Sou educadora e escritora

sábado, 27 de agosto de 2016

NOVA PUBLICAÇÃO

Há quem pergunte: Por que se escreve? Eis algumas respostas: " Para viver melhor" e, mais ainda -" para não morrer.
Tudo nessa vida é mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.
INSPIRAÇÕES é um livro, de POEMAS, recém publicado pela Darda Editora, do Rio de Janeiro. Dele, é um prazer e honra, participar com algumas de minhas produções poéticas.

Elany Morais 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

EU NÃO CONTROLO


Por Elany Morais
Como controlar?
A vida me come todos os dias, devagarinho, mas ela me come. Porém, a mim, não basta apenas fazer parte do infinito. Eu quero mais. Quero dias e dias até perder de vista. Mas haverá dias que me escaparão. E o que fazer? Eu não controlo. Então, minha alma se rompe e cabe muito e cabe tudo. Cabe até sofrimento. Aquele sofrimento processual. Sem que eu possa fazê-lo diminuto. E se assim é, deixarei de regar minha insistência, não posso controlar. A finitude está plantada em minha carne. Minha resistência é delicada. Porque o tempo me dobra, me quebra, me finda. E o que fazer? Só me resta lavar meu pensamento, acariciar a perda, fazer com ela não se torne tão feia e, sem dor, deixar vida me comer, mas me comer toda, completamente. Mas se meus pensamentos ficarem limpos, em vez de a vida me comer, eu posso comer a vida, comer com tudo, o prato completo, com direito a todas as iguarias até o doce estragado.
Por que me corroer? Eu não controlo. A finitude tem e vem. Do que vale a intensidade do meu desejo de moldar, de ficar? Nada se ajustará a meu favor. Não há o que me caber. Só me cabe lavar o que me vem sujo. Mudar, sofrer e partir pode não ser sujo e feio. Isso pode ser comido com aceitação. Faz parte de tudo que se tem.
Todos os dias é despedida. Eu não posso controlar. A vida é um prato que não esfria nem apodrece. Mas não se pode demorar.
Caxias- MA, 19 de agosto de 2016.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 13 de agosto de 2016

INCONFESSO DESEJO


Por Elany Morais 

Há  desejos que se acovardam. Calam-se. Amedrontam-se diante de qualquer ponte levadiça. Existem espaços que são odiosos para seu desabrochar. Onde a malícia veste, sem pudor, os atos mais inofensivos. E como ganham vulto os desejos irrealizados! Tornam-se nossos criminosos. Perturbam a gente, sem cessar. Tudo fica nevoento aos nossos olhos. É o que sempre nos acompanha. É uma rede infinita. Não há essa de se desviar daqui ou dali...
Desejos calados são choques que nos atordoam. Quando mudos, são hostis. Nem é preciso realizações elásticas, mas é necessário respeito ao seu ato de ser. E os desejos que tentam se economizar? Eles não existem para isso ou para aquilo... Se assim for, a pessoa andará sempre com aquela cara de ferrugem. A covardia habitual deles é uma sentença condenatória.
Nenhum desejo é ignorante, incapaz de conversa ou defesa. Então, por que se acovardar? Por que emudecer? Esgoelar-se é desnecessário, mas calar a voz é um tiro no pé. É desgosto na alma pregado a martelo.

Todos os direitos reservados a Elany Morais