Sou educadora e escritora

sábado, 31 de janeiro de 2015

JUNTAS

JUNTAS
Elany Morais

Juntas, perderemos a noção da hora,
Há ruído, chuvas, vento e tempo lá fora.
Juntas, construiremos qualquer navio,
Sem pressa, sem prazo para rir.
As noites, sob festas, serão eternas,
Embaixo dos lençóis serão brigas de pernas
Sem rumo ou direção a seguir.
Juntas, jogaremos nossas vestes no chão,
Arrumaremos as gavetas do nosso coração,
Sem a obrigação, ou desejo de logo partir.
Meu corpo, no teu, será embutido,
Tirarei tua blusa e,
Tu, meu vestido,
Meus sapatos se confundirão com
os teus,
Ninguém se incomodará com qualquer
apagão,
Só sentirei teus beijos e o toque das
Mãos.
Não, isso, de ninguém é da conta
Cuida de mim, que de ti tomo conta,
Não deixarei quem nos queira perseguir,
Juntas, jamais, do amor, iremos partir!

Caxias - MA, 31 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


PRISÃO

PRISÃO
Elany Morais

Vivi presa nos laços,
Carente de amor,
Reclamando os abraços
Solta no tempo,
Pedindo espaços!
O sofrimento,
Olhando a palma,
Esperando o momento
Do voo da alma.
Sentada na praça,
Sem voz, sem fala
Olhar distante
Com medo de casa.


Caxias - MA, 31 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

AMOR QUE FERE

AMOR QUE FERE
Elany Morais

O teu amor corta como faca,
Fere os lábios,
Arranca pela raiz
 até o mais tímido riso,
Inunda de lágrimas
Destroça o ninho,
Rompe os laços,
Floreia de espinhos!

É amor que gela,
Debocha do vulnerável,
Fura com agulhas,
Aprisiona numa cela!

Gasta palavras amargas
A felicidade não chega,
O grito sai na esquina,
Parece até ser sina
O teu show de amarras!

Caxias - MA,30 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

VALORES MODERNOS

VALORES MODERNOS
Elany Morais

Minha esperança é mortal, pois não acredito que um dia voltaremos a ser gente. Uma sombra escura borrou os valores humanos. Quando criança, nunca pensei que chegaria o dia de se chavear e gradear portas e janelas para dormir e, muito menos, para poder permanecer acordado. Na vida escolar, eu percebia que ser professora(o) era uma grande honra, pois esta profissão era digna de respeito. Nos lares, os pais eram as autoridades máximas, incontestáveis, indubitáveis, respeitáveis e confiáveis. Os vizinhos eram nossos padrinhos e guardiães. Existia tempo para conversas face a face, olho no olho. Sentava-se nas calçadas, havia prazer em contemplar a luz da lua e contar as estrelas. As armas mais ofensivas eram os estilingues. A guerra mais sangrenta era a de facão. Os beijos e abraços eram apenas por prazer de sentir o outro. A sonata das aves era um espetáculo imperdível, mas atualmente, este concerto musical perdeu para o funk. Lembro que ainda vi pessoas tremerem de medo da polícia, outras a viam como o super-homem, destinada apenas à proteção do cidadão. Diferente de hoje, que vestir uma farda policial é comprar sete palmos de chão no subsolo, ou então, obter autoridade para matar inocentes, “na forma da lei.”

É triste dizer, não estou sendo pessimista, que na atualidade, o TER não tem linha de chegada, e o SER; de partida. É um querer TER sem fim. E o respeito e a solidariedade? Morreram. Hoje, os direitos só para quem destrói a vida, a dignidade e a honra alheia. Os assassinos têm voz e vez. Os direitos humanos são apenas para os desumanos. O que temos hoje? Inversão de valores. Os valores modernos supervalorizam o EU, destruindo o TU. Aonde vamos chegar por esse caminho? A um mundo que jamais será de gente.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

SINTO

SINTO
Elany Morais

Não sei de quase nada
Apenas sinto.
Sinto a gestação da alegria,
O prazer entre as dobras do
Barco de papel,
O último suspiro do falso amor,
A lágrima de quem ainda não cresceu,
Sinto...
Sinto o grito súbito,
O medo entre dentes,
Os passos soltos,
Sinto as águas diurnas,
As areias leves, vivas, envoltas dos
Ventos, sem peso, sem lágrimas
Sem lenço!

Caxias - MA, 27 de janeiro de 2015.

Todo os direitos reservados a Elany Morais


PRAZER

PRAZER
Elany Morais

Como muleta 
para sustentar o corpo,
 eis as mãos:
Tocando-te, com emoção,

entre um gole e outro
e uma palavra te chama,
com olhos no ar,
pernas soltas,

vai chegar o grito violento,
aroma carnívoro ,
e recomeça o lambuzar,

é tempo de gemer,
o suor vai surgir,
bebo em ti,
é  isso que procuro!

Caxias - MA, 27 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

MENTIRA


MENTIRA
Elany Morais

Mentira, construção sem alicerce.
Se minto, serei alvo de pena,
Não paro de pensar nisto:
Se me rendo ou resisto!

Quem dela está livre?
Sua casa é um casulo
Um pedaço da verdade escondida
O resto torna-se nulo!


Caxias - MA, 26 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

MÃE


MÃE
Elany Morais

Vim do fundo de ti
Talvez para ser o teu retrato!
Tu és a promessa
Para que meu frio não se demore.
O nosso amor é para ser feliz,
Mas se tu ignoras minhas
Noites rumorosas,
Em me perco e aperto
O coração que não amará
nem mesmo as brancas rosas!

Caxias - MA, 26 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


domingo, 25 de janeiro de 2015

UM GEMIDO

UM GEMIDO

Amor hoje, amanhã, agora, e depois....
Nossos corpos estão sem destino
Meu coração está sem medo, sem pudor
Ficaremos juntas...
Com amor em um, com amor em dois...
Secaremos as lágrimas,
Revoaremos, plantaremos asas...
Nosso congresso está a postos,
Cantaremos notas
E juntaremos peito no peito
Pele na pele...
Bocas em chamas...
E apenas um gemido, não de dor,
Mas de alegria e prazer que brotam
 Do amor!


Elany Morais


Todos os direitos reservados a Elany Morais

BEIJO MEU

BEIJO MEU
Elany Morais

Congresso de aves sob o céu
Como se abraçasse o ensejo
Teciam, com fios brancos, um lindo véu,
Ventilando pelos ares mais um beijo!

Ascendiam pelas penas um beijo meu
E com elas, escondido algum desejo
Se algum anjo, no alto, o recebeu
Embaixo, não haverá nenhum despejo!

E se for por uma ativa e colorida
Levará promessa de fértil vida
Para as nuvens suspensa em pleno ar.

Virá de lá a certeza da união de bocas
Como almas que se juntam de forma louca
E que se põe de amor e prazer gritar!


Caxias- MA, de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 24 de janeiro de 2015

TEORIA

TEORIA
Elany Morais

Quem disse que a vida não cabe
Num poema?
Ela não cabe em teorias
Ou em qualquer teorema.

Quem disse que a vida não cabe
Na dor de um homem?
Ela não cabe nas regras
Que sobre nós se impõem!

Quem disse que a vida cabe
Em algum significado?
Ela não cabe em teorias
De viver sem ser amado!

Caxias - MA, 24 de janeiro de 2015.


Todos os direitos reservados a Elany Morais

IMPOTÊNCIA

IMPOTÊNCIA
Elany Morais

Queria eu ter um mar, para sentar-se à sua beira,
E ouvir o narrar dos fatos que um dia se passaram,
Embaixo de minhas mangueiras.
Queria eu ter um mundo para revirar o giro dele
E desengasgar minha garganta que amarga por causa dele.
Queria eu ter um herói para me orgulhar  e não ser ele
E sentar-se na calçada, sem olhos doloridos,
Inclinar as mãos para alto e ver o céu tão colorido!
Queria eu ter nuvens apenas brandas, sem relâmpagos
Enlouquecidos, não reviver os meus espinhos que já estão
Quase esquecidos!


Caxias –MA, 24 DE janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

PASSADO

PASSADO
Elany Morais

No meu passado não houve luz
Quando cobria o lençol da tristeza,
Eram dias a fio, numa cela presa
Como as mãos de Cristo lá na cruz!

Hoje, quase nada de tudo me seduz
Mesmo que esteja repleto de beleza,
Só me consola o ar fresco da Natureza
Que serve a mim como um túnel de luz!

Nesse tropel, não me convém mais nada
Porque de tanto amargor estou resignada.
O que haverá ainda, em mim, de mal maior?

Esfria a prisão de minha vida que se encerra,
Não verei meus lábios, no escuro, cheios de terra
Nem a beleza do desabrochar de qualquer flor!


Caxias - MA, 23 de janeiro 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

MALDIÇÃO

MALDIÇÃO
Elany Morais

Se por muito tempo, nesta vida escura
Deixei o medo ser minha maldição,
Hoje, rebelada de tanta amargura,
A alma virou larva como de um vulcão!

Vestida de muita cólera e toda loucura
Sobre mim, elas, enfim, me soterrarão,
Pois, por muito tempo, com tanta tortura,
Hoje, só há agonia e essa fria solidão!

Por fim, me jogaram num mundo perdido
Que me faz por toda vida padecer,
Não sei se meu espírito deveria ter nascido

Por não viver ternos momentos de prazer
Como não posso fazer o que poderia ter sido,
Agora nem sei o que sou nem o que hei ser!

Caxias - MA, 22 de janeiro de 2015.


Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DE VOLTA ÀS AULAS

DE VOLTA ÀS AULAS
Elany Morais

Só mais alguns fechar e abrir de olhos, já será hora de retornar, não só para a escola ou sala de aula, mas voltar para lares partidos, quebrados e desestruturados. Logo, apresentar-se-ão a minha face uma rede relações conflituosas e amigáveis. Nela, encontrar-se-ão: espíritos carentes de afetos, revoltas sobre as mãos, gritos frenéticos, vozes caladas, olhos atentos, gestos indiferentes, toques amáveis... Dentro de um turbilhão de personalidades, de diferenças, de emoções e pensamentos, lá estará eu, tentando manter a ordem, centrando minha responsabilidade no ato de conduzir os educandos ao um processo de compreensão do funcionamento da nossa "Última Flor do Lácio."
Não é doce sair e retornar ao universo da sala de aula. Ao sair, perde-se vínculos, abandona-se o que parece ter sido seu por longa data, mas, ao retornar, abraça-se, novamente, sempre os mesmos espinhos, os mesmos medos, as mesmas impotências, aos mesmos desgostos, aos mesmos fracassos...
São duzentos dias de ida e vinda, de fim e recomeço, de tentativas e acertos, de entusiasmos e apatias, de cansaços e esperanças. É uma luta quase infinita, é uma guerra sem trégua, é um perde-e-ganha, é um toma lá-da-cá... Nesse cenário, cantamos, dançamos, brigamos ( com nós e com os outros), amamos, odiamos, perdoamos, separamos, juntamos... É um casamento de muitos, onde dividir á a regra básica. É para esse mundo que estou, por muito pouco, retornando. A apreensão me visita, querendo saber o que de novo me espera, porém, ainda não me foi concedido o dom de adivinhar, por isso, sé m resta esperar.

Caxias- MA, 21 de janeiro de 2015.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

LIBERDADE

LIBERDADE
Elany Morais

Foi o canto do mar, das árvores, do vento
Que num passado tão doloroso
Me embalou com um som poderoso,
Acalentando, em fim, meu tormento.

Foi o canto do mar, das árvores, do vento
Que preservou meu ser misterioso,
Espantou meu tédio pavoroso,
Me dando mais vida e mais alento!

Foi o canto que me deu a sanidade,
Despertou-me para a liberdade,
Me tornando uma eterna fugitiva!

Da morte, me salvou essa língua estranha
Que canta o vento, o mar e a montanha,
Libertando, assim, essa alma cativa!


Caxias- MA, 20 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

DIA DE CHORO

DIA DE CHORO
Elany Morais

Este dia vem com etiqueta de choro.
O domingo, dia em que muitos morrem
Apressados, por não saberem esperar.
É o dia do silêncio medíocre,
De pés preguiçosos nos corredores arrastarem,
Do sino, com sua hipocrisia, tocar,
Do amém sem esperança chegar,
Do pássaro ativo parar,
Do sono eterno para aqueles
Que não sabem rezar!

Caxias- MA, 20 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

MAIS UMA VEZ

MAIS UMA VEZ
Elany Morais

Apenas mais uma vez!
Há espaço para aqui ficar,
Não seque o que há veia
Antes de a morte chegar!

Não cale o que há na boca
O que pode ser apenas de passagem,
A alma não quer ficar presa
Nem o desejo sempre à margem!

Não sabe o que há direito
Nem vive como deveria ser,
Já choramos muitas das vezes
Por não saber como viver!

Apenas mais uma vez
Não vivamos só de maçada,
O rancor custa a cabeça
Pois o mal que virá depois
Deixará que a alma pereça!


Caxias - MA, 19 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

NASCEU A POESIA

NASCEU A POESIA
Elany Morais
 
Minha poesia nasceu um dia
Quando o sol mal se abria,
E minha preguiça se prolongava
Como um barco sem veleiro,
 Um navio sem marinheiro,
 Ou pássaro que não cantava
E quase mal despertava.

Ao chegar, não foi uma lindeza tamanha,
Apenas falava de montes e vales,
De folhas amarelas como ouro,
De cabelo virgem que se assanha,
De roupa que esvoaça no varal
E de tristeza com olhos de choro!


Caxias - MA, 19 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 18 de janeiro de 2015

MEDO

MEDO
Elany Morais

Sinto no medo algo que me amarrasse
E prendesse a mim como uma ponte,
Onde jamais alguém ultrapassasse
Mesmo em busca de outro horizonte

Em que a esperança sempre levanta
Nos pés de quem nunca foi ou veio
Mesmo das pessoas que sejam santas
Ou dos que carregam o temor no seio.

Sinto no medo uma esperança tarde
Que me abandona no mundo só.
A chama na cabeça sempre se arde
Porque o futuro não foge do pó!


Caxias - MA, 18 d janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

DESERTO

DESERTO
Elany Morais

Deserta é a rua
No meu inverno frio.
Deserto é o canto
Do pássaro escuro.
Deserta é a canção
Que embala a despedida.
Deserto é o lençol
Sem par.
É o barco sem mar
No caminho escuro!

Caxias - MA, 18 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


sábado, 17 de janeiro de 2015

MANCHAS SOBRE OS LENÇÓIS

MANCHAS SOBRE OS LENÇÓIS
Elany Morais

Sem culpa, ela manchou meus lençóis de linho,
Mas hei de limpar meus brancos lençóis,
De replantar meus belos girassóis
E retomar meus antigos caminhos!

Ela me veio com sonhos dantescos,
Mas pus todos sobre a mesa de pinho,
Apossei-me da velha garrafa de vinho
E sai para tomar um ar mais fresco!

Sei que o desejo dela é me ver em funda cova,
Mas minha alma ainda é muito nova
Para partir dessa vida de forma breve.

Na minha vida, não a quero nunca mais
Nem que ela venha branca como a neve
Ou me proponha uma vida feliz de casais!

Caxias - MA, 17 de dezembro de 2014.


Todos os direitos reservados a Elany Morais

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

JULGAMENTO

JULGAMENTO
Elany Morais

Como julgo que assim me possuía,
Todos a justiça a mim trazem,
Teu zelo a minha pessoa não trazia,
E meus desgostos não mais se desfazem!

Quis-me possuir sem meu consentimento,
Teu cuidado frio nunca me agrada,
Deixa-me todo meu provento
Que minha alma será revigorada!

Tu negaste todo o meu valor
Como se eu vivesse sempre errando,
Agora me procura aonde for
Mas teus julgamentos não estou mais ponderando.


Caxias - MA, 15 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

LEMBRANÇAS DE UM AMOR

LEMBRANÇAS DE UM AMOR
Elany Morais

Lembro-me do teu sorriso,
Do som da tua voz,
Do nosso paraíso feliz
Vivido penas por nós!

Mas nessa vida tão louca,
Entre gritos e funerais
Nosso amor ainda repousa
Como se não fosse acordar mais!

Que esse amor não esqueçamos!
Pois este é o desejo meu
Porque um dia nos amamos
Mas parece que teu amor já morreu!


Caxias - MA, 15 de janeiro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

RECADO


RECADO
Elany Morais

Se vais, não peças
Nem meus atos meças
Porque hei de não atender
Os caprichos do teu ser.

Um dia, presente fui mais
As folhas de tua janela,
Sob as roupas do varais
Como mocinha de novela.

Mas tu assim não quis
O meu fiel amor
Arrancou-o pela raiz
Como se desfaz de uma flor.


Caxias - MA, 15 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

ERROS PASSADOS

ERROS PASSADOS
Elany Morais

Cinzas viraram os erros cometidos
Que alimentaram os terríveis gritos,
E não despertaram os sonolentos
Que, nesse mundo, já estão perdidos!

Hoje, tudo não passa de um passado
Como um plano que foi abandonado,
Como um borrão jogado ao lixo,
Como enterro de toda esperança,
Como uma queda de um obstinado!

Caxias - MA, 14 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

SE

SE
Elany Morais

Se me puseres fogo, eu viro brasa,
Se vieres comigo, eu vou além,
Se quiseres que voo, eu crio asa,
Só não quero ficar aquém!

Se quiseres meu sangue, está esvaído,
Se precisares de cama, eu sou espuma,
Se sonhares comigo, eu sou bruma.
Um sonho desse não terás vivido!

Se me soprares, eu serei chama,
Se me apertares, serei expansão,
A alma frágil sempre se derrama
Numa vida louca de pura ilusão!

Caxias - MA, 13 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

INCOERÊNCIA

INCOERÊNCIA
Elany Morais

Tudo em mim cheira incoerência,
Quem propôs em mim fixá-la?
O contrário por mim resvala,
Sem qualquer benevolência!

Mas minha incoerência há de virar ouro,
Pois é tudo que a Deus sempre peço
Para transformar o contrário em tesouro,
Mas que não me mate por excesso!

Essa incoerência em mim parece quebranto,
Porém o seus espasmo eu sempre venço,
Pois na vida em nada me convenço,
Mas na incoerência vivo entanto!


Caxias - MA, 13 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 11 de janeiro de 2015

ILUSÃO

ILUSÃO
Elany Morais

Quem disse que viver não é luta?
No peito, não sossega o coração,
Vida é luta renhida, mas é em vão
Porque, no fim, a morte vence a disputa!

Quem sabe se lágrima será enxuta?
A vida se reveste de pura ilusão,
Na mente, há crenças e confusão,
Mas sempre chega o fim da matéria bruta!

O existir parece de todo imenso,
Nunca se espera o fim da mocidade,
Pois o desejo do infinito é intenso!

O mistério da vida é intangível,
Pois não há quem tenha capacidade
De decifrar o que na vida é impossível!


Caxias - MA, 11 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

EXTREMISMO - ATAQUE TERRORISTA AOS JORNALISTAS FRANCESES


       
EXTREMISMO - ATAQUE TERRORISTA AOS JORNALISTAS FRANCESES
Elany Morais

O extremismo é sempre um grande perigo. Saudável é transitar pelo caminho do meio. Percorrer o centro é a receita para se viver bem ou melhor. Terroristas e jornalistas franceses perderam-se nessa guerra bestial. Atacar um jornal e matar seus produtores é o extremo do ódio e da vingança, como também é extremismo ferir, depreciar, inferiorizar, discriminar preceitos, crenças, ou valores culturais alheios.
Não se pode olhar para qualquer direção com visão única. Pois não existe número exato para o erro e para o acerto, para o certo e para o errado, se assim fosse, poderia se dizer que haveria perfeição na humanidade. Tudo em nós é dois, se não houver três ou mais. Para não roubar o peso da balança é preciso ter sensibilidade, senso de justiça e imparcialidade. Assim, temos que acionar os dois olhos, que devem ter a mesma função: olhar a mentira e a verdade.
Nessa história trágica, não existem moças e vilões, ovelhas e lobos maus. Existem seres humanos, com seus ódios, orgulhos e suas insensibilidades diante daquilo que para eles é a verdade. Essa ocorrência de puro fel, sobressaiu-se a aprendizagem desvirtuada de ambas as partes.
Nada justifica o extermínio de nossos desafetos. A preservação da vida deve ser o valor maior em qualquer sociedade. Porém, não se deve também exterminar nenhuma pessoa em vida. Por isso, digo: se temos dois olhos em cada lateral, certamente, é para olhamos nas direções dos dois lados, não para justificar um fato em detrimento de outro, mas para a visão ser completa, para não incorrer no erro de julgar de forma tendenciosa, parcial, partidária, ou seja, de forma extremista. Bom mesmo é viver no meio, extremidade é ponto morto, é peso pesado, nesse lugar, podemos pender até o chão.

Todos os direitos reservados a Elany Morais.

sábado, 10 de janeiro de 2015

MELANCOLIA

MELANCOLIA
Elany Morais

Em cada noite indesejada
Chega a melancolia
Uma tristeza por nada
Que deixa a pele fria!

Assim não foi outrora,
Mas esse é meu presente.
A melancolia não demora,
Pois minha mente consente!

Quiçá há uma razão
Para esse meu limite
Que fragiliza coração.


Caxias - MA, 10 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

INSÔNIA

INSÔNIA
Elany Morais

Tu, ingrato sono, só chega na madrugada.
Meu viço poderia acordar puro e vibrante,
Mas meu coração faz a vez do tripulante
Por não receber da alegria a cor imaculada!

Tua ausência me traz uma irritação intensa,
Só descanso finito é o que mais quero,
Noites a fio, com olhos hirtos te espero
Nas noites, frias, impávidas e densas!

Na tua demora, meu coração palpita,
Não ouço vozes, cantos ou soar do vento,
A mente povoa de mórbidos pensamentos,
Mas hora rezo pela salvação bendita!

Fico horas em pensamentos absorta,
Nada chega ao meu pobre entendimento,
Sinto que a ausência do sono é meu tormento,
Deixando meu espírito fraco, quase morto!


Caxias - MA, 10 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

FACES DA VIOLÊNCIA

FACES DA VIOLÊNCIA
Elany Morais

A força desmedida contra ti e contra mim
É violência.
Os pensamentos genuínos que brotam de mim e de ti
É a essência.
O ar que salta das narinas
É existência.
Vontade solta não é paz.
Egoísmo é o meu tanto faz.
Negação do ser
É o falso viver!
Juntar chagas dos outros
É o eterno padecer.

Caxias – MA, 09 de janeiro de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany  Morais


SACO DE DINDIM

Por Elany Morais - SACO DE DINDIM -

O que vou relatar é tão misterioso quanto à morte. Eu queria poder não usar o senso melancólico que habita em mim, ao lado da minha veia humorística, que é o que me redime de toda desgraça que povoa a vida.

Por algum tempo, as áreas rurais do município de Caxias, do Maranhão, eram tão isoladas do centro urbano que muitos dos moradores desses locais esperavam o verão chegar para irem à cidade, fazer seus compras básicas. Dias festivos eram quando muitos se destinavam para lojas, comércios... Era uma farra. Nesses dias, os cabelos ganhavam nova roupagem. As senhoras amarravam um pano sobre a cabeça, o que elas chamavam de "touço". Por baixo das saias, fazia necessário um short com bolsos para guardar os seus tostões.

Noite de véspera do grande acontecimento( ida para a cidade) era noite de muita ansiedade e pouco sono. À espera da partida para a grande aventura era infinita. Três da manhã, pés e rostos já estavam asseados, roupas brancas, limpas e mal passadas já estavam nos corpos. O café descia pela garganta aos atropelos. Portas de talos batiam às pressas. Era preciso andar muitos quilômetros para não perder o transporte, que nunca esperava pelos retardatários.

À distância, olhos fitavam o carro que já acelerava para dá partida. O transporte estava bem caracterizado para o feito. Uma lona cobria os bancos de madeira, assentos dos viajantes, era o que todos o chamavam de pau-de-arara. Por fim, todos se acomodavam em seus devidos lugares.

A viagem se inicia. Nos primeiros minutos, o silêncio tomava conta de todos. Com o decorrer do tempo, começavam-se as conversas, os causos a serem contados, o viado que foi morto, a cutia que fugiu, o vizinho que foi cobrado. Havia momentos, que parecia que as línguas pediam pausas. Ouvia-se suspiros, promessas... Depois risadas.

Momento da chegada à cidade, cabeças erguiam-se, tudo parecia imponente para aquelas almas simples e cheias de esperanças.
Era preciso, às pressas, comprar tudo do que se precisava até o próximo verão. Dever cumprindo. Era hora do retorno. O estômago gritava alimento, o cansaço chegava sem permissão. Todos novamente, retomavam a seus lugares. De repente, uma novidade, um garoto, ao lado do carro, gritava freneticamente: " olha o dindim". Conceição pensou:

- Já vi tantas pessoas dizem que esse tal dindim é bom. Não custa nada experimentar, além do mais,  a fome já me assedia.

Foi então, que Conceição resolveu comprar o tal geladinho, como é conhecido em outras regiões do Brasil. Ela recebeu o alimento com um olhar bastante curioso. Apalpou-o, e começou a passar a língua no saco do dindim. O carrou saiu, com um tremor de quem está prestes a se desmontar ali mesmo. O tempo passa e D. Conceição continua a acariciar o saco do dindim com a língua, a temperatura esquenta, e por fim, o geladinho transforma-se apenas em um líquido quente, intragável. Já ao chegar em casa, D. Conceição olha-me, mostra-me o saco murcho, com tudo dentro, tudo aquilo o que ela deveria ter consumido, e diz-me:

- Vou jogar isto fora. E ainda dizem que isso é bom.

Eu olhei atentamente para D. Conceição, percebendo que ela não havia furado o saco do dindim. Fiquei algum tempo pensando como aquela senhora passou a viagem toda com aquele saco na boca sem ao menos perfurar o recipiente para poder saborear o alimento. Então, eu falei com uma vozinha tímida:

- D. Conceição, a senhora teria que fazer um furo no saco do dindim para poder ingerir o que havia dentro dele.

D. Conceição olhou para mim, com um ar reprovativo e lançou dindim quente e murcho, bem longe. Eu o vi dá cambalhota no ar.

Desde esse dia que passei a dizer isto: fure o saco, sinta o conteúdo que há dentro dele, para poder julgá-lo com propriedade.

Caxias – MA, 09 de janeiro de 2014.