Sou educadora e escritora

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

ARROUBOS DA PAIXÃO

ARROUBOS DA PAIXÃO
(Elany Morais)

A paixão  traz agitação e dor!  Como vive o coração
de  quem sofre os arroubos da paixão?
O espírito age no emaranhado  das coisas sentidas.
A quem cabe tão sorte?
Ao pulso que ainda sabe pulsar, a quem não
perdeu o dom divino das lágrimas!

Somente a música alivia as notas descompassadas
desse coração!

Coração que perde a vontade própria, que abandona
o destino quieto.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 19 de dezembro de 2015

SOMOS GUERREIROS

SOMOS GUERREIROS
(Elany Morais)

Nessa vida não somos guerreiros?
Eis a tua espada aqui, toma!
Quem não vence o medo ou doma
Tornará -se um verme dos carniceiros.

Se vais  fugir, não sejas o primeiro,
Lute como um gladiador de Roma,
Pois quando o medo assoma
Tornamo-nos eternos prisioneiros.

Essa vida parece um campo ou arena,
Onde se luta como se doma hiena
Ou vive-se por persistência como atleta,

Muitos querem viver até os cem,
Compreender o mistério da vida, ninguém
Nem o que habita na alma de uma poeta!

Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

AMOR DESFEITO
(Elany Morais)

Diz-me se algum dia por ti fui querida,
Se meu sincero amor  por ti foi eleito,
Se para mim já houve lugar em teu peito
Ou se foste apenas uma ilusão nessa vida.

Meu coração já alquebrado dessa lida,
Traz consigo um sonho de amor desfeito,
Não considera mais nenhum preceito
E jamais será uma alma redimida.

Nesse mundo obscuro que me afundo,
Sem teus beijos, teu carinho, tua ternura,
Abato-me como um inseto moribundo,

E teu silêncio com frieza estranha,
Impassível diante de minha cruel loucura
Faz-me alçar voo para o cume da montanha.


Caxias- MA, 16 de dezembro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

AMO-TE

AMO-TE
Elany Morais

Amo -te,  erga-te e levanta..
Não te desfaça dessa tal verdade,
És minha eterna amiga, minha fiel amante,
Não te esqueça dessa realidade.

No mundo, que me importa o restante?
A tua ausência é a minha saudade,
Sem teu amor o que é a liberdade?
Um minuto sem ti não é um instante.

Só quero isto, simplesmente
Que meu amor por ti seja uma virtude,
Mantendo-se vivo eternamente.

Ah, como imploro tão amiúde
Para ouvir o que o coração sente
E viver hoje o  que antes não pude!

Todos os direitos reservados a Elany Morais


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

DISCURSO DA INTOLERÃNCIA

DISCURSO DA INTOLERÂNCIA
(Elany Morais)

Nos últimos tempos, tenho observado atentamente o discurso de muitas pessoas sobre a orientação sexual homoafeitva. Com isso, tenho percebido um fato bastante curioso, nas falas, quando  se referem às relações homossexuais:  uma intolerância disfarçada ou uma tolerância falsificada. Há os dizem sutilmente: " não faz mal que você seja gay, mas que não seja perto de mim." Em outras palavras: não importa o que você faça,  desde que não vá a público. É possível constatar que para a maioria das pessoas qualquer posição que não seja oficial não deve ser compartilhada.

No período em que se discutia se deveria  ou não exibir o beijo gay na novela, em horário nobre, uma pergunta rondava a minha cabeça: se televisão, que já enfrentou temas tão difíceis, como adultério, uso de drogas, assassinatos,( até em noite de Natal já foi exibido cenas de homicídios) esquizofrenia, clonagem, hermafroditismo, racismo e enfrentou o publico conservador, que também é racista,  é contra as droga e é contra a quaisquer desvio da chamada norma padrão, por que iria deixar de exibir o beijo gay?  Na verdade, muitas pessoas não se importam que haja gays na novela, o que não pode é a expressão dessa orientação sexual, ou seja, " não importa a sua sexualidade, o que importa é que ela não apareça. Dessa forma, pergunta-se : o que há de tão difícil na sexualidade que é mais fácil encarar violências, assassinatos, adultérios e insinuações de condutas gravíssimas, mas não se tem coragem de presenciar uma demonstração de amor entre duas pessoas do mesmo sexo?


É fato que a sociedade conservadora normatizou a sexualidade humana. E é devido a essa normatividade que as pessoas criaram a ideia de normal. Mas há o que se pensar, quando se diz: " não é normal uma relação amorosa entre dois homens, pois não gera filhos." Sendo assim, faz-se necessário dissolver os casais estéreis, porque eles também não procriam. " Não é normal um casamento que não é abençoado pelas leis de Deus", nesse caso, é preciso se perguntar qual o Deus? Já que existem culturas, em que Deus apoia a poligamia e outras, não. Na cultura brasileira, a poligamia, não tem aprovação divina, mas existem culturas em que essa prática não é  abominada por Deus. Será que somente o nosso Deus é  verdadeiro? O das outras culturas é falso?

domingo, 29 de novembro de 2015

III SEMINÁRIO DE LITERATURA
Elany Morais

O III Seminário de Literatura, com a temática Letramento Literário, é um evento que se realizou nos dias 27 e 28 de novembro, pelo alunos do sétimo, oitavo e nono ano, da Escola Neyde Magalhães Araújo - Codó- MA, sob a orientação da idealizadora do projeto de leitura - Elany Morais.

O objetivo desse Seminário é  despertar o interesse dos educandos pelas leitura e possibilitar a interação deles com autores e as diferentes manifestações literárias. Além disso, este ano, o evento trouxe como novidade a apresentação de escritores modernos (vivos), com o propósito de incentivar a valorização da obra e do autor ainda em vida.



sábado, 21 de novembro de 2015

ALGOZ DE SI MESMO


ALGOZ DE SI MESMO
Por Elany Morais

É de osso, não é de ferro,
Embora o silêncio oculte o berro!
O que se bebe? É água doce,
Mas o rio não se alarga,
Porque o homem na alma trouxe
A ambição, que é amarga!
Há tantos carnavais!
Poucas roupas nos varais

E em cada peito muitos ais!

Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 15 de novembro de 2015

CRISE POLÍTICA BRASILEIRA


CRISE POLÍTICA BRASILEIRA
Por Elany Morais

Diante da situação política que o Brasil vive nesse momento, infelizmente, manifestações populares não acrescentarão nem excluirão nenhuma cor desse cenário. O país vive uma crise ética e política - talvez sem precedentes . Se compararmos a crise política com a econômica ou a internacional, vê-se que a primeira é mais fácil de se resolver, porém não é o que acontece.
Sabe-se que no modelo institucional brasileiro, o Poder Executivo só pode fazer o que o Legislativo determina. Quando não existe acordo em aprovações do que lhes são de interesse, ou seja, quando esses dois Poderes não conseguem se entender, certamente configura-se uma crise política e, consequentemente, o Estado perde a governabilidade.
Esse é um dos maiores problemas enfrentado pelo governo de Dilma Rousseff e, entre as opções de solução, considera-se a destituição da presidenta, com formatos e conteúdos diferentes. No entanto, não cabe nenhuma suposição, mas deve-se provar que Dilma cometeu crime de responsabilidade durante seu mandato ou um crime eleitoral.
O que se espera é que se a presidenta for destituída, deva existir uma corrente ou força política hegemônica capaz de garantir harmonia para que uma nova administração governe o Brasil. Mas a pergunta que fica é : existe essa força política no Brasil?
Não se pode negar que o mandato da presidenta é tão legítimo quanto ao dos governadores, deputados... É fato que a campanha foi extremamente mentirosa, mas não podemos esquecer de que foi e tem sido assim desde que os políticos desistiram de discutir a visão que têm para o Brasil e escolheram publicitários para dizer exatamente o que o povo quer escutar segundo o que indicam as pesquisas. A verdade sempre foi estrangulada, sacrificada pelas campanhas milionárias, junto ao cofres públicos, de onde saem os recursos para pagá-las.
Posso estar sendo utópica ao acreditar que essa crise política poderia se resolver com o fim do impasse do governo com o povo e o congresso Nacional. E digo mais: sou de acordo que quem elegeu Dilma Rousseff ajude-a governar o país, principalmente, o próprio PT, partido que tem a maior bancada da Câmara e a segunda maior do Senado.
Caxias- MA, 15 de novembro de 2015.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

É TEMPO DE MUDANÇA

É TEMPO DE MUDANÇA
Por Elany Morais

Tudo que pesa, estou jogando no lixo. Eu não sabia que um dia poderia ser assim. Nuca substitui os desgostos por goles de bebidas. Mas os carreguei na manga. As lembranças já me afogaram. As ilusões já foram minhas esperanças.  Já fui refinamento da carência. Agora, jamais terei o que não quero. Sempre fiz parte da maioria silenciosa. Mas chega o momento de jogar os cacos para o ar. Nem mais um semblante amargo. Há alguma forma de existência sem máscara? Nada de vexação passada. As sombras serão desfeitas. O que pesa afunda. Desafogar qualquer aborrecimento é lei máxima. Minha cabeça não é tribunal. Quem sabe já não foi?
Mudança é necessário. É preciso abandonar pesos mortos e enxergar novas matizes da vida. Quem disse que não podemos ser o que gostaríamos que fôssemos? Podemos, sim, desfazermo-nos de nossas confusões íntimas e nos reorganizarmos interiormente.
Mutação é vida, é confrontar-se consigo mesmo e com as aparências do mundo. E como não dizer que há desavenças nas mudanças? Agora estou como Érico Veríssimo, construindo moinhos no vento. Minha crença na imutabilidade foi-se. A vontade de permanência na estaticidade findou-se. Mudar é caro, mas pode ser lucrativo. Não mais me obrigo a carregar malas desnecessárias. É inadequado viver sob fardos. E por que não dizer que a inadequação nos impulsiona para mudanças? lugar para É sábio ceder o novo. A mudança pode restaurar tudo aquilo que o passado não pode consertar. Por isso, agora me penso mudando.


Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

JUSTIÇA

JUSTIÇA
 Por Elany Morais

Quem assim me fez
Inadaptável às normas da vida?
Minha doença é incurável!
Não sou príncipe ou princesa de cavalaria,
Mas a justiça pulsa forte na veia.
Não tenho ares novelísticos nem
Sou farta de letras. Mas tudo me importa
Mesmo que não haja porta!

De que me serve essa sensação humana?
Caio com Dostoiewski, mas julgo a
Fome, sem verso e sem nome,
Uma cena que não vale a pena
Repetir nos anais da humanidade!

Todos os direitos reservados a Elany Morais.


sábado, 31 de outubro de 2015

AS CURVAS DELA


AS CURVAS DELA
Por Elany Morais

Ela samba, toda faceira,
Julgando-se rainha talvez,
Dança e canta, com a voz cheia
De alegria por sua esperada viuvez!

Flutua como o voo da ave,
No ar claro como a luz lunar,
E suas curvas num movimento suave
Faz todo enredo sua vida contar.

Agora, o que a entristece?
Ela canta, exalta a lida
E dança como se não tivesse
Mais motivos para chorar na vida!

Ah, quanta emoção!
Não se sabe o que está pensando,
Apenas seu corpo vai ondeando!

Caxias- MA, 31 de outubro de 2015.
Todos os direitos reservados a Elany Morais.



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

BEIJO

BEIJO
Por Elany Morais

Qualquer beijo,
Por que não dá?
Se pedir,
Por que se desculpar?
Se não entender,
Assim mesmo,
Dê!

Em qualquer beijo,
Por que há culpa?
O beija-flor não beija flor?
Sem beijo não há de ser
Por isso,
Dê!

Beijo na praça!
A vida passa!
Sem beijo não há graça!

Sem ele não há de ser,
Vá lá...
Dê!

Não foi o beijo que trouxe
O que na vida há de doce?

Com o beijo veio
O frio no seio!

Sem ele não há de ser,
Vá lá...
Dê!
Caxias – MA, 28 de outubro de 2015.        


sábado, 24 de outubro de 2015

IMPERFEIÇÃO

IMPERFEIÇÃO
Por Elany Morais

Eis-me aqui, despida do parco orgulho,
Em busca do ombro que me apoia!
Teus braços são meu porto seguro
E teu coração traz o bem que me sobra!

Já não sou mais de toda ausente,
Minhas memórias descem a escada do tempo,
Sem tua luz, já não serei tão transparente!
O entendimento de mim segue um ritmo lento!

Por que habitar o terror de amar?
A imperfeição me emburrece!
Ou grito só ou ou tudo me emudece!
O que de ti me separa,
No meu entendimento corre e passa,
Deixando o meu amor impuro,
A perder de vista tudo o que poderia ser puro!

Caxias - MA, 24 de outubro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


sábado, 17 de outubro de 2015

QUE CORAÇÃO AINDA SABE AMAR?

QUE CORAÇÃO AINDA SABE AMAR?

O que na vida não há de se duvidar?
Foi-se no vento qualquer comunhão,
Resta somente a perguntar:
Amar se cansou nosso coração?

O amor não mais nos sustém?
Que segredos a vida tem?
Rezo contrita, perguntando,
Já presa pela angústia premente
Que amarra a garganta e sufoca a mente,
Se nenhum coração vive mais amando.

Nessa vida, só há vontade,
A crise paralisou todo pensar,
Força ganhou qualquer covarde,
Ninguém já não sabe mais amar?

Elany Morais


Caxias - MA, 17 de outubro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 10 de outubro de 2015

INDISPOSIÇÃO

INDISPOSIÇÃO
Por Elany Morais

A indisposição será talvez
um cansaço que não se faz passageiro.
Porém, permaneço a me erguer sobre
nuvens que se arrastam.
Embora a indisposição me lace
violentamente, eu canto e subo
como a  luz do sol, obsessiva em
sua direção frontal.

Caxias - MA, 08 de outubro de 2015.


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

QUALQUER DIA SE MORRE

QUALQUER DIA SE MORRE
Por Elany Morais

De qualquer forma se morre!
Se não se morre hoje de acidente,
Morre-se amanhã de doença
Ou com um dos piores males
Do mundo: que é a indiferença!

De qualquer forma se morre!
Quem não morre hoje de indiferença?
Qualquer coisa que se sinta ou se pensa
Se for uma verdade secreta
Para o mundo é uma ofensa!

De qualquer forma se morre!
Há quem morra hoje  de indiferença,
Mesmo que as mãos sejam dadas,
Que os corpos hirtos se enlacem,
Mas a ausência é imensa!

De qualquer forma se morre!
Como haverá recompensa,
Se, nesse mundo tão vil,

O amor é uma ofensa?

domingo, 4 de outubro de 2015

FOI-SE A MOCIDADE

FOI-SE A MOCIDADE
Por Elany Morais

A juventude foi-se como um temporal triste,
Levando as nuances que coloriam os dias.
Agora, parece-me que nada mais existe,
A não ser a salvação na fantasia!

E o que ainda me resta?, Eis-me alquebrantada!
Com olhares indiferentes, ai de mim!
Sinto-me agora como pano esfarrapado,
Cheio de buracos, sem o encanto dos jardins.

Hoje, o que me sobra não é o que cobiço,
Pois terreno escuro, indesejado e alagadiço,
Nele, flor alguma se verá desabrochar.

Mas o que o tempo fez jamais será desfeito,
Só me cabe suportar a dor que tem no peito,
E a certeza de que o fim há de chegar!

Caxias- MA, 29 de setembro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


terça-feira, 29 de setembro de 2015

BELEZA NATURAL





Absorta ao luar, submersa nos horizontes,
Não deixava de contemplar
As folhas dos pinhais, a imponência dos montes
E as ondas verdes do mar.

Se disso, indiferentes passamos,
Não sentiremos a pureza das flores,
A vida será apenas um caos exteriores
E jamais seremos o que sonhamos.

Sem vida interna, jardins não colheremos
Mesmo que víssemos a aurora nascer.
Solitário no mundo sempre seremos,
Se não deixarmos a beleza interna viver.

Elany Morais

Caxias - MA, 27 de setembro de 2015.


domingo, 27 de setembro de 2015

PEDRA FRIA

PEDRA FRIA
Elany Morais

Eu gosto de sentir na pele
O fogo que de tua boca vem.
Não quero ser como pedra,
Incapaz de amar alguém.

Como não sentir amor,
Se tu navegas em minha vida!
Não quero ser como pedra,
Incapaz de ser ferida.

Minha natureza é te amar.
Estás, em mim, sempre presente.
Não quero ser como pedra
Que nada e nunca sente.

Fico no jogo do amor incerto
Que não me faz em ti segura.
Não quero ser como pedra

Sempre livre da amargura.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

RITUAL DE LIMPEZA

RITUAL DE LIMPEZA
Elany Morais

Não sou divertida. Muitas vezes, fecho todos os orifícios para a entrada de corpos estranhos, em meu mundo, isso para que não estraguem minha festa particular. Minha companhia é a minha preferida, ou seja, gosto de ficar comigo mesma. Raras vezes, convido alguém a entrar e cear comigo. O que mais me exaspera é quando alguém aceita meu chamado e entra sem cuidado, além de fazer folia em meu coração e sair sem avisar, deixando tudo desarrumado. Isso me faz gastar tempo, colhendo meus pedaços voados a quilômetros. É sempre um desgaste expulsar um convidado. Tenho que por o coração na mão, o cérebro no ar e dá um abraço, congelando lágrimas e, mesmo assim, ainda corro risco de me machucar com as bolhas cristalizadas.

É sempre o mesmo ritual: limpar a casa para ficar confortável comigo mesma. Por isso, de agora em diante, se alguém desejar viajar comigo, será necessário se planejar, embarcar com cuidado, retirar toda poeira que carrega consigo, para não manchar minha morada, se fizer isso, faz bem.



Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 19 de setembro de 2015

VIOLÊNCIA NA VILA

VIOLÊNCIA NA VILA
Elany Morais

Havia vidas, na vila,
regadas ao som de violão,
mas houve vozes vorazes
e vida levada por um vilão.

Houve silêncio, na vila,
na falta da vida dela,
chorou convulso o violão,
na vila que era bela.

Houve dúvidas, na vila,
quando só vozes vinham do vento,
o violão não mais valsava
nem chorava o seu lamento.

Caxias- MA, 19 de setembro de 2015.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DESGOSTOS PARA TODOS OS GOSTOS

DESGOSTOS PARA TODOS OS GOSTOS
Por Eany Morais

Lamentações, lamentações, um monte de inutilidades. Por que lamentar? O desgosto sempre virá, calado, taciturno, em seu horror, com vestes sepulcrais. É no silêncio que ele nasce, arrancando de nós os nossos tristes ais. Será que há como desvendar a causa desse mal que nos faz tão outros e outras? Quantas vezes já fui rasgada pelas unhas do desgosto! E quem não se teve sob suas garras afiadas? Até Ricardo Reis quando disse que não teria mais desgosto foi por puro desgosto. 

   Ah! Por que não querer o que se tem e desejar o que nunca haverá de se ter? Se diferente fosse disso, teríamos alegrias sem ter  desprazer.  Até penso que se gostar fosse desgostar, todos gostariam. Quem sabe não estamos seguindo o conselho de Marce Proust, que considerava  o desgosto condição primordial para o desenvolvimento das forças do espírito! O fato é que existe de tudo para todos, como há desgostos para todos os gostos. Bem me lembro de  Doantien Alphonse François que proclamava que seu maior desgosto era saber da inexistência de Deus, assim, jamais teria o prazer de insultá-lo, e o desgosto daquele que entrou numa fábrica para pedir um emprego e de lá saiu empregado? Há também o desgosto daquele que vive a esperar a extensão da linda da vida, mesmo sabendo que o imite é o nada.  O desgosto de Caio Fernando Abreu também entra no rol dos inusitados, ao proferir: " E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."

Enfim, cada um com sua faca afiada submersa em sua alma


Caxias - MA, 16 de setembro, de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

sábado, 12 de setembro de 2015

CHAGAS ABERTAS

CHAGAS ABERTAS
Por Elany Morais

Sobre estas doloridas, escuras chagas
Que o tempo impiedoso vem carcomendo
Estão negras lembranças na alma doendo
Como dói na pele o fogo da larva.

Razão lógica, o espírito me indaga
De meu destino, das dores vencendo
E mal de mim que estou bebendo
As profundas mágoas e eternas chagas.

Desperta para os males, inconformada reclamo,
Não sei se morro ou de dor eu corro,
Mas solto gemidos e lágrimas derramo.

Por que não vem do céu o meu socorro?
Se eu não amasse, mas eu ardo e amo,
Por que não há nada que me sossegue?
Agora não sei se vivo, ou se eu morro.


Caxias - MA, 12 de setembro de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SOMOS ALGARISMOS?

SOMOS ALGARISMOS!
Por Elany Morais

Em nós, o que sobra além de números? Até o si de cada um tornou-se um número perdido na imensidão espacial. Se fôssemos gente certamente não seríamos números. Pelo visto, reduzimo-nos a folhas secas em agosto nordestino.

Quando se nasce, vem-se primeiro o número, depois o nome. Em casa, é-se o primeiro ou é o último. Na escola, o número se sobrepõe o nome. Adeus, João, agora tu és o 1. É necessidade ou vício de enumerar? Eu algarismo, tu algarismas, todos algarismamos e, assim vamos nos tornando cifras. Penso que jamais sairemos do universo da contabilidade. Ah, agora mesmo preciso contabilizar o tempo que gasto divagando no que poderia ser, mas não é e nunca será.

Atentamos para isto: até a qualidade de vida, que não há, é representada por números. O que poderia ser viver bem é apenas algarismo. E se é para contabilizar, certamente, a qualidade de vida de muitos é zero. Sou lenta mesmo, ainda não consegui entender como se conta o que não se vê. Conhecimento é calculado, somado, computado... Aprende-se e não se aprende de todo tanto. É zero para quem não repete o que digo e dez para papagaio imitador. Não sei se tem número para dor. Mas tem nível. Se tiver número para dor, que meu doer seja zero! Na verdade, quero ser tudo, menos um número. Na minha identidade, na minha carta de motorista, no meu título, no meu registro de nascimento sou número. Em qualquer lugar que chego, sou reconhecida apenas por algarismos. Na escola, passei anos com identificação  9 ou 5. Vez por outra, eu até esquecia que eu tinha um nome, cheguei a pensar que eu não era nominável ou que meu nome não fosse palatável. E como sempre, meu pensamento era apenas pensamento, a realidade estava longe do meu entender.

Às vezes, sou traída ou vencida pelo o que não me apetece, pois muitas vezes, pego-me a tentar medir sentimentos que há em mim, como o amor. Então lembro-me da célebre frase, da eminente escritora brasileira - Clarice Lispector: "não existe número para o amor" Isso me consola e me conforta. Mas de repente sou assaltada pelo pensamento de que  estamos chegando ao amor zero. Mas meu imenso desejo é - Já que há número para quase tudo ou tudo - que o número do amor seja dez, pois  já basta o zero da nossa posteridade.


Caxias - MA, 09 de setembro de 2015.

sábado, 5 de setembro de 2015

HOMENAGEM AOS POETAS CAXIENSES

 HOMENAGEM AOS POETAS CAXIENSES
Por Elany Morais

Recitar poetas vivos é dá mais um sopro de vida ao poeta. Ontem eu fui agraciada com mais um sopro de vida. Pois fui uma das homenageadas pelo projeto teatral, da Universidade Estadual do Maranhão, coordenado pelo professor Elizeu Arruda, grande incentivador da leitura e da arte, junto com os alunos do CESC-UEMA. O auditório do Centro de Estudos Superiores, de Caxias, estava completamente lotado de universitários e convidados. Todos pareciam se comprazer em prestigiar o brilhante evento. Como não se sentir honrada e gratificada com um acontecimento desse?
A I Mostra TEALE E VIVART encerra hoje (05-09- 2015). É um evento que consiste na encenação de peças teatrais produzidas por grupos de teatro coordenados pelo escritor, teatrólogo e professor, da Universidade Estadual do Maranhão - Elizeu Arruda. Ontem, 04-09-2015, foi apresentada a peça intitulada Três poetas e uma competição, tinha como objetivo homenagear os três poetas caxienses: Nereu Bittencourt, Jorge Bastiani e eu - Elany Morais. Fiquei imensamente encantada com a apresentação dos trabalhos artísticos. Dessa forma, só tenho a gradecer aos artistas, que tão bem representaram minhas obras e, principalmente, ao brilhante professor Elizeu Arruda, que é um amante do conhecimento, da arte... Obrigada!!!!


Caxias- MA, 05 de setembro de 2015.orais

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

EGOÍSMO
Por Elany Morais

Essa de se agarrar no existir faz o egoísmo ganhar formas desproporcionais, tornando-o ilimitado. O temor do abandono pela existência é a raiz de uma luta incessante, em que tudo vale para não deixar de ser seja lá o que for. Mas não basta apenas existir, há em nós, o desejo ambicioso e astronômico de viver com mares, sem dores. Queremos muito, queremos tudo sem perder nada. As privações são nossas ameaças mais potentes, são nossos eternos fantasmas, “nada pouco camarada”.
O bem estar no existir é nosso ouro mais almejado. Por isso nos valemos de qualquer ação, na tentativa de usufruir uma existência repleta de alegrias e prazeres. Mas apesar de tantos esforços egoístas, a ingratidão da vida nos atinge, empurrando-nos para o inevitável. É disso que provém nosso egoísmo doentio de querer ser, estar,  viver com prazer, independente de cabeças pendidas, de sangue vertendo das veias alheias, de olhos aflitos, de bocas convulsas...
É o egoísmo que exalta, alimenta e fortifica nossa vaidade. Esta, na certeza da fonte insecável, adquire o poder de existir nas mais diferentes formas, seja disfarçada de boa moça, ou oculta -sempre num invólucro de humildade.
Inútil. Tudo é inútil. Ninguém escapa da inexistência ou de um existir com dores, ilusões ou desilusões .Tudo é apenas presunção que veio na embalagem humana.


Caxias- MA, 02 de setembro de 2015.


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

DESFAÇO

DESFAÇO
Por Elany Morais
O que fizeste, posso desfazer
E se desfaço, como podes
refazer o que nunca deveria
se fazer?
E se nesse rema-rema, tu te cansares,
Teço infinitas linhas porque
Meus pés nunca descansam.
Se acreditas que nessa trilha te envolvo,
Engana-te, só te devolvo
Aquilo que em mim não desenvolvo.

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terça-feira, 25 de agosto de 2015

DESUMANIDADE

DESUMANIDADE
Por Elany Morais

Quando chegaremos ao estado de humanidade?" Quando deixaremos de ser a sombra da vara torcida"?  Quando, de foto, seremos seres humanos? Ainda não somos humanos, prova disso: o mundo está em cinzas. A vida dos outros tornou-se apenas um rabisco, sendo apagado por qualquer desgosto ou contrariedade. Ou seja, a morte alheia tornou-se algo banal. O negativo tem ganhado formas gigantescas. As mentes estão sofisticadas para qualquer tipo de violência.

Em se tratando de " gente" brasileira é visível as facetas de quererem mostrar serem o que não são, mas que deveriam ser. Não sei se me engano, mas acho que já disseram que o Brasil é o paraíso no meio do caos. Se isso  foi dito, certamente, não foi por acaso, pois aqui temos de tudo ao que se refere ao campo da negatividade: desigualdade social, tortura em delegacias, masmorras modernas, violações dos direitos humanos, desrespeito ao trabalhador, elite preconceituosa, imprensa controlada,  a propagação do consumismo desenfreado, pelos meios de comunicação, a polícia não mais inspira segurança ou confiança, por ter se transformado em exterminadora, não do futuro, mas de pobres e negros do presente,  o sistema judiciário é lento, complicado, ineficiente, e atua sob a suspeita de favorecer os mais abastados, abastados também de desumanidade, a corrupção criou raízes e ramos para todos os lados, está generalizada, incrustada em todos os poderes, ou melhor dizendo, em todo lugar, a violência evolui, ganhando novos formatos, novas versões, a espalhar suas sementes em todas as direções, atingindo todo e qualquer terreno... Então, diante de tudo isso, ponho-me a pensar: o que mais esperar de quem deveria ser humano? Será que um dia seremos gente?


Caxias - MA, 25 de agosto de 2015.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 23 de agosto de 2015

O BEM QUE VEM DAS FLORES

O BEM QUE VEM DAS FLORES
Elany Morais

São as flores que me vêm com sorriso largo,
Com beijos doces, abraços e ternos afagos.
Então, rendo-me ao que cheira. Sinto o
Perfume que vem das flores.
Elas exalam a pureza e as linhas que
Tecem o bem.
 Delas vem para fora a flecha
Que ativa, do nosso peito, a sensibilidade,
A via humana, que tem gosto de vida eterna


CAXIAS- MA, 23 de agosto de 2015.
Todos os direitos reservados a Elany Morais