Sou educadora e escritora

quarta-feira, 30 de abril de 2014

DESVALIDA

DESVALIDA
Elany Morais

Sem saber para aonde vou;
Ando vazia pelas estradas,
Bebendo nas noites estreladas,...
Sem saber que perdida estou!

O luar a mim foi o que sobrou;
Ficou minha videira desfolhada,
Calaram minha voz revoltada
E meu berço brilhante quebrou.

Por isso ando planta desfolhando,
Com o pensamento no infinito,
Atrás do amor rastejando...

Vivo vagando nos instantes finais,
Apelando a tudo e a todos aos gritos,
Morrendo no silêncio dos matagais.

Caxias - MA, 29 de abril de 2014
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

FALO DA VIDA

FALO DA VIDA
Elany Morais

Falo do vento, das incertezas nas estradas,
Do sol, do mar e das noites com luar,
Falo dos rios e da paixão que vive a faiscar,...
Falo, sem a ingenuidade dos contos de fadas.

Falo da insegurança que quebra nossas asas,
Da despedida com o braço hirto acenar,
Dos cantos apaixonados sob a noite ao luar,
Falo do hipocrisia oculta em cada casa.

Falo de dores, de vontades , de desejos,
De fracassos, de angústia e de vitórias,
Falo de ida, de vinda e do sabor de beijos!

Falo de amor, de luta, de tristeza, de espaço,
de a água, de terra, de Deus e de glória,
Falo de preguiça, e de força em cada passo.

Caxias - MA, 30 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

terça-feira, 29 de abril de 2014

NOITE FECHADA

NOITE FEHADA
Elany Morais

Era uma noite fechada
Depois de um dia lento
Era uma veste encarnada
Vista nesse momento.
Era um olho fechado
Sob o horror sedento.
Era uma alma amarrada
Num mundo imenso! 
Tormento, caminhos vencidos
Sob o lamaçal;
Lento, o padecer da vida
Nesse rascunho fatal,
Lenta, essa labuta
No momento final.

Era  uma vida abalada
Sob o delírio do vento.
Era o sonho dobrado
Dentro desse lamento.
Era um alma quebrada,
Mas que via alento.
Era uma dor parada
Onde tudo era intenso.

Intensa, a força vencida
No meio desse lamaçal
Intensa, a morte pressentida
Nesse vendaval.

Caxias -MA, 29 de abril de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 27 de abril de 2014

A MORTE DA PAZ

A MORTE DA PAZ
Elany Morais

Reclamo ao vento que passa
A paz para meu país
Mas ele guarda a desgraça...
E a mim nada me diz.

Suplico às ondas que levam
Tanto medo ao fundo d`águas
E as dúvidas não me sossegam,
Deixando no peito as frias mágoas.

Morreram sonhos,
Ficaram somente mágoas,
O destino do meu país
É morrer no fundo d`águas
Pergunto a minha alma,
E nada ela me diz.

Caxias - MA, 27 de abril de 2014
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

DUAS ALMAS

DUAS ALMAS
Elany Morais

Duas almas navegam
No amor, no apego,
Na poesia interna e...
No sossego.

Duas almas entoam o canto
É disso que falo:
Nele não há dor nem pranto,
Nem devotamento falso!

Duas almas não anoitecem,
Nelas há canteiros com flores,
Os pudores fenecem
Nas ciladas das dores.


Caxias - MA, 27 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

COSENDO-ME

COSENDO-ME
Elany Morais

Estou aqui. Repetida? Talvez! Estou a me costurar. Pondo remendos consistentes. Ressuscitando sonhos estrangulados. Meu silêncio não era pequeno, por isso, retorço-me na reconstrução de mim. O grito ecoou. O Deus de mim está aqui, soltando linhas para meu tear. Agora, cabe a mim, somente a mim, a me ajustar.

Antecipada, os fios que agora me sustentam estão amarrados na lógica antes desconhecida. Vejo-me cruzada, tampando vácuos com histórias escondidas. Vou, aos poucos, tendo-me, ouvindo-me. Estou trabalhando em mim, com quietude.

Passado, eu não me sabia. Eu não era. Agora vou sendo. Vou sendo devagarinho. Estou a colar pedaços, pequenas partes, partes de mim. Vou segundo a trilha. Reparando fendas, cosendo brechas, revisando a conta, recobrando dívidas, apagando os borrões que não foram feitos à tintas.

Calma! Estou a emergir, num silêncio, quase solitário. Em pequenos passos, vou reversando-me. Contemplar-me com fidelidade é o meu plantio. Meu solo está fertilizando-se. Está crescendo livre, corajosamente.

Quem sabe, no remate final, ficarei toda aveludada, com pulmões largos, sem visão eclipsada. Ousada, agora sou, pois quero me refazer para eu me tornar ser, ser apenas eu.

Caxias - MA, 26 de abril de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

O VENTO

 
O VENTO

Elany Morais

O vento é vozes
O canto é vago
O belo, do amante
O vento sibila fraco
A água é espumante!

A alma é errante
Na face, o desgosto
O lago é manso
O vento bate no rosto!

O socorro vem do alto
O sol é a pino
O canto é puro
O vento é fino!

Caxias - MA, 27 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 23 de abril de 2014

IMPIEDOSA INSEGURANÇA

IMPIEDOSA INSEGURANÇA
Elany Morais

Oh!! Que desumana, insegurança!
Por que imperas com violência
Dentro de mim?...
Sinto que continuas a fatiar meu
Peito em pedacinhos.
Por que roubas minha liberdade?
Tu vives a privar-me de longínquos
Caminhos.
Por que te comprazes com mares de
Lágrimas?
Vejo que queres fazer de mim um
Poço de mágoa.
Movediça, instável és tu, impiedosa!!
Chegas sempre no silêncio traiçoeiro,
Tens prazer e embevecimento
Na minha agonia!
Por que a paz não é a tua alegria?

Caxias - MA, 23 de abril de 2014.
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terça-feira, 22 de abril de 2014

O QUE VALE APENA?

O QUE VALE A PENA?
Elany Morais
 
Nesse mundo, o que vale apena?
O silêncio morre de fome,
 A mentira é a chave que condena
E a identidade não é mais o nome.

Nesse mundo, o que vale apena?
Idade tenra não tem mais viço,
Tristezas e dores não têm fim,
Muitos fingem que são ricos
E o mal zomba de mim.

Nesse mundo, o que vale apena?
Não se ouve por mais que se diga,
A ambição é  poço profundo
A família tornou-se inimiga
E privilégio  é cama de vagabundo.

Nesse mundo, o que vale apena?
Enfeia-se o que é verdade,
Suprime-se a inocência,
Queimaram a caridade
E bondade tornou-se deficiência.
 
Nesse mundo, o que vale a pena?
Matar virou arte fácil,
A velhice é esquecida,
A indiferença é o prefácio
Da cegueira enlouquecida.
 
Nesse mundo, o que vale a pena?
Abandono é parte das sete pragas,
A verdade veste-se de aparência,
Não há um bem que a vista flagra
Nesse reino de demência.
 
Caxias- MA, 22 de abril de 2014.
 
 Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 21 de abril de 2014

MEMÓRIAS SECAS


  
ELANY MORAIS

  Assim são as lembranças: de surpresa, invadem-nos, sem direito à defesa. Foi o que me ocorreu agora. Submergi nas lembranças de um passado não tão distante.

Os caminhos eram estreitos, todos atapetados de fo...lhas secas queimadas pelo sol. Meus pequeninos pés confundiam-se com as ramagens agonizantes, espalhadas na tímida passarela. O sol escaldava meu corpo, que cambaleava, de tamanha lassidão.

Insensivelmente, o peso do mundo pousava no meu ombro. Eu quase não suportava! Eram ossos pequenos demais para tão gigante castigo. Mas um riso na minha face veio, era um riso zombeteiro. Eu desafiava destino que, para mim, era impreciso. Quase tudo não possuía sentido direto para minha mente limitada, mas eu sabia que eu era possível.

Eu caminhava, sem o compromisso com o destino da chegada. Jogava o azar para o alto, chutava pedras, com a alma cheia de flores, flores que o tempo e o fogo não as deixavam existir. Eu seguia cantando, miudinho! Sem força na voz (É isso que o mundo dos espíritos velhos faz com a leveza da inocência).

Meio cansada, distante de um lar, mas cheia de querer eu estava. Eu queria o sussurrar das águas em meu ouvido para juntar os elementos do meu cenário desolado. E O que eu tinha? Apenas o sol ardente, a areia quente e a alma doente daquele mar de dores que não me dava trégua nem mesmo me permitia viver em meio a um jardim de flores.

A cada passo, eu ensaiava uma cantiga mansa que me desse esperança de alcançar um céu estrelado, uma tarde limpa, uma noite chuvosa, uma fonte calma, sem folhas escuras, pássaros livres, nada que as sombras pudessem engolir. Porém, as tentativas eram vãs, a voz não saia porque meu ser estava mergulhado em agonia.

Assim, todos os dias eram os mesmos. Tudo igual. Os caminhos se mantinham, as folhas não nasciam, as águas não viam, e eu só ouvia os gritos que me chamavam todos os dias para eu cumprir uma promessa que não era minha.

Caxias -MA, 21 de abril de 2014.

TOCA-ME

TOCA-ME
Elany Morais

Encostam-me, mãos suaves, tocam-me sem
Muita pressa. Junta a mim as folhas
Secas para abafar as degeneradas lembranças
Que na minha alma não têm cerca.

Toca-me, doce voz, aplaca-me sem rapidez,
Apieda-se da prisão desse ser que vaga no
Deserto em busca do amor, com tamanha avidez!

Venha a mim, corpo nu, aquece a minha pele fria,
Os sentimentos já estão velhos, nesse cântaro
Abandonado, pela face  já sombria.

Pousa aqui, beijo seu, dê me uma doce melodia,
Meus caminhos estão vazios, nesse misterioso
Vagar, paz eu busco no amor para essa vida vadia.

Aperta-me, abraço ávido, toca-me com emoção,
Minhas canções estão vazias, nesse existir aflito
Que me conduz para a tirana solidão.

Caxias - MA, 21 de abril de 2014.

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domingo, 20 de abril de 2014

PAIXÃO

 
ELANY MORAIS
 
Teus lábios se reclinam
 sobre meu peito
E como abelha a sugar o néctar,
 absorvem
Toda química,
 fazendo fundir nossos corpos
Frenéticos,
na ânsia louca do prazer.
Teus beijos impudicos
 deslacram minha boca
Que num suspiro entrecortado
revela a imensa
Paixão flamejante
contida na carne
dissimulada
Que abriga uma alma
sedenta de fusão, no gozo
 do amor perfeito,
 que a loucura reza para
 os  eternos amantes.
Caxias - MA, de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

SINALIZAÇÃO

SINALIZAÇÃO
Elany Morais

Um breve silêncio entre nós
Leva-me para um poço profundo
Onde nada cresce nem nasce...
Somente vejo na face as dores
Do mundo.

Se tu sais de mim agora
Minha lágrima não demora
Num tempo incerto
Para trazer um temor certo
Que não encontra saída
Dessa minha enigmática vida.

Caxias -MA, 20 de abril de 2014
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 19 de abril de 2014

O QUE NOS FALTA

O QUE NOS FALTA
Elany Morais

E hoje o que queremos?
Paz, não somente para os filhos de Abraão!
Que o amor seja a arma do futuro,...
Que o ventre cansado não seja casa de solidão!

Que vida não se meça pela ciência,
Que não seja suprimido o direito à diversão
Que Deus esteja em cada mente
E não somente na religião!

Que nada possa nos faltar,
Que o sexo não seja profissão,
Que seja a fusão do amor entrar
No nosso mais íntimo coração.

Caxias - MA, 19 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


FOI ASSIM

FOI ASSIM
Elany Morais

Foi assim
A vida me encostava em outra flecha,
eu não sabia...
Batia-me com suas levas e se seguia.
Foi assim, a vida me apertando com sua ira traiçoeira
E minha mente com sua ondas turvas sem barreira
Cortava meu corpo em pleno viço e
A boca soltava no surto seus altos gemidos.
Foi assim com os que me geraram,
Recebi a maldita herança que não me deixa jamais.
Nada que eu faça dão-me perdão,
Mesmo que eu me prostre no chão,
Como um vagante cão,
Mesmo que eu venha com o choro a soluçar
Mesmo que eu me ponha como um cão a ladrar
A vida com suas correntes não me deixa andar.

Caxias -MA, 19 de abril de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

PODERIA SER

PODERIA SER
Elany Morais

Componho-me do que não foi:

Amor uterino presente,...
Sono velado, dormido,
Visita ao seio de parente
E rogo aflito atendido!

As promessas reais cumpridas,
Saudade intensa asfixiada,
Almas afins fundidas,
E a minha vida lembrada!

Caxias -MA, 19 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

INIMIGA DA RAZÃO

INIMIGA DA RAZÃO
Elany Morais

Não vens para durar, paixão!
Vives a entrelaçar como música
à música milhares de corações !...

Por que te pões a varar a alma
humana, trazendo consigo a dor?
E tu afogas tua beleza, no lacrimejar
dos olhos e no emaranhar do espírito.

Que inquietude traz tu a toda alma?
Que mente por ti flechada ainda
não viveu sofrimento e tal?

O que fazes tu dos sentidos humanos?
Privado está da razão os que vagam
nos delírios da paixão!

Caxias - MA, 19 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


quinta-feira, 17 de abril de 2014

OS CONDENADOS

CONDENADOS
Elany Morais

Minutos atrás, era apenas um arco luminoso,
Mas agora vem como um jogo de tinta preta,
Mergulhando nas profundezas do infinito,...
Com uma ira contra todas as formas naturais,
Mostrando sua grandeza nas partes indizíveis,
Desse branco aquoso que jorra no céu plangente.
Algum tempo atrás, cantava apenas o cântico
dos condenados,
Celebrando o grito dos esquecidos nessa planície leprosa.
Mas agora reapareceu com essa imensa tocha,
desejando não mais saber o que pode acontecer.

Caxias -MA, 17 de abril de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

ESSE É O NOSSO PAÍS

ESSE É O NOSSO PAÍS
Elany Morais

Nesse país, nem todo mundo vê tudo
Mas os poderosos veem, mas fazem de
Conta que são mudos....

Nesse país, os políticos são quem domina,
Os sem-vozes são esquecidos,
Quem não tem dinheiro nunca é ouvido,
E os privilégios da elite não se elimina!

Nesses brasis,

Os pobres têm um destino sempre infeliz,
As crianças hão que se acostumar com a cicatriz,
Há torturas contra o negro, a criança e a mulher
Essa é uma realidade a vista de quem quiser.

Caxias - MA, 17 de abril de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

POVO VIOLADO

POVO VIOLADO
Elany Morais
 
O cumprimento de promessas falta.

Falta um cumprimento divino
Para a proteção desse povo pequenino,
Pois tudo está desarrumado,
Há muito  peito magoado,
O povo  está violado!

Nunca cessa essa a busca,
Nessa escuridão que ofusca
Os sentimentos magoados
Desse povo violado!

Ninguém consegue sobreviver
Sem enxergar as contundências do mundo,
Pois todos estão magoados
O povo está violado!

O mundo se desarrumou
Nele habita um povo moribundo
Sedento de amor e fé
E muitos vagabundos
Nessa esfera desarrumada
Com um povo violado!

Caxias - MA, 17 de abril de 2014.

 Todos os direitos reservados a Elany Morais

INCOMPATIBILIDADE

INCOMPATIBILIDADE
Elany Morais 
Há muita tristeza e pouco deleite.
Há pouca alegria e muita dor
Há muita fome e pouco leite
Há coração feio para ter amor!
 
Há multidão e alma só.
Há pressa para não chegar
Há corpos para virar pó
Há muito veneno para se matar.

Há muito sábio e pouco peixe
Há pouca água e muita sede
Há muito fogo e pouco feixe
Há muito veneno e pouco leite.

Caxias -MA, 17 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

CLARÕES

CLARÕES
Elan Morais

Nem entre cais e montanhas
Romperam meus ais
Não me chegaram luzes...
Nem mesmo dos raios.

As sombras não me alimentaram
Não vi mãos entre pedras
Caí sem força no mais profundo
abismo da Terra!

Caxias - MA, 17 de abril de 2014.

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terça-feira, 15 de abril de 2014

A MORTE À ESPREITA

A MORTE À ESPREITA
Elany Morais

Vejo, às vezes, o desmanchar de meus ossos
E tuas mãos frias em meu corpo roçar,
Sinto tua presença a fazer feios destroços,...
Mas não sei o dia que fará meu coração parar.

Medo, terror para meu peito trouxe,
Saber da tua vinda me apavora,
Vejo tua imagem com uma enorme foice,
Sei que me desferirás a qualquer hora.

Sinto-te como sombra a seguir meus passos,
Tua presença me suprime o alento,
Não desejo adormecer em teus braços
Nem partir para teu reino sangrento.

Caxias - MA, de 15 de abril de 2014.

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SOLIDÃO AGONIZANTE

SOLIDÃO AGONIZANTE
Elany Morais

Hoje, cruzo as pernas
e descruzo os braços
para estrangular a solidão. ...
Torço-a nas duas mãos.
Ela esperneia,
jogo-a ao fogo
para que ela
se incendeia.
Mas ainda ouço
o seu respirar,
fico convencida
de que a cidade
ainda permanece
adormecida.

Hoje, não fito a tela
em branco
. Porei as mãos na tinta.
Povoarei meu mundo,
embora ninguém sinta.
Não posso mais esperar
aquela paixão chegar,
usarei o amarelo,
e farei o leme
para meu barco navegar.
Solidão!!
Nem mais um pouco,
nem de mais nem de menos,
pois o vazio sempre fez
meu espírito pequeno.

Hoje, não me basta
só lembranças,
farei da solidão poeira,
e de retorno
nem esperanças.
Pois farta estou
dessa impiedosa
que por mais que eu grite,
ela continua pegajosa.

Caxias -MA, 15 de abril de 2014.

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segunda-feira, 14 de abril de 2014

PARTIDA

PARTIDA
Elany Morais

Se vais embora, não me deixa nada. Junta tuas memórias e fecha todos os caminhos pisados por teus pés. Apaga tuas canções, deixa meu espaço em branco. Leva tuas chaves, estão "deschaveadas" as desconfianças. Não deixa... tuas mágoas, que é fogo que consome. Não quero tua sombra. Leva teu suor que já não se funde mais. Guarda tuas história de fins previsíveis. Apaga os borrões da velha história de amor. Tua face agora é erva mutilada, teus beijos é laje fria. Tu és tudo que não corre, que não anda, apenas vagueia. Tuas palavras são presas, só se ouve murmúrios, nada me repõe. Hoje, tudo é fogo morto, aposta derrotada. Não vou ficar no teu escuro nem em cima de muro.

Se vais partir, parta! Aqui não restará saudade nem pensamento vago. Não te julgo mal, mas minha firme vontade é limpar o cenário daquilo que me faz mal. Se não sabes amar, vá, pois meu amor não é simples nem banal.

Fecha a porta, sem mais demora, pois é hora da partida, junta tuas malas, sem lágrimas nos olhos, nessa despedida.

Caxias - MA, 14 de abril de 2014.

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ABANDONO DE MIM

ABANDONO DE MIM
Elany Morais

 Sou aquela abandona à beira do rio,
Que sofreu perda, fome, dores, medo,
Que dormiu sem teto, sentindo calor e frio.
...
Sou aquela que chorou noites a fio,
Que padeceu enfermidades na alma
Com angústia cortante de sentir arrepio.

Sou aquela que se agasalhou no duro chão,
Coberta de folhas secas, sem lençóis brancos,
Sem a bondosa senhora que pudesse dá a mão.

Caxias - MA, 14 de abril de 2014.

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EIS A QUE SE ARRASTA

EIS A QUE SE ARRASTA
Elany Morais

Alegria não dói. Porém, é curta, apressada. Fala tudo de uma vez só. Mas sua rival é comprida. Ela dói. Arrasta-se nos pedregulhos peitorais. Faz sempre os olhos perdidos banharem-se no mar salgado, gota à gota. Vive sempre a serviço de destruir as vitrines dentais. É uma faca que fere, o grito mudo, o andar em descompasso, o canto engasgado,  a discreta agonia,  sonho esquecido, ouvidos que dormem, instante impreciso, riso sombrio, riso inútil, vida estreita, artista anônimo, morte em casa, paraíso inexistente, socorro sem clemência, mãe efêmera, improdigalidade filial e, por fim, a tristeza é o abafamento da alma.

Caxias -MA, 14 de abril de 2014.

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sábado, 12 de abril de 2014

ALMA ERRANTE

ALMA ERRANTE
Elany Morais

Vou trilhando, triste, com o coração palpitante.
Dias vêm-me trazendo lágrimas quentes e solitárias,
Sem esperança de almas valentes e visionárias,...
Mas fechada para o mal que para muitos é fascinante!

Existe um caminho que para minha alma seja purificante?
Pois dores, angústias, tristezas, desamor, assim são várias
A fazer-me evadir para o mundo de coisas imaginárias
Que para meu espírito aflito, refugiado torna cativante!

Caxias - MA, 12 de abril de 2014.

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MANHÃ BUCÓLICA

 MANHÃ BUCÓLICA
Elany Morais

Era uma manhã, mas não era uma manhã como todas as outras: passos sucessivos, paralelos ao verde exuberante, formavam-se uma ampla moldura sob a sinfonia dos pássaros. O sol abria os olhos numa alegria radiante como que tivesse passado a noite nos braços lunar. A brisa fazia seu trabalho com amor. Os olhos verdes, verdes como o mar, contemplavam extasiados, a beleza natural. A presença divina era sentida e a pureza do cenário era a carta de boa novas.

 A simplicidade desfilava sem nenhum pudor, ali ela era livre para ser boa. Saltava aos olhos a liberdade canina. Eles( os cães) podiam gritar e calar pelos simples prazer de experimentar sua capacidade de expressão. Corriam de um lado para outro, vivenciando todas as possibilidades de locomoção.

Mas tudo isso era apenas um sonho bucólico, com hora para findar, pois o tempo corria, corria sem parar. Como num piscar de olhos, a faina diária ganha corpo, com suas pressas, indiferenças, ambições, preocupações, ilusões ... Pronto, o cenário foi borrado. Jogaram preto no verde. Mesclaram funk com Bettoven... Tudo ficou rude, frio e desbotado. Passos aceleraram-se para o recolhimento.

Caxias - MA, 12 de abril de 2014.
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

BOCA DE FORNO

BOCA DE FORNO
Elany Morais

Minha boca, como portas abertas, não se fechará diante as injustiças mórbidas, assim como faz as plantas, que ignoram seu destino de destruição. Ela se estreita na pressão, contudo não se rende, pois rendição é palavra sem utilidade na faina existencial. Como em mar aberto, minha língua nada sobre as ondas revoltas, ela flutua, acima da insensibilidade humana, obtida na confusão de valores sórdidos.

Meus lábios não desconhecem o cumprimento das profecias. Como borboletas em festa, o tempo duro faz pirueta no ar. Porém, minha boca não pode, não consegue se calar. Não, de forma nenhuma, não quero mergulhar no mundo do silêncio sujo, pois repudio o cruzar dos braços e a justiça do santo mudo.

Silenciar-se, nesses tempos cinzas, não é ouro. Vozear pelos que perderam a voz faz-se urgência, porque  muitos, apenas com um olhar, bramem, vociferam, timidamente, por uma tão almejada clemência.

Caxias - MA, 09 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais



COISAS HUMANAS

 COISAS HUMANAS
Elany Morais

É sempre assim: um assombro surge a toda hora,
E se anoitece, a loucura humana me apavora.
Viver assim, causa-me fadiga,
Pois esse repetir é uma luta antiga.
Valores falados é uma doutrina morta,´
Por isso, vejo a vileza humana bater a minha porta.
À cada hora, meus passos querem fugir devagarinho,
Para não mais ouvir tantos ais,
Mas o minha agonia se instala de mansinho.
Quem não acordar para os assombros, poderá ser tarde demais.

Caxias - MA, 09 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais


 

terça-feira, 8 de abril de 2014

PROFISSÃO DE FÉ

PROFISSÃO DE FÉ
Elany Morais

Ensina-me a fazer um rosário de alegria. Pacientemente, contarei conta por conta, sem me fadigar. Ensina-me a apagar as chamas que destoem a próxima prece. Instrui-me a prender a vontade de fugir. Diz-me como posso não mais atirar palavras ao vento, num tempo, que sempre passará e que jamais voltará. Ensina-me a não me conformar em ver somente as nuvens passarem. Confessa-me a conjugação estelar noturna. Conta-me como dizer adeus sem o aperto cruzado no peito. Revela-me o segredo de rasgar o véu, onde se encontram todos os mistérios da existência. Não oculta de mim: como dizer até logo, querendo ficar. Não me repasse a herança da prisão dos passos velozes. Vigia-me as lições da ausência indesejada. Revela-me a geometria do amor perfeito. Conserva em mim o temor da batalha fútil. Ajuda-me crer no que é possível, desilude-me da eternidade ilusória. Ensina-me a criar o que não me será ofertado. Deixa-me cantar a canção dos mudos. Desvirtua minha pontaria única. Reza comigo, pois o baile parou e os pés juntaram-se na poltrona dos esquecidos.

Caxias - MA, 08 de março de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais



AGORA, ENTRE!

AGORA, ENTRE!
Elany Morais

E agora?
Sem essa monotonia,
Sem os azar dos fatos,
E com essa sintonia?

Meu coração tinha pouca
Alegria,
Por isso  a porta não estava aberta,
Ela nunca se abria!

E agora?
Sem o horror fechado,
Sem a luta regressa
E a porta aberta?

Eu vivia numa ilha,
De olhos fechados,
O teu riso era meu enfado!

Agora entre!
Meu passos não se vão.
Ajeita-me a alma,
Venha fazer morada
Nesse coração.

Caxias - MA, 08 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 7 de abril de 2014

CANÇÃO MATINAL

 
Elany Morais


Revela tudo o que não fiz
A canção matinal.
Meus ouvidos velam o som
E a letra que ela não diz.
Rega à baile, indiferente
A saudade que nunca senti.

Nas primeiras horas do dia,
Jogava indiscretamente  ao
Vento a melhor parte de mim
Que a ignorância na via.

Caxias -MA, 07 de abril 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

FLORES

FLORES
Elany Morais

Vermelhas, azuis, pretas, rosas.
Nas noites são beijadas pela lua,
Ao dia, sorriem toda prosa.
 
São festivais de nomes: lírios,
Orquídeas, magnólias, cravos,
Todas dançam ao som dos rios.

Magia se espalha por toda e qualquer flor,
As almas leves se embriagam no néctar
E fazem de todo jardim um cenário de amor.

Caxias - MA, 07 de abril de 2014.

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domingo, 6 de abril de 2014

LINHA TÊNUE

LINHA TÊNUE
Elany Morais

Entre o amor e o desejo
Proibições são tolas e vãs
Entre o ódio e o amor
Há um fio que não vejo,
Mas fere todas as mentes sãs!

Entre a razão e o desejo
Não há qualquer esperança,
A emoção aproveita sempre o ensejo
E a vida se torna uma pura lambança.

Caxias- MA, 06 de abril de 2014.
 
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RESTAURAÇÃO DA SOLIDÃO


 Elany Morais

No obscuro dizer,
No indesejado silêncio,
Nas palavras sem nexo,...
Na rememorada canção,
Partiu sem nada dizer,
Reconstruiu os retalhos
Da temida solidão!

Foi-se como uma sombra,
Para nunca mais voltar,
Ficou o dia agonizante
E a noite com pesar.

Caxias- MA, 06 de abril de 2014.

DESEJO INDOMÁVEL

DESEJO INDOMÁVEL
Elany Morais

Meu desejo não me escapa:
Na noite, de alma nua,
Fixar-te numa moldura,...
Ouvir a chuva na rua,
Dissipar a sombra das folhas
E te beijar à luz da Lua!

Caxias- MA, 06 de abril de 2014.

ILUSÃO DA VIDA

ILUSÃO DA VIDA
Elany Morais

Que ilusão!

Não há vida nem morte, é uma miragem.
Não existe passado nem futuro: somente  o presente.
E o mais são coisas que a gente apenas sente.
Mas a qualquer momento, será a eterna viagem.

Abandonar a ilusão da vida! Ah, é preciso coragem.
Difícil é aceitar que todos vamos embora.
Só de pensar na partida, minha alma agora chora.
Pois é uma dura certeza dessa triste viagem.
 
Nem ao menos se sabe se vai ao céu ou ao inverno
Nem se haverá flores florindo na minha mão.
Isso é uma eterna incerteza como o sol de inverno.
Mas que resista essa agonia o pobre do meu coração.

Caxias- MA, 06 de abril de 2014.



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sábado, 5 de abril de 2014

VÍCIO

VÍCIO
Elany Morais

Que vício me satisfará?
Se não for amar, amar... E nunca desamar,
nenhuma vontade me manterá  na roda da vida.
É minha lei, inerente a minha lida.

Que vício me prenderá?
Se não for ser nós, sem nós... E nunca velar a cisão,
nenhum querer me susterá na eterna solidão.

Caxias- MA, 05 de abril de 2014.
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ABANDONO

ABANDONO
Elany Morais
 


 Era noite. Chuva forte. Os raios zombavam do meu temor. No peito, o vazio à beça. Pedir socorro era a salvação, talvez. As lágrimas acordaram no desespero. Brotavam uma a uma. Mas elas pareciam mudas. Os olhos acend...iam chamas. A dor gritava. Queria sair, partir. O choro veio, mas a compaixão não veio. Nenhuma mão, nenhum coração, nenhum desejo de amparo.

O peito partia-se, o lamento se ouvia, mas o consolo não havia. A voz querida não vinha, a compreensão não chegava, e o tempo cumpria seu papel para uma alma que se desesperava. Era uma vida que se esvaia, mas o outro não percebia. Era o auge do desespero, mas o desdenho do próximo não perdia o
ensejo.

Caxias- MA, 05 de abril de 2014.
HABITAÇÃO
Elany Morais

Entre o vale e o penhasco,
encontra-se meu habitar.
Fitar o brilho celeste é a...
saída para o meu pesar.

O chegar discreto da noite
traz mais uma esperança
para meu desesperar, as
estrelas sorriem para mim,
ensaiando o meu cantar.

Caxias- MA, 05 de abril de 2014.

terça-feira, 1 de abril de 2014

A MENTIRA MODERNA

A MENTIRA MODERNA
Elany Morais

Uma das principais características pertencentes a maior parte das pessoas da atualidade é a capacidade de mentir. É a grandeza da modernidade. A mentira está presente na religiosidade, na política, nas atividades... econômicas, no matrimônio...

Atualmente, a pulha por acreditar que passaria às escondidas, resolveu se vestir de outros nomes, como: ordem social, senso prático...Assim se segue. Esses disfarces renderam-lhe privilégios, valorização... Essa tão prestigiada ( vale lembrar que ganhou até um dia em sua homenagem: primeiro de abril) mentira, como ordem social, sente-se livre para praticar impunimente homicídios, roubos... E com seu vestido de noiva chamado senso prático, comete todo tipo de sandice, insanidades etc.

Hoje, na nossa sociedade, ela é rainha, e à cara limpa , reina no mundo. Por que não dizer que todas as pessoas agora são seus súditos? Quem a destronará? Jesus, Tolstoi, Rousseau, Zola fizeram um trabalho para a derrubada desta impiedosa, resta-nos dá continuidade essa empreitada grandiosa.

Caxias - MA, 01 de abril de 2014.

POR HOJE

POR HOJE
Elany Morais
 
Hoje amanheci limpa,
sem as dores de ontem. 

Hoje, o ódio não petrificará
minha face.
 
Não dormirei mais dentro
da batalha.
 
Agora, amar o transitório é
minha saída.
 
A inconveniência não mais
me culpará.
 
Sairei, sem pedir licença,
sem mágoa.
 
Caxias - MA, 01 de abril de 2014.
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais