Sou educadora e escritora

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O MUNDO

O MUNDO
Elany Morais

Se te emendasses, mundo
Eu te daria a mão,
Ouviria o que tu falas
Sem te exigir o perdão.

Se te emendasses, mundo
Descobriria minha face
Sem que eu te negasse
O amor que talvez implorasse.

Se te emendasses, mundo
Em ti eu poderia ficar,
Mas tu não és como quero,
Em ti só ranger, sofrer e esperar.


Caxias- MA, 28 de abril de 2015.

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

TEMPO

TEMPO
Elany Morais


Quem engenha o tempo e a eternidade?
Rasga-nos como se fôssemos velhos vestidos,
Não importando nem mesmo nosso desejo!
Vivente posso ser hoje, mas amanhã eu morro
Sem sequer me alcançar algum ensejo.

Quem para o futuro espera um lar secreto
Sem que haja uma dor que ao peito comprime,
Ou um torrão de paz e de silêncio absoluto?
Vivente posse ser hoje, mas amanhã eu morro
E nunca mais a tua voz em meu ouvido escuto.

Tudo se expira nesta força, isso eu reconheço,
Agora a beleza se esvai de minha pálida face,
A selar o tempo como meu eterno inimigo.
Vivente posse ser hoje, mas amanhã eu morro,
Mas todas as minhas dores partirão comigo.


Caxias - MA, 27 de abril de 2015.

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domingo, 26 de abril de 2015

RETIRANTES

RETIRANTES
Elany Morais

É noite. O sol, como fogo sem lenha, morre,
Os dedos trêmulos, logo, cuidam da novena,
A lágrima, em fé cega, na face pálida, escorre,
Num cenário árido como o solo seco de arena.

Nem em sonho, vê-se lagos de águas prateadas.
Nos olhos, há desfile de perfil, esquálido e esguio
Como ossos secos abandonados nas estradas,
Sem promessa de descanso à beira de um rio.

Cabelos tímidos, presos com escuro lacinho,
Implora, para as almas que ali vão passando,
Proteção, como pássaro clama pelo ninho,
Na ausência da mãe, quando o deixa piando.


Caxias -MA,  26 de abril de 2015.

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sábado, 25 de abril de 2015

MISTÉRIOS

MISTÉRIOS
Elany Morais

Quantos mistérios há entre a morte e a vida!
Aplaudimos o riso, em rumo certo à sepultura,
Acolhemos o incerto que levará a cova escura
Que deixará, por fim, a carne inerte e apodrecida.

Da morte, não restará sequer uma margarida,
Muito menos lembrança de qualquer ventura,
Não subsistirá nenhum suspiro de criatura
Porque viver é uma luta desleal e indefinida!

Do que vale guardar carmim ou qualquer seda
Ou mesmo esconder do próximo uma vereda,
Pois o destino em nós uma peça sempre prega.

Chegará a hora de dar adeus a todo risinho
Pois a  morte finda, sem decreto, todo sonho,
Quem escapará, se a morte nunca foi cega?

Caxias - MA, 25 de abril de 2015.

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ALMA FERIDA

ALMA FERIDA
Elany Morais

Alma ferida por cruéis lembranças
De desprezo, angústia e feroz destino
Que venha hoje se compor um hino
De uma lancinante desesperanças.
Alma que trouxe dores como herança,
Vive aflita a clamar por socorro divino,
Mas só restando o azul do céu cristalino
E as benesses que se tem a esperança.
Com tantas dores se espera clemência
Mesmo que não haja resplandecência,
Nesse mundo de tão terrível peçonha.
Se essa dor faz desta alma aflita e pura,
Sua eternidade poderá ser na Altura
E por fim, sem medo do que sente e sonha.


Caxias - MA, 22 de abril de 2015.

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domingo, 19 de abril de 2015

CANSAÇO

CANSAÇO
Elany Morais

Estou inerte, estou passível, estou cansada
Como, do sino, as últimas notas pungidas.
Eis-me aqui com minhas dores indefinidas
Que assolam essa alma aflita e fadigada!

Agora o que me resta? O crepúsculo gelado
Que me acompanhará por toda esta vida?
Já não tenho mais vigor para vozes gemidas
Nem remédio para este coração dilacerado.

Prostro-me com a cabeça grávida de fadiga!
A morte ronda-me como uma eterna amiga
E o desânimo, todo o meu ser, ele governa.

Horas de dores, finalmente, vem o delírio.
A alma cansada não resiste mais martírio,
A ansiar o fim da agonia que parece eterna!!


Caxias - MA, 19 de abril de 2015.

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sábado, 18 de abril de 2015

Sou Poema de Elany Morais

MUDEZ

MUDEZ
Elany Morais

Boca cala, num barulho de tormenta,
Como uma criança, que totalmente muda,
Impassível olha, num medo absurdo, toda vultuosa
De uma cortante dor e totalmente violenta.

Olhos assombrados veem cenas sanguinolentas,
A não poder acionar a voz para um grito convulsionado,
E sem jamais uma esperança do mal vir a ser sanado
E abandonar, sem medo, uma vida triste e lenta.

Para que existir num mundo que só despreza?
A viver num corpo rígido que se retesa,
Portanto, promessa do fim, eu sempre faço...

Muda, passível, desabo nesse mundo ardente,
Com sangue nas veias que nem mais é quente
Por ter um coração triste como de um palhaço.
                                                                    
Caxias - MA, 18 de abril de 2015.

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domingo, 12 de abril de 2015

PASSEIO

PASSEIO
Elany Morais

O dia estava lindo. O sol era o principal agente do espetáculo. O branco das nuvens e o azul do céu se misturavam, confundiam-se. O verde das folhas e o colorido das flores cromatizavam, adornavam o mundo fora de minha janela. Ao me deparar com essa encenação da natureza, senti-me tão pequena diante de tanta grandeza . O panorama me convenceu a deixar os afazeres chatos para desfrutar do que estava sendo oferecido a mim. O vento me convidava a bailar junto às folhas, que rodopiavam, subiam e desciam sob o som da viração matinal. Mas o sentimento de culpa, que é o carrasco da felicidade, pedia-me entrada. Por um instante, detive-me em mim, volteei dentro do meu ser, limpando-me de todos os sentimentos escravizadores.

Depois dessa batalha interna, pus os pés fora de casa. Estava decidida a fazer um passeio despretensioso. Saí a caminhar, sem muito a pensar. Sempre gostei de  andejar, de percorrer... Muitas das vezes, abandono meu veículo para poder sentir meus pés no chão. Ao andar, eu cresço, meus olhos festejam, tornam-se lentes de aumento.  Ao passear com meus pés, espalho-me, sinto tudo de perto, reconheço cores, cheiros, vidas... O mundo transfigura-se num prazer de ver e viver.

No meu itinerário, encontro uma colega que há muito tempo, eu não a via. No momento em que a reconheço, tive a sensação de que ela era meu espelho. A tristeza bateu a minha porta, a dizer-me que o tempo tinha se encarregado de nos envelhecermos, de limitar nosso corpo... A beleza física dela já não era mais a mesma, certamente, a minha também não era. Foi uma surpresa. A minha incapacidade de aceitar o nosso destino final, deixou-me constrangida. Cumprimentei-a. Foram minutos de conversas confusas. Ela me olhava, como se não estivesse a acreditar que eu havia me tornado uma adulta. Quis saber de coisas e coisas de minha vida. Sempre fui tímida para falar de mim. Limitei-me a dizer que estava tudo bem, com o andamento dos anos. Despedimo-nos , olhei para trás... Pensei: vou morrer e não entenderei por que a decadência não se cansa de nos esperar.


Caxias - MA, 12 de abril de 2015.

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sábado, 11 de abril de 2015

SOL DO MEIO-DIA

SOL DO MEIO-DIA
Elany Morais

É sol do meio-dia, meu corpo fica transparente,
A visão turva, parece meio embaçada,
Os pés querem águas da nascente
Para esfriar a pele que já quase quente
Por causa dessa terra vulcanizada!

O desejo de uma existência sossegada
Parece escapar pelas frestas da veneziana ,
Onde o tempo corre, indiferente e estourado,
Deixando entre abertos os lábios ainda pintados
E uma pele fina e frágil como porcelana!

Quem sabe, por fim,  pode chegar o aconchego,
Sem que me alcance qualquer intriga,
Que eu pise no último degrau da escada,
Sem pensar numa multidão aglomerada
E que a sorte seja a única que me siga!


Caxias - MA, 11 de abril de 2015.

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quarta-feira, 8 de abril de 2015

LAMENTO

LAMENTO
Elany Morais

Vínculo no rosto,
Riso bondoso
Com gesto tosco.

Brios na face,
Sem disfarce
Que o enlace.

Pés não chão,
Terço nas mãos
Pedindo perdão.

Forte vento,
Um sentimento
E um lamento.

Vínculo no rosto,
Um grito rouco,
Um corpo morto.

Caxias - MA, 08 de abril de 2015.

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terça-feira, 7 de abril de 2015

SER AMIGO

SER AMIGO
Elany Morais

O mundo é grande. Nele tem arte. A arte é grande. Ser amigo também é arte. Amigos vários, vários amigos, mentiras à parte. Ser amigos de todos e todos serem amigos  é coisa que tem disfarce. Embora queira ou querendo não, não é possível ser amigo de muitos ou  de qualquer cidadão.

Hoje, dizer que é amigo é ação de fácil execução. Dessa forma, a amizade faz casinha apenas nas palavras.  Mas para ser amigo de verdade e de boa qualidade é preciso desamesquinhar a alma, é necessário amar o outro  e levar consigo todas do bagagens do amor , como dedicação, partilha, compreensão, elogios, exaltação...

É preciso dizer que ser amigo não é se dá bem com toda gente de riso falso e fácil. Ser bom amigo é ser amigos de poucos, sem medo, sem reserva e sem olhos no bolso... Se precisamos ter habilidades para construir a arte da amizade, também temos que ter para identificar nosso pífios inimigos. É puro engano de alguém dizer que não tem inimigos. Todos temos, mas nem sempre conseguimos reconhecê-los porque muitos deles se arrastam em nosso rastros como serpentes, são lisos, escorregadios e até fiéis, fiéis em sua inimizade.

E os colegas? Temos colegas amigos e aqueles que são piores do que os inimigos. Pois, nunca esperamos lealdade destes, quando o escuro deles se manisfesta, já estamos com nossas luzes acesas para não nos deixamos contaminar com sua sombra maligna. Já os colegas que se vestem em capas de amigos, ah, esses traem, conspiram, planejam, sujam nossos tapetes, furam nossos olhos, vendem nossa carne, nosso sangue e fazem contrato com nossa alma.

Nessa vida, ter amigos é imprescindível, por isso, faz-se necessário escolhermos  as pessoas para sermos amigos,  a fim de que tenhamos amigos de verdade e de boa qualidade.


Caxias - MA, 07 de abril de 2015.

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sábado, 4 de abril de 2015

IGNORÂNCIA: MOLA MESTRA

IGNORÂNCIA: MOLA MESTRA
Elany Morais

Atualmente, a desordem é o rastro da sociedade brasileira. Os noticiários cospem desgraças a todo momento. Os jovens não são mais prometimento do futuro. Eles estão virando cinzas precocemente. Vê tudo isso é constatar que a ignorância é como erva daninha, destrói tudo o que está ao seu redor. Numa sociedade, onde a insipiência é o rei e rainha, a violência ganha vida, seja através dos velhos ou dos jovens.

Os sistemas prisionais brasileiros não são suficientes nem serão. Porque somente a educação tem o poder de tornar as pessoas civilizadas. A bestialidade, a brutalidade, a crueldade pousa, a cada instante, em quase todos os terrenos, isso porque a incultura tornou-se um doença incurável, ou os médicos não têm interesse em sepultar esse mal.

Na verdade, a incivilidade é o mal de muitos para o bem de poucos. Se o médico se beneficia com a enfermidade do paciente, por que irá curá-lo? Mas nem todas as portas se fecham por completo, sempre haverá uma fresta, um raio de sol que escapa em nossa direção. Não mais vivemos na Idade das Trevas, estamos, sim,  na Era da Informação. Por que não correr atrás da agulha que pode fazer um furo na venda? É preciso desvendar os olhos. O comodismo é um agente de dominação. A preguiça convence  qualquer um  a viver na escravidão. Deixar o estado de ignorância implica coragem, movimento, dinamismo... Só o conhecimento desvitimiza, humaniza, socializa, portanto, só a educação salva.


Caxias - MA, 04 de abril de 2015.

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sexta-feira, 3 de abril de 2015

APRENDIZAGEM DA ALEGRIA

APRENDIZAGEM DA ALEGRIA
Elany Morais

Nem sempre haverá outros verões, portanto, é preferível esquecer os momentos irrelevantes. Mas como esquecê-los, se eles se fazem tão importantes? Nas fatias de vida, existem flagrantes felizes, porém, logo são jogados no limbo do esquecimento, enquanto que a ponta de um pequeno infortúnio ganha forma gigantesca, desestruturando a casa de nossa alma.

Se por mais tempo, a felicidade se estabelecesse na intimidade do nosso coração, a tristeza seria fogo morto, perdido no deserto, sem nenhuma esperança de qualquer salvação.  É preciso reter, sobre si, jardins férteis, porque lançar mão do que somente nos faz bem é deixar para trás todos os nós que nos fazem refém.

É obsceno alimentar-se de lamentações pelos grãos de areia que o vento jogou para trás. Por que jogar gelo sobre o incêndio da alegria? Por que se valer de truques para sabotar a felicidade? Deve-se viver como se pode, portanto, é perfeitamente possível aprender a se desvencilhar da lama que polui nossos pensamentos e, consequentemente, nossos pensamentos.

A vida é um processo de aprendizagem. Precisa-se aprender tudo, menos a chorar, se já nascemos chorando, dessa forma, chorar é condição nata do indivíduo. Então, por que usar de subterfúgios para forçar o embaçamento da luz dos nossos olhos, com lágrimas pesada de sal? Agarremo-nos aos momentos gloriosos, de felicidades, de alegria, de satisfação e de reconhecimento de si mesmo, assim, aprende-se e acostuma-se a ser feliz.


Caxias - MA, 03 de abril de 2015.

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

DISTÂNCIA

DISTÂNCIA
Elany Morais

Sim, por ti fui ferida,
Manteve-me á distância,
Sombreou a minha vida,
Na minha pobre infância.

Não tive semelhança,
Nem mesmo identidade
De quando  era criança
De sua maternidade!

Agora minha alma fala,
Mas não escuta nada teu,
Minha liberdade exala
O ser que agora sou eu!


Caxias- MA, 31 de março de 2015.

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