Sou educadora e escritora

sábado, 31 de agosto de 2013

INCONSTÂNCIA

De repente, tudo fica estranho, irreconhecível. O que tinha sentido, torna-se insignificante. Tudo muda de cor, ou melhor,t udo fica desbotado. O doce torna-se azedo .A flor perde sua vivacidade, a pétala não resiste o pesar do tempo e se esfacela num clamor cortante. Tudo vira nada. Os sonhos não tem mais sentido. O sono já não é mais prazeroso.A busca cessa, a vontade se esvai, a culpa amedronta. A mala não se faz sozinha.Os pés precisam de comando. O cérebro está inerte. As vozes sabem aborrecer. O vento artificial é a certeza da imitação barata. A natureza se revolta,meu corpo se revolta. Tudo já não pode ser como era antes. O grande tornou-se pequeno. O grande é ambição. O pequeno é impotente. A caminha não tem destino certo. O caminho tem outros rumos. Olhos já não veem,a visão está embaçada. A garganta já não grita. O medo se anulou. A coragem é um ser estranho,tudo é estranho, tudo está confuso. Todo momento é uma despedida. Despedida que parece infinita. Mas qualquer dia é o último dia.

  Elany Morais

 ANÁLISE  LITERÁRIA,DE NÉA TAUIL   
De repente representa a vivência da ausência inesperada e do silêncio sem sentido. Nitidamente os sentimentos vividos quando de repente perdemos
nosso bem mais precioso é irreconhecível, "tudo muda de cor, ou melhor, tudo fica desbotado. ...

" tudo vira nada" quando o desgrudar súbito adentra nossas entranhas. De repente marca um momento de dor insana porque as interpretações do "cérebro inerte" não puderam corresponder as expectativas
criadas para saciar as necessidades de amor, atenção e reconhecimento. Sim, De repente "qualquer dia é o último dia.

Você é muito poderosa,Elany,escrever bem assim só em Caxias."
Néa Tauil Tauil

Todos os direitos reservados a Elany Morais e Néa Tauil

CONTRA -MÃO

 
Cátedra vazia

Cratera sem fim
Som em agonia
Tristezas em botequim.

Camas vazias
Lençóis com seus florins
Amores em melancolia
Despedidas sem flautim.

Casas em desolação
A vida se revela em seu passar
Sentimentos resvalam na contramão
Bonança na mente a esperar.
 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

O PRINCÍPIO DO FIM

Com olhos perdidos  na imensidão do mar,minha alma persegue a finitude sem medo.O coração vítreo não mais se colore. De dias a existência está farta. A crença na magia infinita, sem dor, empalideceu. No peito, cacos brilhantes chocalham sangue inquieto.Todas as manhãs são escuras e frias.Todos os sonhos já foram esfacelados. A solidão evoluiu, casou-se com o vazio existencial. Meus passos dançam em descompassos.
    Minha mente, sem cuidado, deletou acreditar. Não há mais linhas nem entrelinhas. Meu juízo tornou-se indiferente a tudo. Cinzas são o que me preenchiam. Ficou o caco em declive. Meu ser não mais  se prende à linha tênue. Minhas viagens são frustrantes e delirantes. A força da finitude sempre esteve enraizada nas minhas entranhas estranhas .Não quero consertar  pleonasmos. As chamas banharam-se em neves. O cantar é um monótono. As vozes são monólogos insanos .Os trovões perderam a sua linguagem sacudida. O barulho é triste. O ar não mais instiga. O tormento tem peso de morte. As palavras dizem que o fim chegou.


Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

SOLIDÃO

 
Quem disse que solidão se cura com insulina?

Discordo que o melhor da vida seja o ócio!!!
Minhas dores não são curadas com aspirina.
Amar sempre será o melhor negócio.

Há sempre solidão em qualquer quarto.
Não desconheço esse cruel desalento.
A vida não é um investimento barato.
A descrença está sempre no pensamento.

Viver pode ser a maior estupidez.
Vestindo-se de tudo que não serve.
Falta de coragem é resultado da embriaguez.
Muitas vezes a coragem de seguir se manifesta.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

FOI-SE


Foi-se.Levou consigo a imagem que mais me encantava e a temperatura de nossas mãos.Foi-se,deixando a porta entreaberta.Nossas alianças solitárias cintilavam.O desarrumado de nossos lençóis denunciavam sua partida.
  Foi-se,levando toda minha coragem,meu barulho,minhas frases vacilantes,minhas urgências,meu abrigo.
 Foi-se,deixando minha insônia,meu medo,minha farsa,minhas flores desbotadas,minha pressa e meus recados ilógicos.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

SOM AO LONGE




 Transporto,em meus olhos,segredos sem medos. Meus segredos eram verbos,mas agora é apenas melodia.Transporto,em meus olhos,uma madrugada de maio.Minhas madrugadas eram silêncio,mas agora eu as sinto como uma sinfonia.Transporto,em meus olhos,a fusão das águas.Minhas águas eram a calma celeste,mas agora eu as vejo como um som funesto.

ElanyMorais

Todos os direitos reservados a Elany Morais


LEVEZA



 Luto,lamento,leitura,
tudo na vida tem cura
alegria vai embora,a tristeza dura...
Leve,livre,loucura
a vida passa,o que não passa dura
A vida fica mais leve com literatura.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ENCONTRO


Nas andanças de minha alma vagante,todas as faces transcorriam por mim como o voo do beija-flor.E meu ser vibrante vertia loucura por todos os poros,no desejo desenfreado de encontrar o encaixe do túnel ainda em aberto.Vivia no conflito da espera.
  Agora vomito sem receio que ela era eu,não sei se era minha versão melhorada,algumas vezes,eu caia no abismo da incerteza dessa versão aprimorada.O espelho deixou de ser necessário para fitar o que era apenas visível superficialmente.
  Todos os nosso pontos internos se entrelaçaram rapidamente.Nossas inconstâncias deram-se as mãos.Saímos de braços dados pelo mundo da incompreensão,da inacessividade...
 Fomos vagando pelo  mundo perfeito da fantasia,do amor,da prosa,da poesia...Da vida além,aquém,dos encontros inesperados,impensados,mas desejados.
 As horas para nossos eus não existiam na sua limitação.Era um delirar aqui,ali,acolá.Eram risos descompensados,rasgados,descuidados,livres,impudicos.Eram choros vibrantes,angustiantes...Era o encontro das dores das almas errantes,perdidas,sedentas,desejosas do amor eterno,perfeito,mas sem jeito para a inexistência do imperfeito.Eram idas e voltas,tentativas de encaixe,de lacre,de invasão,de morada na habitação de duas almas encontradas em suas supostas eternas moradas.
 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

INCERTEZA

 
É aquela que fere por eu não saber sentir o universo sob as cortinas.Faz cair sobre meus olhos a fingida proteção da certeza.Impede que minha alma viva em festa,dilatando meu brilho fusco sobre o perigo.Arranca a liberdade de meus fios rebeldes.Prende o ar sibilante para não congratular com meu ser exigente.Desgasta minha busca obsessiva de soluções. É precisa, é habitação de minha agonia.Está plantada na  indesejada dúvida.Fragmenta meu tímido saber.Obriga-me  a velar pela verdade.Joga às alturas minha raquítica lucidez.Lança-me na garupa do temor.Faz-me experimento oculto.Torna-me complexa.Descarrilha-me.Priva minha audição.Seca a água do meu pulo profundo.Trai-me todos os dias.Desespera-me na espera.Presenteia-me apenas com vivências.Embaça a vivacidade da minha flor.Põe-me em uma redoma transparente.Não me apaixona.Cansa-me.Traz-me o peso das reflexões.Mostra-me o sucesso sob linhas curvas.Mostra-me a verdade com roupagens de engano.Seus olhos vivos ao meu redor são ameaçadores.Borra meus encantos.Faz-me marciana no mundo das certezas.Desmonta minha força divina.Frustra minha esperança de mais uma viagem desconhecida.Oferece-me a sensatez indesejada por mim.Abarrota-me de sonhos desconexos.Não permite que meu mundo se finda na hora pensada.Não me permite conhecer meu querer.Esfacela meu amanhã.Faz rotas minhas decisões.Estreita meus caminhos.Fecha meus conceitos.Impede minha caminhada livre.Desbota minha imagem impressa.Vislumbra meu lençol amarrotado.

 É aquela que desdenha da minha beleza.É,sem mais dúvida,a INCERTEZA.
 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

DESEJO


Eu quero...

Acariciar teu rosto,
tocar teu corpo
para saciar meu
desejo louco.

Eu quero...

Beijar teu seios,
ganhar teus beijos,
me afogar no mar
dos teus desejos.

Eu quero...

Resvalar em tua barriga,
sentir tua saliva,
viver do teu amor
para me sentir mais viva.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais




 

GAIVOTA

GAIVOTA
 
Nem sempre podemos mover todos os sentidos quando o maior desejo se resume numa saudade. Embora eu seja assim:
Toda embaralhada possuo o poder de amar mesmo sabendo que você se faz efêmera em noites de solidão pura.
 
De todos os abraços o seu deixou uma flor tão bonita que a minha poesia se sente ancorada por não ter metas a seguir.
 
Sei que vou viver você durante muito tempo.
Sei que vou subir ladeiras com o seu fascínio e chorar pelos cantos em segredo quando a fé falhar me colocando frente ao espelho.
 
Hoje, um século ou um ano se passou nas vinte e cinco horas de prazer e dor onde buscamos acordes para as mais loucas canções.
 
Hoje, me perdi com seu vôo escarlate cortando as fronteiras do abismo que criaram por nós, mas se acaso me encontrar não diga nada apenas me perdoe.
 
Néa Tauil
 
Todos os direitos reservados a Néa Tauil

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ABANDONO



O abandono é uma arma impiedosa. É afiada,cortante.Rasga a pele,penetra a carne sanguenta.
O abandono nos faz mendigar amores alheios.Corremos desesperadamente,sem ter linha de chegada.Jogamos para o vale sem fim nossa dignidade.Cegamente,seguimos em caminhos tortuosos para fugir dessa arma alada.
 O abandono é força potente,deixa nossa alma aos cacos,sem chance de exílio.Resseca o coração sem tempo  de verter qualquer líquido por maior que seja o orifício.
 O abandono são garrafas pontiagudas,arrannham todas as camadas do revestimento do nosso ser.Lançam-nos nos porões sombrios da alma.Deixam-nos  num existir solitário.Num ver demente,sem amplidão. É só ausência.Falta-nos a metade.O partir é dilatado.As portas se abrem para o túnel.As tentativas são frustradas.O avesso é revirado para o revesso.O amanhecer são todos iguais.Nunca há recomeço.Liberdade é utopia.Implrorar é reza repetida.As palavras sem limitam.O valor do dito é limitado.A vida torna-se uma fenda.Os pés são vacilantes.A cabeça não é guia.Todas as noites são frias.Esperar é fonte de tortura.A luz é fugitiva.Tudo é vazio.
  O abandono é o  espinho das almas cativas por véus e correntes abstratas.



 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

MONOTONIA



 Não me dou por vencida.Esperneio incansavelmente.Minha indesejada tenta soterrar minha alma.Recuso seus abraços monótonos.Minha rebelião é silenciosa.Não quero ancorar.Quero alçar voos em infinitas direções certas e incertas. Mas a ...
rotina anda a galope ao meu alcance.Seus pés são asas agigantadas.Insistentemente,ela se achega a mim,violentando-me.Porém,sempre me recomponho.Fico possessa de novidades.Sacudo o ritual das horas mortas.Pisoteio as repetições desnecessárias.A mesmice não mata minha fome de êxtase.O mesmo de ontem me desencanta.O novo me alimenta.O nunca sentido me lança ao encontro do mundo.O nunca visto me espanta.Circula meu sangue.Dilata minha alma comprimida.A penumbra se ilumina.Resignadamente,aceito a sina de fugir eternamente da rotina.
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany morais

LOUCURA

Minha loucura é escancarada.Revela as amarras das almas cativas.Cria o inexistente em plena consciência.
 Minha loucura profana é meu juízo sagrado.Ela corre pelos caminhos espinhosos da minha demência.Eu desconcerto o que parece certo.
  Meu sagrado juízo é resultado de um despertar de sonhos mascarados,vestidos de correntes.Nessa minha profana loucura impudica encontrei a liberdade em plena segurança.Ela desflora caminhos nunca trilhados.Dar-me voo  inalcançáveis.Desenha meus olhos no mar ao longe.Minha loucura não me permite dá nomes para o que  ocupa meu ser.Meu tempo não tem data.O redemoinho é minha canção.Estendo  meus braços para quem entende meu coração.
 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PASSAGEM


 

Nessa gangorra,o poder é efêmero.O certo é incerto.Ida é chegada.Insanidade é lucidez.Curva é linha.Desbotado é preferência.Sofrimento é referência.Tempestade é aventura.Medo é proteção ou alienação.Tudo pode,mas não pode.É relatividade aqui,ali e em tudo em que não se ver.Promessa é segurança.Nascimento é vacilo.Morte é caminho do leite e mel ou do fadigar eterno.Voar é poder.Imergir é fragilidade.Vencer é para sempre,ora é sortilégio.Rir é máscara.Verdade é insulto.Vulto é discrição.Artificialidade é valor.Autenticidade é afronta.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

ACASO

Vivo do acaso,de linhas que se cruzam.Não posso me ocupar do mundo.A folha seca não cai porque quer.Não sou o que quero ser.As dificuldades não me fazem forte.Criatura passional,impulsiva,eu sou.Não prevejo punhaladas que tomarei pelas costas.Nunca aprendi o jeito de ser gente.Tenho necessidade de pertecencer ao mundo dos milagres.Mergulhei naquilo que não é dito,compreendido. A minha lucidez ou a minha insanidade faz de minha vida o Inferno de Dantes.Minha paixão não tem exatidão.Tenho medo a alegria.Ela é sempre perseguida pelo infortúnio.Este é covarde,nunca anda só.Amo quem me tira do tédio.Vivo na montanha russa.Não sou casta.Não sou profana.Tenho um desinteresse manso pela repetição de coisas,de dias.Às vezes,sou burra de tão doce.Sou a soma de todas as incompreensões.Eu como o objeto amado.Minhas esperanças são solitárias.Eu estou no entendimento de alguma alma limpa e branda?

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

EU

Transformo-me em aço para quebrar o gelo dos corações.Mas minha esperança perde os movimentos e o meu suplício é lento.
Meu ser não desiste,pois meu amor não sacia.A espera é longa.A sede é grande,ela corrói minhas entranhas como ferrugem....Minhas lágrimas perola sangue como mar revolto em suas ondas.Teço percurso em busca do tesouro escondido nos corações empedernidos.
Sinto-me sentada na sarjeta.As rosas já não cheiram.Os raios já não brilham.Os beirais já não são mais dos bem-te-vis.Estou farta de saber.Minha cabeça está nua.Mas não fujo à luta.Penso: não falarei mais.Um amor infinito invadirá minha alma.Mas minha tristeza volta sempre.Vejo-me esquecida por todos.Sinto-me criança no paraíso da melancolia.Minha inteligência fica em desordem.Não encontro doce nas gentes.Vejo olhares azedos e navalha nas palavras.Eu avanço no lamaçal.Volto sempre de asa incompleta,sem amor e sem vigor.

Levanto a cabeça.Deixo meus olhos até onde alcançam a cada passo da imensidade de minha busca.Dentro de mim,existe um universo de amor.Porém meu espírito está turbado de dor.As horas são fatídigas.Meu coração ainda pulsa.Não vou recear de lutar.


Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

terça-feira, 27 de agosto de 2013

IMENSURÁVEL

 
Não existe instrumento para medir meu passado.

Não existe acesso para meu código secreto.
Não existe feridas para meu espírito sarado.
Não existe ódio para meu sublime afeto.

Existem  em mim pequenas doses de eternidades.
Existem em mim dores sem feridas.
Existem em mim  promessas com verdades.
Existem em mim mantas brancas cingidas.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

 
Por achar que a vida tem que ser tribal
me encontro cada vez mais só
Por tentar usar a verdade nas palavras
me torno cada vez mais chata
Por deixar de ser mercenária no amor
me chamam de abutre.

Néa Tauil

Todos os direitos reservados a Néa Tauil

DIA PLANGENTE

 
 
  
Poderia ser um dia como todos outros.Mas ele trazia sua singularidade teimosa.Formas disformes assaltavam-me à vista.E eu ficava ali,com um aperto indecente no peito.Um peso sobre minha cabeça denunciava a minha imobilidade diante do meu querer negado,surrupiado e levado para diante do meu ser carente,dependente de um pequeno instante de alegria e paz.
  Eu não pedia muito.Eu só queria aconchegar minhas certezas em meu seio cansado,desespardo de esperar o que poderia não chegar.
  Tento me concentrar nas lembranças do passado,mas um pouco de sufoco me assoma e cala minha boca com pensamentos totalmente loucos.Por longo tempo,permaneço parada,sentindo tudo e não sentindo nada.Uma sede de voar,de fugir,de sumir monta em meu meu corpo,que agorora parecia alado,mas permanecia parado,afogado nas lembranças que nem eram do passado.
  Eu não acreditava no que via.Eu não fugia.Eu tentava salvar uma vida sofrida em turbilhão de agonias.
 Eu poderia preencher meu templo,sem lamento,sem tormento,mas eu não sabia correr daquele pensamento macilento,com cheiro de tormento,com gemidos de lamento.Eu podeia preencher,mas eu deixei vazio.
 Por um instante,senti que minha vida é esse laço de fita,com nós frágeis,frouxos,com motivos poucos que só sabem  e sentem os que são verdadeiramente loucos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

UM SER À REVELIA




Um amarelo desbotado.O sol entristecido.O dia lento.Vozes sombrias.Meu peito dormente.Mãos frias .Os poros dilatam-se.Gostas geladas brotam.Meu pensamento vaga.Meus olhos fixam-se na pedra fria.Palavras saem vazias. De minhas entranhas mais íntimas rebela-se um gemido.
Um ser assim!! Queria eu um decreto para existir.Por que deram a mim limitação para sorrir?
E ando na fogueira da existência.Meu olhar pede clemência.Num mundo assim,espero toda indiferença.
A força do desespero me abafa.A vil insegurança me assalta.O medo irracional me apalpa.
Quero voar.Quero fugir da ideia da dor.O grito do meu ser rasga-se de impaciência.Minha visão é cinzenta.Minha retina se exausta.
Dê-me licença para eu sentir minha dor? Alegria,dissimuladamente,é mortal.Debruço-me no gosto azedo,que não é mais azedo, é amargo.Preciso de mim.Meu céu está sem cor.Minha flor murchou.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

 

ESTAÇÃO NO ESPAÇO

 
Raramente estaciono no espaço e no tempo para jogar ao ar a minha voz.Ma se paro para falar com alguém, é,certamente,alguém do meu grande interesse,ou alguém de minha mais sublime devoção.Espero ansiosamente que a pessoa não fique com cara de paisagem,rezo fervorosamente para que o demônio não pose em seu relógio.Quando esse inimigo dos amores eternos resolve boicotar a minha felicidade,meu desejar me deixa nas mais profunda melancolia.Nesses momentos,desejo ser uma feiticeira,doida,poderosa para prender as duas pontas do tempo e amarrar nas fendas indissolúveis de aço.Assim,não existe relógio,não existe tempo,não existe demônio que estrague a presença de um ser que foi capaz de ouvir a minha inacessível voz.

 Fato digno de celebração é o som do vivo permanecer em mim,ser merecedor de meus pensamentos incansáveis.Se este ser que interrompe minha solidão não mexe nos fios de cabelos,não desvia seus enxergadores da minha direção,do meu sentir exagerado,esse é digno da minha estacidade,mesmo que seja por alguns segundos.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

domingo, 25 de agosto de 2013

DE REPENTE

De repente,tudo fica estranho,irreconhecível. O que tinha sentido,torna-se insignificante.Tudo muda de cor,ou melhor,tudo fica desbotado.O doce torna-se azedo.A flor perde sua vivacidade,a pétala não resiste pesar o tempo e se esfacela num clamor cortante. Tudo vira nada. Os sonhos não tem mais sentido.O sono já não é mais prazeroso.A busca cessa, a vontade se esvai,a culpa amedronta.A mala não s...e faz sozinha.Os pés precisam de comando.O cérebro está inerte.As vozes sabem aborrecer. O vento artificial é a certeza da imitação barata.A natureza se revolta,meu corpo se revolta.Tudo já não pode ser como era antes.O grande tornou-se pequeno.O grande é ambição.O pequeno é impotente.A caminha não tem destino certo.O caminho tem outros rumos.Olhos já não veem,a visão está embaçada.A garganta já não grita.O medo se anulou.A coragem é um ser estranho,tudo é estranho, tudo está confuso.Todo momento é uma despedida.Despedida que parece infinita.Mas qualquer dia é o último dia.
Elany Morais


Todos os direitos reservados a Elany Morais.

sábado, 24 de agosto de 2013

INCERTEZA

 
A incerteza é infinita,aliás,dura até enquanto a vida durar.Na guerra da existência,nada é solucionado.A incerteza pode não ser um bem,mas é durável.Ela permanece,ela continua.Nunca se tem certeza do que valemos nessa existência.Não temos certeza do que será o amanhã.Não temos certeza do prazo de validade do amor.Não temos certeza de quando a morte virá nos abraçar com seu gelo insuportável.Não temos certeza dos próximos acontecimentos.Não temos certeza de que a chegada se tornará uma despedida.Não temos certeza de que o amor é sem medida.Temos  incerteza até mesmo sobre nossas próprias dúvidas.

 Há quem diga que a incerteza são sementes de possibilidades,mas só sei que não temos certeza de nada,morremos e morremos nessa incerteza danada.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservado à Elany Morais
 

 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O NOSSO AMOR


Era um amor à moda nova
nossos devaneios tornaram-se
prosa.

Nosso amor não era só de fantasia
nossos carinhos respiravam
poesia.

Era um amor que transcendia
qualquer magia
nossos encontros eram banhados
de alegria.

Nosso amor não era só de devoção
nossas palavras soavam ritmo
de uma canção.

Era um amor alicerçado com muitos cuidados
nossas almas se fundiam para
onde fôssemos para qualquer lado.

Nosso amor era os pés da confiança
nossas verdades eram abraçadas
pela segurança.

E assim a gente levava a nossa
vidinha
eu era sua sereia e ela era minha rainha.