veia do medo
Que no peito passa!

Sujeição que me acorrenta é esta:
Morrer pode ser duro, a corroer uma
Mente funesta!

Caxias -MA, 11 de março de 2014.

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FÊNIX

FÊNIX
Elany Morais
 
Eis agora um silêncio adulto

Sem mágoa branda nos finos
Lábios!
Sem desgosto impudico,
 No peito
Surrado!

Sem memória tenebrosa,
Sem amor delicado.
Eis o destino da fênix:
Recua, mas seu voo
Já é sempre esperado!
 
Caxias - MA, 11 de março de 2014

sábado, 8 de março de 2014

ESSA É MINHA SINGELA HOMENAGEM ÀS MULHERES
PARABÉNS!!!

SER MULHER
Elany Morais
...
Ser mulher:
É desfazer o vinco facial e sorrir com tristeza.
É se desdobrar em mil, em uma única vez.
É fazer dos sonhos uma vida de certeza.
É criar história como sempre fez!

Caxias - MA, 08 de março de 2014

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MULHER- NÉA TAUIL

MULHER- NÉA TAUIL
Elany Morais

Esta é uma mulher valente e guerreira
Que cuida de si com responsabilidade,
É o exemplo da inteligência brasileira,...
A serviço dos outros usa a sensibilidade!

Esta mulher é doce, amiga e gentil
É de muito prazer quem tem sua amizade,
Tem alma cândida e bondade juvenil,
Suas palavras são vestidas de sinceridade!!

PARABÉNS, AMIGA, PELO NOSSO DIA!

Caxias - MA, 08 de março de 2014.
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SOLIDÃO

SOLIDÃO
Elany Morais
Veja bem o que digo: É na solidão que sinto  quem sou. Sozinha, dispo meu ser mesquinho. Na multidão, perco-me, a coerção me alcança. Enfado-me! Não me encontro nesse arranjo. Porém, se nos meus braços estou, faço o que realmente me é.

É na solidão que me proporciono o melhor de mim. Muitos dos meus passos desfizeram-se, transformaram-se em pó, em busca de uma felicidade  que fugia-me a km por hora. O tédio, a amargura estavam sempre à minha espreita. Assim, corri para mim.

Caxias - MA, 08 de março de 2014.

sexta-feira, 7 de março de 2014

INCERTEZA

 
INCERTEZA

Elany Morais

O que mais dura do que a incerteza? Como desejo humano, ela é infindável. Tem vida longa, sem doenças incapacitantes em  sua existência. Com suas garras afiadas, agarra  alma do ser incerto, errante... Dessa forma, nunca se apruma nos caminhos que se anda, pois há qualquer momento, desperta-se, pois na incerteza, de certo, não se manda.

Ela sempre chega sorrateira, a tirar toda a importância dos acontecimentos que estão por vir. O melhor que se aguarda é ou não é apenas uma suposição? E assim, a certeza nunca existe, enquanto que a incerteza da vida é sempre muito mais triste.

Diante de suposições, o que fazer com o futuro? Mas a esperança persiste. E o que importa realmente? Há que se saber, porém a incerteza insiste.

Assim, a vida passa vagarosa, sempre à espreita de um futuro, quem sabe essa chegada pode ser  mentirosa porque a incerteza traz um desejo impuro.

Caxias - MA, 07 de março de 2014.
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MULHER

 
MULHER

Elany Morais

De vinco na face, mas engolir não pode
A falsa ideia de que hoje já é respeitada.
Exerce muitas funções, mas o fel a absorve,
Ser instrumento de prazer, já está cansada.

De olhos abertos, ela sabe de sua escravatura,
Educação recebida em sua malograda infância,
Por isso sua vida é  um desenhar de amargura,
Porque o homem a prendeu na sua vil ganância.
 
Não basta à mulher ser só  idealizada na vida
Porque a linguagem nos dizem ao contrário
Pois sua missão é dobrada nessa dura lida,
Além de sofrer cruéis violências desde o berçário.

Caxias - MA, 08 de março de 2014.
 
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quinta-feira, 6 de março de 2014

LÁGRIMAS

LÁGRIMAS
Elany Morais

Nessa noite, meus amigos saltaram-me as mãos,
Minhas ruas estreitaram sobre os sonhos juvenis!
Confundido na amargura ficou meu inerte coração,
E sem destino pasmaram meus passos pueris!

O vazio desta casa engole meus tímidos gritos,
E debruço-me sobre os lenços de desejos trocados,
Em total desenganos meus olhos na vazio ficam fitos!
Com meu desimportante rímel  totalmente borrado!

Caxias - MA, 06 de março de 2014.

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quarta-feira, 5 de março de 2014

SEM RETORNO

SEM RETORNO
Elany Morais
 
E agora? O que fazer com os gritos apertados entre os dentes? O mundo é um mar noturno. Minha força é um barco de papel sobre as ondas. A justiça regente desse universo é espuma sob o vento. As sílabas se acumulam em minha boca. A impotência amarra meus pulsos. As algemas são inquebrantáveis. Tudo está a ruir. O que será de meu sangue? A incompreensão o absorve.

Nesse caos, perderam-se os sentimentos vivificadores. O amor sucumbiu-se nos desencontros. Mas encontrou seu lugar no fundo dos meus olhos, ainda não adormeceu, porque ainda vivo, em meio aos desenganos, mas ainda existo. Nesse jeito de viver, a cada passo, uma vertigem, a cada descuido, uma lágrima muda, a cada porta aberta, um violento vento.

Que cenário frio, esse mundo de agonia! Nada parece recomeçar, em todos os lugares, sinto minha dor e a dos inertes  sangrar. Os olhos ferozes não enxergam mais a luz da lua nem a beleza do mar. E eu? O que faço nessa desventura? Não tenho músculo de aço. Minhas palavras são estranguladas, pois elas não podem voar. Meus pensamentos não se conformam em ficar a ondear, sem força, sem ânimo para mudanças realizar.

Caxias - MA, 05 de março de 2014.

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CANSEI

CANSEI
Elany Morais

Chega!

Em noites frias,
Procurei-te em vão!

Levei palavras à boca
E meus pés perderam o chão!

Mesmo nos delírios do sono
Procurei-te na memória!

Percorri vales e matas
Sem esperança de vitória!

Agora me sobreveio
Que de tanta procura
Cansei!

Caxias- MA, 05 de maio de 2014.

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NOITE LENTA

NOITE LENTA
Elany Morais

Não, não, não...!!!

Era um dia apressado,
A trazer um escuro lento
Sem nenhuma rosa encarnada
Na luz do meu pensamento!!
 
Não, não, não...!!

Não tinha a boca fechada
Nem amordaçada por um lenço
Pois num instante a vida é um nada,
Mas para muitos tudo é imenso!

É, é, sim...!!

A vida é um fio inclinado
Sob a impiedade do vento
Minha alma vive amargurada
Ao ouvir tantos lamentos!

Caxias - MA, 05 de março de 2014.


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terça-feira, 4 de março de 2014

SOBREVIVÊNCIA

SOBREVIVÊNCIA
Elany Morais

Que em nenhuma boca falte o pão,
Mesmo que seja uma lida fadigada!
Que nenhum trabalho seja em vão!
E que a fome não os mate na alvorada!
 
Que ganhar o pão não seja um pesar,
Ao viver sob o jugo da humilhação
Que o pão seja como o fruto colhido
Onde se plantou com amor nesse chão.

Caxias - MA, 04 de março de 2014.

 

O AMANHECER

 
O AMANHECER

Elany Morais

Logo que vem a ser dia,
A nuvem negra começa
A desfazer sua negrura,
Colorindo sua cor escura,
Acolhendo a luz macia
E assim o dia se apressa!

O sol dá ao céu cinzento
O destino de lentamente
De mudar de triste sorte
Ao representar a morte 
Na cor que o povo sente!

Caxias - MA, 04 de março de 2014.

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segunda-feira, 3 de março de 2014

EXISTÊNCIA

EXISTÊNCIA 
Elany Morais
De que destino vens, oh vida?
Vieste com nós, presa nas ondas
Do tempo!
Trouxeste a sina solitária nesta lida
E a esperança na sonoridade do vento!

De onde vens com tuas loucuras e crimes?
Abriste tuas malas com saudades sem esperança,
Desprezaste o tempo de alegria para um brinde,
Permitindo que dentro de ti sejam feitas horrendas alianças.

Caxias - MA, 03 de março de 2014.

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REVELAÇÃO

REVELAÇÃO
Elany Morais

Aquele dia parecia interminável. Estava acolhido por nuvens negras. Ele me olhava com olhos sombrios. A música que estava ouvindo traduzia a melancolia de um dia quase chuvoso. O texto que escrevia não apresentava sentidos coerentes. Abandonei-o, reclinei-me na poltrona, com o olhar em direção à janela que dava para rua. Ali fiquei um bom tempo a observar algumas pessoas sentadas em um bar. Elas bebiam alguma bebida. Falavam alto, gesticulavam, as palavras saiam desconexas, as faces estavam transfiguradas. Estavam alheios à condição existencial humana. O mundo era um eterno falar sem pensar. Os verbos, sem conjugação, pulavam carregados por salivas grossas, a revelar as imundices guardadas à sete chaves na mente humana.

Naquela mesa de bar, ninguém ouvia alguma voz externa a si próprio. Todos, ao mesmo tempo, exaltavam-se. Esboçavam poder que talvez não possuíam. Sem motivos, feriam-se com palavras cortantes. Os ânimos acirravam-se, vozes ganhavam volume em alta potência. Todos tinham razão que a vida não lhes deram. Eu, absorta, era possuída por uma náusea, náusea da minha condição que estava sendo revelada por aquelas pessoas que estavam alheias às nossas mediocridades e fragilidades.

Caxias - MA, 03 de março de 2014.


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