Sou educadora e escritora

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

É PRECISO SABER VIVER

É PRECISO SABER VIVER
Elany Morais

Se vai castigar meus dias com todos os tipos de desesperos, então vou desejar uma vida maior. Tocarei o hino dos amantes no silêncio dos corações empedrecidos, tangirei os ponteiros do tempo na velocidade... do susto de um beija-flor, farei de prenúncios a simplicidade de um piscar de olhos, entoarei vozes unânimes na proclamação da passagem do dia frio de amores fingidos, exaltarei o canto anônimo, elevarei o espírito raquítico pelo egoísmo de quem não deseja dividir o espaço do caos da vida, pintarei os dias da cor da paz, enterrarei o sossego ausente no alicerce das paredes, dilatarei a visão de quem não sabe ou teme viver, ensaiarei meus ouvidos para mil vezes a mesma canção ouvir, apagarei o fogo que arde nas minhas mão, de tudo farei mais um pouco, de um grito qualquer farei uma canção. Enfim, aprenderei as cartas do jogo do bem-viver!!!
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

HIPOCRISIA

Quase tudo anda mal de se ver. O céu está apagando-se. Não posso regar meu jardim, meu abraço não pode ser apertado, tu não podes chegar junto a mim. Quantos são os caminhos ocos que nos levam para uma alma de monge? Todos os dias a vida nos arremessa para o lamaçal da hipocrisia, é uma caminhada que parece não ter mais fim.

A cada dia, assim como o vento fustiga os galhos dos arvoredos, os falsos valores abalam minha quietude. E uma voz do pensar fingido enegrece meu sentir e meu olhar, assim minha lágrimas, minha revolta e minha dor ficam guardadas por um tempo que meu relógio domínio não tem.

Em vão, tento suavizar meu instinto que a mim foi me dado para enxergar o caos da vida. Haverá o tempo em que as fechadas folhagens não mais me ocultarão nem meu simples perfil será indubitável. Não serei mais amante do silêncio diante daquela mão pálida e gélida que aperta a minha, carregando o gosto de fel nos lábios maldizentes do meu espírito aventureiro, que vaga em busca da justiça, da verdade, do bem comum, da liberdade,  principalmente ,de amar, de ser a si quem realmente se é.
 
Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ALEGRIA

Meus passos trilharam entre rios, mares e pontes em busca  da alegria em qualquer parte, ou em qualquer fonte. Mas não a trafiquei nem a surrupiei, desenhei-a nos momentos mais improváveis e impossíveis de se fazer encontrar.

Como seres alados voava, arredia, esquiva, rodopiando, desfazendo-se em cinzas sob o fogo do tempo, este totalmente indiferente a minha desesperada busca, como único meio de conservar minha tribulada e misteriosa existência.

Quantas vezes tenho visto-a passar pela minha janela, fazendo piruetas no ar?  E eu com as mãos espalmadas, tentando em vão agarrá-la .
 
Elany Morais
 
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DESVENDA-ME

Adivinhe-me no sol matinal: é nesse momento que meus caos se organiza.

No alto de meus olhos, há uma enorme vastidão. Queria eu voltar a ser o que nunca fui. Desejar o que por mim foi tolamente desconhecido. Eu não queria ser vista por vidente, queria eu somente que os galhos, sem se despir, estendesse seus braços na minha direção. Porém, na escuridão do meu canto, meus olhos nadavam em ondas de solidão.

Hoje, eu canto com palavras menos sutis para que minha voz revele o que não foi visto. Nesse meu mundo cheio de mistério, há que se criar pastas para se organizar o me desorganiza. Filtrar o que nas minhas águas escurece em plena face solar. Ensurdecer o barulho que me violenta, sem respeitar minha singularidade. Remover toda ferrugem que me corrói silenciosamente, nas noites infinitas e agourenta. Juntar minhas partes perdidas na displicência do acaso que não me ampara.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

O PASSADO

Hoje quebrei o bloco da resistência interna. O passado, na minha tentativa, será agora apenas um coadjuvante sem plateia.

Nas águas revoltas do meu ser, minhas memórias reclamavam partida sem culpa. O passado trazia preso na garganta o grito reprimido pelos que deveriam ser amantes da inocência. Tudo o que já tinha sido estava sob a capa escura, sombreada por atos vorazes, impensados e impiedosos.

Aquilo  que foi ressecava,, com toda sua feiura, o verde das folhas que tentava suavizar a violência contra os indefesos de alma frágil. A beleza natural servia de testemunha para a irracionalidade e a covardia dos que não enxergavam nada além de seus desejos e necessidades.

A vivacidade da natureza chorava o banho da maldade contra aqueles que só precisavam de amor. Ao mesmo tempo, ela servia de mãe consoladora para os desamparados e solitários num mundo cheio de ódio e dor. Ela apassentava  o coração dos sonhadores, acalentava a alma desesperançada, dava esperança quando deixava o pingo do orvalho resistir a existência por mais tempo do que se esperava.

Esse passado que vivia sob imponente sombra tirava tudo o que poderia ser alegria e encanto, para transformar em dor e pranto.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

sábado, 25 de janeiro de 2014

PEDAÇOS DE MIM



ANÁLISE LITERÁRIA POR NÉA TAUIL DA PROSA POÉTICA PEDAÇOS DE MIM, DE ELANY MORAIS, SOB UMA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA

PDEAÇOS DE MIM

Parecia um dia qualquer, as nuvens embalavam o sol com uma cantiga de ninar. Seus raios preguiçosos não ensaiavam auxílio a mim. Saí como quem colhe vento, em busca de pedaços, pedaços de mim. A cada procura, um devaneio, um suspiro, uma dúvida, uma certeza...

Interrogações eram meu consolo. Buscar onde não deixou? Querer o que não há de ser? Meu desejo era o retorno recomposta. Composta dos pedaços que voaram ao vento, nos espaços e no tempo.

O caminhar era incessante, o procurar era extenuante. Embalo a dor na garganta e sigo caminho a diante. A solidão a todo instante cochicha que tudo é delirante, mas não a escuto porque meu espírito tem destino errante.

O desejo desenfreado de voltar viva, inteira, sem remendos, sem retalhos, faz-me andar com malas vazias para guardar meus pedaços.

Vou driblando muralhas, abrindo portas, fechando fendas, desatando nós para juntar-se a minha parte que me faz sentir maior.

Nessa procura, a felicidade ceia comigo, abandono o sofrimento que se fez de mim inimigo.

Elany Morais
http://educadoraelanymorais.blogspot.com/


ANÁLISE LITERÁRIA POR NÉA TAUIL DA PROSA POÉTICA PEDAÇOS DE MIM, SOB UMA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA

 O texto poético "Pedaços de mim " mostra claramente a tomada de consciência sobre a importância da eliminação da cisão interna entre as forças luz e escuridão para a transformação da dor em sabedoria. Nosso "eu"é composto por muitos eus e esses eus com seus pontos fortes e fracos compõem essas duas forças dentro de cada um de nós. De acordo com a psicologia, essa cisão acontece quando nos separamos de certas partes do nosso eu e as reprimimos, pois desde muito cedo aprendemos a ter vergonha do nosso ser como um todo. Temos vergonha de certas partes de nós mesmos, e as escondemos, ou seja, tentamos reprimir nossas falhas, imperfeições e os pontos fracos. Mas ao tomarmos consciência dessa cisão, tendemos a deixar de nos importar com o dedo acusador que estabelece que nossas imperfeições são desprezíveis e, por isso devem ser reprimidas.Também ao tomarmos consciência dessa mentira insana de que é possível eliminar o nosso lado sombrio, abrimos as comportas do amor próprio e o ímpeto de "buscar pedaços, pedaços de mim..." e integrar esses pedaços/eus liberta o "desejo desenfreado de voltar viva, inteira, sem remendos..." "composta dos pedaços..." , especialmente dos pedaços considerados inaceitáveis devido as suas imperfeições. Sustentada por esse desejo, "embalo a dor na garganta e sigo caminho adiante", ciente que a integração da dualidade luz/escuridão elimina a cisão, fortalece a autoestima e nos dá ferramentas para ir "driblando muralhas, abrindo portas, fechando fendas, desatando nós...". Quando passamos a reconhecer e aceitar os pontos fortes/luz e os pontos fracos/escuridão dentro de cada um de nós como forças aliadas e não inimigas, podemos ir além da superfície e ser quem sempre desejamos ser.

Néa Tauil

NÉA TAUIL-Especialista em Psicoterapias Dinâmicas pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Especialista em Psicoterapia de Técnicas Integradas (Psicodinâmica, Cognitivo Comportamental e Familiar) pelo Instituto Fernando Pessoa de Porto Alegre e recebeu o Título de Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia.

É autora do livro de Poesia Pérola Viva e coordenadora das Antologias Poética: Poetismo Brasileiro, Ecologia Brasileira e do Guia dos Escritores Brasileiros, publicados pela ABNL Editora, SP. Escreveu o prefácio do livro Pedaços de Mim da autora Lidioneti Milani - ABNL Editora, SP e do livro Homem e Mulher Num Encontro Especial da autora Leonice Pesci Vidotto - ABNL Editora, SP. Participou e obteve Menção Honrosa nos Concursos Nacionais de poesias: ¨ IV Concurso Raimundo Correa de Poesia¨ - Editora Shogun Arte, RJ e ¨ IV Concurso Vinícius de Moraes de Poesia¨- Grupo Cultural, SP. Também teve poemas selecionados para comporem as Coletâneas: Momentos Eróticos publicado pela Jotanesi Edições - RJ, Poetas Brasileiros de Hoje e Nova Era publicados pela Editora Shogun Arte, RJ.

http://psicologaneatauil.blogspot.com/
Todos os direitos reservados a Elany Morais e Néa Tauil

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

PAIXÃO

Sem indecência chega o desejo
em seu desvario,
O coração ávido palpita,
em movimentos
Como animal no cio!

Sem maledicência o desejo chega
em sua irracionalidade,
Desbrava o amor proibido,
rolando no leito
Na suprema fidelidade!

Sem pecado o desejo se faz presente
em sua volúpia expressiva,
Faz- se força entrelaçada entre murmúrios,
Tornando-se flamejante serpente na lascívia!!
 
Elany Morais
Todos os direitos reservados a Elany Morais

NOITES NUAS


Nas minhas águas perigosas, nascem um desejo louco de não deixar nascer em ti o sonho do príncipe encantado. Por isso, não deixarei apagar as labaredas que fazem teu corpo em mim arder. Meus pelos como relva fresca guardam tua face, abafando o teu gemer. Também não permitirei que o mundo escondido sob tuas roupas, de mim, venha a desaparecer. Assim, nas noites nuas, nossos mundos fundem numa ânsia louca de beijar na boca.

E é nessas noites despudoradas que meus lábios balbuciam palavras quentes, prendendo-te em meu corpo como se fossem fortes correntes. Línguas resvalam freneticamente de seios a joelhos, mãos navegam num delírio de cães no cio, pernas se entrelaçam, confundindo-se no arfã, bocas transpiram desejos, sussurrando gemidos, segue-se um movimento erótico que nos vicia e, a cada amortecimento, o ritual se reinicia.

Elany Morais

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Grande Poeta


VELHICE

 
Elany Morais

Diferentes dos novos, na sua boca há sempre verdade,
Se a memória não falha, sua sabedoria nunca se perde,
É no falhar de sua força, que perdem vigor e agilidade,...
Mas por ser maduro o ideal de seu amor nunca se mede.

Viver resignadamente para o outro é uma sina da velhice,
Amortece seus próprios desejos em detrimento dos filhos,
Que nessa fase não há nada a perder é uma cruel crendice,
E para usufruírem dos seus direitos existe sério empecilho.

É no fluir da velhice que se perde o alimentado egoísmo,
E aceitando o destino de que a indesejada pode chegar,
Não temendo esse fim é mais um ato de seu heroísmo

Mas desse inevitável caminho ninguém se atreve a falar.
É um pesar para muitos por verem como um cruel abismo,
Sem aceitarem que essa fase da vida todo pessoa vai chegar!

Todos os direitos reservados a Elany Morais



CRIANÇA



Nos braços da mãe ela terá esperanças.
Sozinha será sempre uma criança triste,
Se pensativa for lhe haverão cobranças,
Respeito à crianças de certo não existe!!

Crianças maltratadas não pedem nada,
Por desencantos e temor de perder tudo,
Mas sua necessidade maior é ser amada
E não ser considerada com desejo mudo!

Na vida infantil se vê grandes absurdos:
Crianças são tradas como gente grande
Sem alma leve reclama do seu chafurdo

Nem mesmo se sua voz graciosa brande
A sua doce existência será sempre surda
Com voz atormentada que as comande!!

Elany  Morais

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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MULHER

 Viçosa como as novas flores que nascem no jardim,
Sua atividade não se resume em lavar prato e colher,
Porém durante séculos seus algozes pensaram assim
Enquanto que no coração desilusões viveu a mulher!

Agora ,exalto-a ,em meus despretensiosos versos,
Sem esquecer a repressão de seus ocultos desejos,
Moldá-la  como uma boneca foi um ato perverso
E trata-la como um seres passivos foi falso cortejo!!

Nem toda mulher é pedra preciosa ou flor de verão
Pois são seres humanos que necessitam de direitos,
Mas muitas ainda vivem no cativeiro do seu porão,

Sem serem respeitadas por seus inerentes defeitos.
Na luta pela igualdade, recompensadas ainda serão,
Mas com toda injustiça carrega amor em seu peito!!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany morais




 

SILÊNCIO

Era mais uma noite. Todos se recolheram. Não havia mais trabalho. A casa me esperava, sozinha, vazia e sombria. Nenhuma voz se ouvia. A tv  havia saído de sua árdua rotina. Estava muda, sem brilho, sem cores. Estava de luto pesado. As lâmpadas haviam perdido sua visão. Sentiu-me sozinha no universo. Suspendi um braço para acender a luz, na esperança de que a vida renascesse a minha volta.

Deixei-me prostrar numa poltrona, a pensar que o desejo de companhia cresce na ausência do bem amado. Nesse instante, meu olhar fixou no quadro, que da parede me olhava, como se me dissesse que eu estaria sendo punida por esses laços que a vida nos prepara.
 
Devolvi àquela imagem petrificada um olhar firme e incisivo, a dizer que eu estava bem acompanhada. Pois eu ouvia uma voz pura e verdadeira, eu ouvia a voz do silêncio. Ele me dizia com um ar doce de que eu ele estávamos numa relação do mais perfeito entendimento e verdadeira comunhão. Estávamos experimentando, pela primeira vez, uma fusão terna.

Elany Morais

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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

CINCO MINUTOS DE FELICIDADE

CINCO MINUTOS DE FELICIDADE
Elany Morais

Eram as primeiras horas do dia, lancei um breve olhar para tudo que já era velho. A rotina já tinha realizado seu intento mais desejado: ruir a beleza do novo, desnudar o encoberto, revelar os segre...dos... Mas naquele dia, meus olhos estavam mais abertos, todos meus preconceitos haviam sido jogados no lixo. Minha primeira visão foi de pequenas relvas e de borboletas que as velavam sob festa de cores. O sol fazia seu papel de exímio artista, exibia, com muita vaidade, seus raios convidativos, a fazer um grandioso espetáculo colorido.

Parada, diante de pequenos ramos floridos, senti a doce visita do cheiro de rosa. A brisa fluía, acariciava meu rosto, com mãos medrosas e faceiras. Extasiada por aquele momento mágico, do nada, agiganta-se à minha frente uma janela sorridente e dançante. Os pássaros eram os responsáveis pelo concerto despretensioso. E, pela primeira vez, senti-me livre para dá movimentos surpresos ao meu enguiçado corpo. Ensaiei alguns passos, percebi que não mais havia olhos julgadores dos meus desengonçados passos dançantes. Meu corpo experimentava uma leveza inédita. Minha alma acompanhava a canção de libertação, com suspiros felizes. Meu peito ofegava de satisfação. Meus cabelos voavam, soltos, leves, comemoravam a felicidade plena. Até o impiedoso relógio de tão feliz esqueceu sua cruel missão: arrasta-se nos momentos pesarosos e voar nos deleitosos.

Todos os direitos reservados a Elany Morais


CAMINHOS SOMBRIOS

Meus passos nesse mundo não são seguros, 
Nas infindáveis esperas, a noite toda passo,
Com medo de afundar-me em qualquer laço
E ser eterna escrava de uma infâmia injúria!

Respostas inexistentes minha alma procura,
Com desejo de o que medo não tenha espaço,
Mas as leis  dilaceram peito que não é de aço,
E se vive eternamente uma vida de amargura!

Nas tempestades, meu espírito sempre pensa
Que nesse universo não existe alma satisfeita,
Pois  em todas nelas habitam sombras densas,

Sentimento cruel, devastador  está à espreita,
Ser amante de amores parece ser uma ofensa,
Caminhar na direção do bem vira uma suspeita!

Elany Morais

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

SONETO DA CULPA

Eu não sou a voz da tua agonia
Nem a tristeza que chora o mar.
Não tenho a força da ventania
Nem a beleza do canto do sabiá!

Eu não sou reflexo da tua dor
Nem a luz que te faz imensa.
Não corto asas do lindo amor
Nem a brisa que de leve venta!

Eu não sou o erro da tua sorte
Nem sou o santo da tua reza
Não tenho o segredo da morte

Nem a força que tanto se preza
Não tenho do sol o altivo porte
Nem as leis que o antigo versa!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais


 

INCOERÊNCIA

E ainda me pedem coerência! Reclamam amor e,se este chega, prendem-no como um pássaro na gaiola, emudecem a sua voz, usam todas as armadilhas para mata-lo, enterrá-lo e viverem livre de seu me e fel.
Negociam-se verdades, querem-na, exigem-na, fazem dela um tripé essencial para a felicidade, mas quando esta chega, guerras se armam, amores se desfazem, amizades se desintegram-se. E todos se calam. Não sei nada!

E ainda me pedem coerência! Quando todos cantam: "juntos queremos estar perto de ti." Nossos portões são cerrados, portas casam-se com chaves. Grades se alteiam para me proteger do meu vizinho, preciso de uma máquina compreensiva que jogue minhas palavras para algum interlocutor. Não sei nada. Não compreendo a dinâmica da vida.!

E ainda me pedem coerência! Muitos proclamam um paraíso, onde" emana leite e mel", mas nunca se arrumam as malas para partirem nessa direção e, muitos  quando partem,  partem chorando pela dor de uma terrível punição. Todos vão até as suas últimas forças no caminho do adiamento para o lugar onde não haverá  mais dores nem prantos. Não sei, não sei nada!

Por essas e muitas contradições que nem tentarei dizer como são as coisas da vida e como ela deve ser. Não posso descer de mim e adentrar no mundo do outro para olhar o universo com olhos que não são meus. É melhor calar e escutar aonde as contradições vão chegar. Não sei nada. Não compreendo a rota da vida.

Elany Morais

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ERA UM DIA DE DOMINGO - PRIMEIRA PARTE

 

Todos os domingos já tinham acontecimentos esperados, previsíveis. Tudo era recheado de mediocridade e hipocrisia. Todos os atos eram seguidos à risca como manda a santa "igreja". Todas as ações deveriam acontecer como deveriam ser, se o coração não fosse capaz de colecionar dores. Os verdadeiros desejos deveriam ser jogados para baixo do tapete como se fossem sujeiras nas mãos dos preguiçosos.
 
Mas aquele domingo não seria como um qualquer. Pela imposição do mistério da existência, meu olhos se abriram com a certeza de que o sol estava de luto. Luto pelo riso que não veria, pela exaltação que não receberia. O coração suspirou por causa de sua triste sina:  renovar sempre suas dores. Parada, com os pés pálidos, sobre o frio chão da manhã, só pude dizer uma palavra: hoje a ventania gritará forte.
Em nenhum momento, tentei iludir minha desgraça que estava por vir. Mas eu estava desarmada, desamparada, só com o peito à frente, com todos os seus remendos mal costurados, com suas cicatrizes deformadoras. Um pensamento me veio: a dor, com sua terrível face, não mais me assombra. Contudo, por um instante, vi-me caindo como um grande astro.

Elany Morais
 
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sábado, 18 de janeiro de 2014

UM DIA SERÁ O ÚLTIMO



 Minha alma é como um rio estreito, mesmo limitada, mas não se cansa de correr. Às vezes, lenta, cansada, com suas sinuosidades, mas não se perde nos vales dos caminhos desconhecidos. Pisando nos troncos escuros, sem a sapiência dos antigos sábios, marcha, devagar, calculando pequenos espaços, descansando em mitigados abraços, mas segue, como cavaleiro andante nas matas errantes com ainda um pouco de fé.

Porém, meu coração sabe que num dia nublado, sem nuvens passageiras, numa hora traiçoeira, os pés de minha cansada alma serão amarrados, com suas forças desarmadas, sem vestes nem fardas, se abaterão. Assim, não sei o que restará de mim. Quem sabe poderá ser pó, capim ou um anjo querubim?
Nada sei. Talvez, nesse percurso escuro e tortuoso, ainda existam braços solenes, com meu ser, em sua pesada mente que possam me abastecer de mais algum tempo, numa simples moldura de um pobre quadro, sem muitos dizeres e nenhuma verdade.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais



SONETO DA NOITE AO LUAR

Serena e lânguida, vejo a Lua assomar,
Com sopro gracioso como o ar da brisa,
Sussurrando nos vales, no campo e mar,
No caminho incerto vagueia imprecisa!!
 
Por guerreiro e donzelas foi tão exaltada,
Amantes em devaneio fitavam-na no céu,
Serviram de cenário mar e  vista estrelada,
Além da fantasia de moça vestida de véu!!
 
Sempre na companhia de brancas estrelas,
Lânguida, leve e lívida assim ela caminha!
Não me furto do prazer que tenho em vê-la
 
Mesmo que eu enfrente a erva  daninha,
Nas retinas dos meus olhos quero detê-la
E nessa peleja fazer dela uma bela rainha.
 
Elany Morais
 
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

SONETO DO AMOR QUASE PERFEITO

Quero-te muito, mais do que o bastante!
Intenso coração perante essa tal verdade
Que vive a manifestar o amor abundante
E a quebrar as algemas para a liberdade!

Quero-te muito, na mais alta intensidade,
Na minha fantasia, estás a todo instante,
Segundos na tua falta é uma eternidade,
Sem o amor vigoroso serei alma errante!

Quero-te muito, de maneira loucamente,
Amo com ardência e a beleza da virtude,
Nada é insano, é um amor simplesmente!

E de te ambicionar assim, muito amiúde,
Hei de fundir-me na tua alma e,de repente
Uso não viver esse amor mais do que pude!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais









 

VAZIO

Existe um vazio em cada individualidade,
Mas a certeza de atingir o preenchimento
É uma crença mais próxima da falsidade
Porque é apenas um vão pensamento!!!

Algo pode preencher o vazio de cada alma?
Muitos se sustentam na esperança do amor,
Outros se debatem na busca da eterna calma
Há os encontram a paz nos braços do Senhor!

Elany Morais

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SONETO AO ASTRO REI

 
O sol que brilha a cada dia

Faz milagres na Natureza,
Consolando-me na agonia
Com sua infindável beleza!

Ninguém poderá duvidar
De que esse Rei faz calor,
Ele já fez um povo pensar
Que era seu bom criador.

Ele rasga céu estrelado,
Impedindo o galo cantar!
Nenhum sonho encantado


Se mantém no seu despertar
Porém apazigua o inacabado
Ou o que ainda falta sonhar.

Elany Morais

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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

AMOR REI


 Deixo-te reinar em mim. Não te renegarei. Sei que és breve, efémero. Mas no instante em que existir, habitarás sempre em mim. No teu reinado, minha alma se dilui, de muitas partidas que tu te dispões por capricho, abandonar o tron...o.

Deixo-te acampar ao meu arredor. Vela teu habitat, pois muitos invasores estão à espreita. Quando te ausentas, o silêncio cinzento apropria-se do que não pertence a ele. Fico vazia. Grito teu some, mas com tua fome de idas, tua ausência me consome.

Fixa-te em mim! Não vês as ervas que ganham viço ao meu redor? Sem ti, meu corpo fica ressequido, meu sangue se esvai, meus olhos se afadigam, meu peito anoitece, meus dedos se cruzam. Desenha-te em mim. Seja minha tatuagem irremovível..!!!

Quando chegas, como posso festejar, se sempre traz contigo uma promessa de retorno, deixando teu lar desolado, em desalento? Mas não renuncio teu mel, teus frutos, tua força, tua energia ,teu vigor que traz para mim. Vem, senta-te comigo, em quanto ainda existe, em quanto não sai de mim.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

PRISÃO

Vivo! Mas vivo presa a milhares e milhares de raízes daninhas. Prisão que comprime minha lucidez e torna minha matéria fria, repetindo continuamente o vazio que habita mim.  Contudo, essa cadeia de abismo não me submerge no mar das impossibilidades, da paralisia, da desistência e da morte.

De pés atados, mas ando, na prisão do destino, que me amarra desde pequenina. Todos os dias, transponho muros à minha volta, mesmo sendo, a cada dia, encoberta  por uma terrível sombra. Embora realizo sucessivos passos, sou traída pela falsa esperança de cear com a tal desejada liberdade.

Sejam minhas mil incoerências o motivo da infinita cegueira  que me priva de encontrar a direção de portas sem nenhuma fechadura, em vez de muros,  que me cercam por todos os lado. Mas continuo a olhar. Olho, olho... Vejo pássaros negros espalhando valores hipócritas. Esses são os quase intransponíveis muros.

Debato-me na cadeia de verdades que são mentiras, que minha alma não absorve e se rebela. Todo o mal está caduco, é isso, é isso, mas ninguém enxerga.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais



 

A PALAVRA



Instrumento de exorcismo. É o candeeiro que ilumina meu leito. No silêncio, reinvento-a, restauro-a. Dou liberdade a ela para que ganhe uma vastidão de sentidos. Atribuo-a uma sonoridade mansa para que traduza meus gemidos. Eu a engulo. Mas ela me rasga. Abre-me, devorando-me sem piedade. Porém, numa displicência qualquer, vomito-a para todas as direções até sofrer as punições.

A palavra é a força que gera minha voz. Voz ecoa no mundo de surdos e mudos. Ela (a palavra) é a seiva que sustenta minha casa invisível e impalpável. Pedra que constrói o edifício de muitas moradas.

Elany Morais
 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

É MÁGOA



É mágoa! As palavras perderam o poder revelador daquilo que poderia pular da minha boca, resgando meus lábios. Vou esperar da vida que eu permaneça nesse terrível estado, com ela entranhada no meu mais íntimo ser.  Há muito que já me habituei a um viver desesperado. Para onde quer que eu lance meus gritos, eles são ignorados. É mágoa!!

Não estou atada a nenhum barco. As ondam têm a liberdade de me levar para toda e qualquer direção. Por mais que eu olhe para todos lados, não há ninguém que me dê a mão. Quando perco a resistência, corro ao encontro de alguém que nunca comigo tem paciência. É mágoa!!

A vida me presenteou com tão dura queda, sempre que preciso vomitar palavras, o ambiente me seda. Esperneio, submergida no sofrimento, ao sentir-me amada, concluo que é apenas um pensamento. Faço, insistentemente, preces ao Senhor, mas só sei que ninguém nunca me ouviu na minha dor. É mágoa!!


Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

NOITE

A noite chega, com aviso autoritário, irrevogável! Sem delicadeza, instala-se no meu recanto. Tira meu viço, minha coragem, meu brilho, minha alegria. Ela silencia a todos. Pune-me com a indiferença dos que dormem. Priva-me da segurança de que necessito. Meu coração se rebela. Bate em descompasso. Ninguém ouve meu passo. Meu corpo prostra-se em lasso.

Caída eu fico, no leito, imóvel. Chove pensamentos que não têm fim. Chega o temor com toda sua irracionalidade. Medo do que foi e do que ainda poderá ser. O perigo está à espreita. O vale está aberto. Feras rugem com bocas abertas. É o nada ganhando forma. É o silêncio compondo sons. Sãos os olhos na ferocidade de ver. É o vazio devastando sua presa.

Minha alma segreda que a morte já não tarda. Que tudo virará o nada. Quase nada resta. O grito não sai. O sangue não pulsa. A pele serve de porta voz da agonia. Minha boca, agora ,jaz fria!

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais



SONETO DA RECONSTRUÇÃO

Tantos sofrimentos na vida
De humor sempre vivo mal
Deixaram-me muito ferida
E um desgosto tão imortal!

De tudo haverá passagem
Livre estará meu l coração
Deleitarei-me na paisagem
E no som manso da canção

Depois de grandes apuros
Herdei uma cruel timidez
Por um caminho tão duro

Tudo para mim se refez
Sobre barreiras e muro
Nada eterno se desfez

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

INSATISFAÇÃO

Atualmente, temos uma sociedade consumista. A cada dia, surgem novas necessidades, desejos...Os apetites crescem. Vê-se a onda em avalanche dos eu quero, eu preciso...!! O que é acessório passa a ser essencial, o que é supérf...luo, passa a ser uma necessidade básica. A busca pela realização desses desejos torna-se incessante, porque não há como satisfazer o que nunca tem fim.

Para quem não sabe onde encontrar a felicidade, hoje é praticamente impossível dormir sob os braços dela. Isso porque existe uma supervalorização do ter em detrimento do ser. O desejo do ter se agiganta, ganha proporções inimagináveis. Temos como exemplo: muitos de nossos políticos, em vez de destinarem o dinheiro público para as reais necessidade do povo, utilizam - o para satisfazerem seus necessidades insaciáveis.

Dessa forma, não tem como negar que temos um povo escravo de seus apetites e, consequentemente, vítima de sua insatisfação, do vazio... Assim, esses servos do consumismo vão sendo empurrados para o inferno da infelicidade.

Elany Morais

SONETO DA FELICIDADE

Minha esperança sempre foi malograda,
Na aquisição da tão procurada felicidade,
Se nas existências ela não é encontrada!
O descontentamento é certo por verdade.

Imagens são vistas um tanto enganosas,
Não sendo encontradas formas originais,
Mas poetas falam dela em verso e prosa!
Ela é um bem de todos até dos  marginais!

Há que se saber que a desejada felicidade
Só pode ser encontrada no seu próprio ser,
Mas sem ela vai ficar os sem habilidades,

Vagueando  no mundo por desconhecer!
Não adianta andar no mar da ansiedade,
Não terá felicidade quem não se conhecer.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais







 

SONETO DA DESPEDIDA

Nas noites rumorosas meu silêncio padece!
Como quadros adormecidos fico a esperar!
Dentro de uma moldura meu corpo fenece!
Só resta a esperança do infortúnio passar!

Alguma coisa triste insiste em me dizer:
Que sou mar seco que ninguém conhece,
Sou árvore morta que jamais vai florescer,
Que serei húmus primitivo que hoje padece!

Sozinha meus olhos andam pelos recantos,
Tentando encontrar paz no mar das alturas,
Afogando-me nas dores vindas com pranto.

Na agonia, vejo o anjo na sua linda alvura,
Ergo os braços em gritos pedindo a santo:
Proteção a alma aflita com sua armadura.

Elany Morais

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SONETO DO AMOR




 Essa vida não vale apena sem amor!
Pois tudo cairá no vão esquecimento,
Ou será levado pela força do vento,
Que o vendaval levará para onde for....

Mas a lei do amor não se sabe de cor,
Tudo acontece em um dado momento!
Essas são regras de todos sentimentos,
Porém de todos eles o amor é o maior.

Ter amor é o sonho que sempre sonhei!
Muitos sofreram o que eu deveras penei!
São dores sentidas que todo mundo sente,

Fica apenas no peito quieta adormecida!
Essa é desventura que se tem nessa vida!
Mas é o amor que conduz toda essa gente.

Elany Morais

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domingo, 12 de janeiro de 2014

SONETO DA MALDIÇÃO


Ela andava por entre os roseirais
Como se fosse um tapete ao luar,
Tão branco era o ramo de florais,
Sob rumor do pássaros  a cantar!

Com a face amargurada pela vida,
Não percebia as belezas naturais,
Via as mãos calejadas pela lida!
E afagava os sonhos marginais!

Sentia-se maldita por ter nascido,
Pelas dores que vinha a padecer,
Amores e dádivas havia perdido!

E muitos anos vivia sem prazer.
Diferente, tudo poderia ter sido,
Pela vida que ela deixou de ser!

Elany Morais

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IMPOSSIBILIDADE

Quando meus braços transfigurados,
na calada da noite se erguerão;
todos caminhos transitórios estarão cerrados
e meus passos presos não passarão.

Assim não serei eu dona de um único reino,
pois o silêncio silenciará minha  passagem que,
na infantilidade pequei por pouco treino.

Ninguém festejará algo em minha honra,
porque nada fiz de muita significação,
Minhas palavras só trouxeram muita desonra.
O meu fim será no mámore da solidão.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

DIVAGAÇÃO

Não sei qual o caminho
se tudo que me resta
é o andar  sozinho.

Não sei se sofrerei açoite,
mas a chuva me ferirá
nas ondas da noite.

Minha inimiga será a insônia,
Pois sem rumo certo,
partirei com alma tristonha.

Hei de chorar nas horas mortas
porque o ruído abafará meus gritos
em cada noite de porta em porta.

Nenhuma mão alva me afagará,
nos labirintos da escuridão
Minha alma aflita não se salvará.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

SOLIDÃO

A solidão é como morcego.
Ergue-se da luz ao encontro das escuridões;
de vales longínquos, passados
lança-se ao ar, que sempre espera
de lá cai sobre as almas.

Desce como raio nas horas aflitas;
quando todos os espíritos precisam de luz
e quando o íntimo de nada encontra,
resignado e melancólico se abate.

 Elany Morais

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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

PROIBIÇÃO

Assegura-te tenazmente em me amar.
Minha novidade se desgasta duma vez
Das minhas dores não se pode cansar
Meu sono não vive depois das três. 

Para evitar a frustração do teu amor
Não contarei virtudes leito de morte
Nem triunfarás nos contratos da dor
Se me amarás não terás muita sorte.

Amar-me não custa um valor barato
Contudo pode-se me odiar também
Dos meus delírios hás de ficar farto
Mas não anseio o ódio de ninguém.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais



SE ME DEIXARES

Se eu te deixar partir, minha saudade será uma estrada deserta e infinita. Resistirei eu a uma saudade imortal ? Ah! Não!! Meus olhos secariam. Veria meus passos se estreitarem. Não cantaria uma nota só. Meus voos seriam incertos. Tornar-me-ia galho seco no acaso do deserto. Como indesejosa eu seria vista. Eu seria visitada apenas pelos cantos dos pássaros. Ver-me-iam como sombra de descanso. Como árvore estéril, eu ocuparia o campo das inutilidades. Dispersar-me-ia nos solstícios de inverno qual ovelha errante.
Se me deixares, não entoarei mais um canto. Nunca deixarei de ser menina, tu terás que enxugar meu  último pranto. Não tomarei as cartas como faz o jogador afoito, sem o sossego de mim, meu espírito estará morto. Não seria barato ver a lua na solidão, a tua ausência enrugaria certamente meu coração.
 
Se fores embora, como hei de te esquecer? Se me julgas fria, minha alma há de padecer. Meu apego a ti é vasto e muito louco, ergo bandeiras do meu amor por ti que não é pouco. Sem teus afagos, como ficaria a minha vida? Minhas noites frias seriam intermináveis horas sofridas.

Elany Morais

TUA VOZ



  Rasga o véu negro da ignorância
Alivia passos nas ruas espinhosas
Faz dançar nas noites de esperança
Acalma as almas mais melindrosas.......

Apenas um eco, nunca será:

É uma luz que brilha no mundo
Acalmando as ondas do mar
Apazigua sentimento profundo
Fazendo o silêncio se expressar.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

INSEGURANÇA

Autoritarismo se veste de insegurança
Inútil tentação viver antecipadamente 
Mas poço de certeza não traz bonança
É melhor esperar dádivas calmamente.

Insegurança a mais vil perturbadora
Torna relação a afetiva incompleta
 A Inferioridade se torna reveladora
O inflexível a infelicidade completa.

Com ela a vida não se faz imensa
Pois da vida se faz desproveitá-la
Individualidade não se faz pretensa
Por insegurança vai abandoná-la.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais




FALSIDADE

Somos um tanto indecentes
Temos qualidades confusas
Com falsidades diferentes.

Pessoas querem parecer
Deveras o que não são
O espírito vem  padecer
Com desordem de visão.

Receia-se mostrar-se falso
É necessário tal equilíbrio
Mas o bem está no encalço
A guerrear contra o martírio.

Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A INDESEJADA - MORTE

 

Como sombra segue meus passos
Isso não sai do meu pensamento
Contrita entro no contrapasso
A dormir em teu leito sangrento.

Sucumbindo o coração fulmina
Inerte entre o espanto e receio
Na tua asa de ave de rapina
Levarás para teu gélido seio.

Me desvaira em terrível agonia
Não saio da angústia demente
Tua face espectral a mim sorria
Indiferente a minha clemência.

Tu és para mim toda amargura
Sem vaidade vou bem vestida
Tua chama os males depura
Inconformada deixo essa vida.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais


 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

REBELDIA



 Amanhã, nunca mais serás o muro que me prende. Não terei medo de nada. Não me confundirás mais. Tuas palavras estão seladas. Não penetrarão mais minha alma. O preço da minha vigília é voar ao ares. Cortar os nós. Creio intensamente na minha cura de ti. Tu escureces o meu partir.

Agora inspira, em mim, rebeldia. Não te aquecerei mais. Não me podarás as asas. Como pássaros sempre percorres o mesmo caminho. Quero reinventar. Interrompeste minha meu caminhar. Rasgo tua caixa de fantasia em que me prendeste. Não queres que eu acorde?

Meu sonho apenas estacionou. Ele não mofou. Não terminou. Tu não te encontras mais no barco que o carrega. Foste lançada fora, por seres tempestade impiedosa a impelir meu barco para as profundezas do mar sem fim. Como relâmpago tu passarás, mas não terás a força de me secar para o amar.

Foste chegando no meu campo, ficando a revelar para que veio o teu ficar. Mostraste bem o que tens para me dá. Deste-me um fraco amor, que se deleitou só no mel, a rejeitar o que era fel. E sem vergonha e sem honra, julgaste o que me desfaleceria, vieste a inflamar o que da vida eu queria.

Elany Morais


Todos os direitos reservados a Elany Morais

IN- RECIPROCIDADE

 
Teu coração leviano pisoteia minhas crenças, levando-me a muitos enganos. Agora, meu sono magoado não apaga minhas cicatrizes, minando, assim, meu espírito sossegado. Tu te achegas a mim, com linhas sem limites, limpando minhas lembrança que na minha cama tu dormiste.


A treva lançou o véu sobre nós, quando fechaste teus braços para meu corpo em desalento. Minhas esperanças foi a deslizar sorrateiramente  para o abismo sem fim. Foi então que a noite cresceu no nosso mundo. Meu olhar não invadiu tuas paredes. Minha luz estar a agonizar.

Quanto desejo meu! Mas não apertaste meu peito contra o teu. Minha vontade desvairada buscou teus gemidos, mas volteou em vão, palavras ,que provinham de tua boca, vinham sempre carregadas de nãos. Foi uma desventura, pois tornaste uma densa neblina, nessa minha vida de amargura.

Meu vigor agoniza. Minha espera em cinzas se torna. Tu não vens, tua indiferença ultrapassa o além. Nenhuma luz mostra teus desejos. Tua frieza desafortunou meu amor. Na solidão noturna, tu fechaste os caminhos que me levariam até a ti. Resta-me, apenas, lavar meus desejos nas águas correntes do rio.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais
 

domingo, 5 de janeiro de 2014

VERDADES SECRETAS

Só o coração conhece as verdades que são empurradas para o esconderijo mais secreto do ser. Ele conhece o desejo do amor submerso no poço das impossibilidades, ou um amar dentro do campo minado da irracionalidade. Somente o coração adentra ao terreno das paixões desmedidas, das saudades imortais, da tristeza desoladora, do desequilíbrio, da ilusão, da esperança e do medo da sinuosa estrada da vida. Além de conhecedor, o coração é o guardador daquilo que se desprende de nós, assim, ocupa seu lugar - talvez não merecedor - de vítima.
 
Mas se o leitor curioso se perguntar o porquê de haver verdades que são de conhecimento exclusivamente do coração, posso dizer que certas delas (verdades) são como relâmpagos ou raios que, ao mesmo tempo que podem ofuscar, podem também secar; queimar e matar aqueles que não nasceram para compreendê-las.

Enjaulada no coração ou nos ares da imbecilidade, as verdades serão sempre maiores do que todas as coisas já ditas, vistas ou sonhadas.

Elany Morais

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sábado, 4 de janeiro de 2014

MUITAS DE MIM


 Não sei se sou vista na minha multiplicidade. Mas sou assim: várias de mim. Enumerar-me talvez seja uma impossibilidade. Na minha diversidade, falo de amor, de tristeza, de felicidade e de dor. Beirando eu vou na estaticidade e desdobrando-me no movimento alucinante. Quando dou por mim, transformo-me na colhedora de flores de todos os jardins, a lançar pernas e braços para um drama sem fim.
E eu "me transmuto em outras": como água corrente não estaciono. De moça mimada, carente, passo pela senhora austera decadente. Fundo-me com a jovem melodramática, nervosa, assenhorando-me da inconsequente e pegajosa. Há momentos em que me visto de medo, fecho-me em caracóis, cheia de reservas e, cortando os nós, revelo todos os segredos.

Eu sou assim: Múltiplas de mim. Alma acorrentada pela timidez, palavras na minha língua travam, mas quando menos percebo, elas saem com tamanha fluidez. Ora de juízo insano, com vestes de freira e espírito profano. Ora presa pela censura, do nada, solto verbos sem menor frescura. Ora a me calar, mas jogo no ar o que ninguém tem coragem de falar. Ora prendo-me a bichos como jacaré, por vezes, sou homem e em outras; sou mulher. Ora sou sinônimo de sutileza, dona do mundo, inflamo os algozes e saio em minha defesa. Ora pareço fingida, mas com determinação, sou mesmo é atrevida. Ora estou no lamaçal, porém me visto de vermelho como mulher fatal. Ora evito riso de fora, conflito existencial me flecha toda hora. E por fim, eu sou assim: eu sou muitas de mim.

Elany Morais

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

TÉDIO



 O sempre de todo dia torna todas as coisas amargas, alonga a vida na cruz dolorosa. A fragrância das horas sofrem mutações, restando apenas a vala comum. As novidades deixam de ser novas, convertendo-se em cemitérios estranhos. As rosas perdem sua cor. Os mortos são esquecidos. A curiosidade agoniza. A água já não é quente nem fria. O enfastio chega até do que nunca se viu.

Quando novo, quer-se escalar o céu. Mas com a repetição, tudo torna-se igual, a ambição perde a força e as maravilhas perdem a cor: é o tédio assomando no seu silêncio devastador.

A voz do tédio nasce e ecoa. O aborrecimento pesa. O desejo dorme. O sangue gela. A alma se esvazia. O olhar perde o brilho. Rugas se formam. A felicidade esquiva-se. A idade dilata-se. O coração bate compassado, não vibra, a mente não pensa. Promessas não se cumprem. Laços são nós rebeldes.

Esse mal (o tédio) tem grande poder sobre almas sem criatividades. Dilacera a pele. Abre feridas que não se costuram. Desasas sonhos, poda esperanças, corta o que poderia fartar. Ele é indomável. Nada pode contê-lo. Ele é o mar nas suas maiores profundezas. Quem nunca mergulhou nesse mar?

Elany Morais


Todos os direitos reservados a Elany Morais

LIBERDADE



 Não venhas com as mesmas palavras, nada em ti me comove. Rio-me de tuas facetas. Tua alma já naufragou em meu mar. Desamarre teu barco, e parte. O céu para nós tornou-se cinzento. Meu coração quer cura. Tua esperança é um morcego.... Não ficarei mais presa em tuas cinzas frias. Fizeste do meu viver funerais sombrios.

Os apelos que me fazes traz-me desconsolação. Verdade não há. Minha alma não quer parar. O sangue que há em ti não circula. Teu amor é amargura. Não renunciarei minhas portas. Tu és algemas para meu espírito errante. Meu querer é inconsequente, mas não sou inviolada demente.

Meus verões não são os mesmos. Tu me trazes monotonia preguiçosa. Angústia teimosa. Livra-me do teu ferrão. Tira-me da escuridão. Vai para o subterrâneo dos fortes. Minha força não é nobre. Em liberdade, ainda poderei viver. Conceda-me essa primazia. Teu fel transbordou. Não costure tua alma em mim. Quero voar. Quero amar. Ainda estou louca e lúcida. Alheia-te de mim. Não mate meu jardim.

Com pele fria, tu abafas meus sonhos. Nossa casa é qual lar de infância perdida. Nenhuma de nós sossega nosso teto. Gestos me ofereces são grotescos. Cuidado!! Meu coração é vidro.

Tua clandestinidade não mais me seduz. Vadiarei em tua ausência. Tens me tornado pássaro na gaiola. Não sou mais eu. O vento tem levado minhas penas uma a uma. Rainha de mim desejo ser. Leva as malas que te pertencem. Teu desejo raia é raio negro. Vontades que são tuas conspiram contra mim. Não há harmonia em nossa arte de viver. Ouvir chuvas ficou no passado. Não serei fantasma de um mundo vivo. Vai, não precisa pedir nada para a porta, ela se fecha, de tão doida está pela liberdade de amar.


Elany Morais
 
Todos os direitos reservados a Elany Morais

MORTE DA CASTIDADE - SEXO



  Uma linguagem, dois corpos. Sobre o chão frio, o amor gritava. Braços se amarravam, o fogo da pele acendia. As paredes cochichavam. A nudez dos amantes reluzia. Um corpo flechava o outro. A música festejava a fremência. Os gemidos embalavam a brancura da paz carnal.

Como aves, eles se bicavam. A luz testemunhava a loucura dupla. Olhos descansavam no gozo. Mãos tatuavam pele. O fervor veio com a taça. Lábios se uniram. Bocas sopravam desejos. Vozes limitavam-se. O tempo esqueceu seu caminho. Mais um vinho.

Encheram novamente a taça. As bocas estavam vulneráveis. O desejo de posse se revelava. Como água do rio deslizavam suavemente entre si. Da cintura aos joelhos a loucura acudia. Os espelhos refletiam lábios nos lábios, corpos nos corpos. Lençóis lançavam convites. Como areia sob o sol, ardiam-se. Beijos se multiplicavam. Entre carícias, vibravam, deliravam. Com súbita ternura, uma perna procurava a outra. Cama, cadeira e mesa eram o navio que conduzia aos sonhos do prazer.

Era uma luta corporal. O sangue fervia. Dedos desbravavam matas. Gritos saíam entre os dentes. Como animais no cio, gruniam... Tudo perdia suas formas. Eram dois corpos em um, num gozo pleno. Línguas promoviam espasmos. Eram leões enfurecidos soltando rugidos. Sem dizeres algum, a castidade descia a sepultura. O túnel vaginal se magnificava na banheira de espuma. E tudo se esvazia na forma triangular do sexo.

E a noite, embriagada de volúpias ardentes, despedia-se lentamente. E por fim, depois do abandono dos pudores, os amantes adormeciam devagarinho. Os corpos umedecidos de suor estendiam-se na cama como se estátuas fossem. Os sentidos reclamaram pausa. Satisfeitos, os olhos pousaram no seu descanso necessário e, finalmente, a paz foi instaurada.

Elany Morais

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