Sou educadora e escritora

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

DESFAÇO

DESFAÇO
Por Elany Morais
O que fizeste, posso desfazer
E se desfaço, como podes
refazer o que nunca deveria
se fazer?
E se nesse rema-rema, tu te cansares,
Teço infinitas linhas porque
Meus pés nunca descansam.
Se acreditas que nessa trilha te envolvo,
Engana-te, só te devolvo
Aquilo que em mim não desenvolvo.

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terça-feira, 25 de agosto de 2015

DESUMANIDADE

DESUMANIDADE
Por Elany Morais

Quando chegaremos ao estado de humanidade?" Quando deixaremos de ser a sombra da vara torcida"?  Quando, de foto, seremos seres humanos? Ainda não somos humanos, prova disso: o mundo está em cinzas. A vida dos outros tornou-se apenas um rabisco, sendo apagado por qualquer desgosto ou contrariedade. Ou seja, a morte alheia tornou-se algo banal. O negativo tem ganhado formas gigantescas. As mentes estão sofisticadas para qualquer tipo de violência.

Em se tratando de " gente" brasileira é visível as facetas de quererem mostrar serem o que não são, mas que deveriam ser. Não sei se me engano, mas acho que já disseram que o Brasil é o paraíso no meio do caos. Se isso  foi dito, certamente, não foi por acaso, pois aqui temos de tudo ao que se refere ao campo da negatividade: desigualdade social, tortura em delegacias, masmorras modernas, violações dos direitos humanos, desrespeito ao trabalhador, elite preconceituosa, imprensa controlada,  a propagação do consumismo desenfreado, pelos meios de comunicação, a polícia não mais inspira segurança ou confiança, por ter se transformado em exterminadora, não do futuro, mas de pobres e negros do presente,  o sistema judiciário é lento, complicado, ineficiente, e atua sob a suspeita de favorecer os mais abastados, abastados também de desumanidade, a corrupção criou raízes e ramos para todos os lados, está generalizada, incrustada em todos os poderes, ou melhor dizendo, em todo lugar, a violência evolui, ganhando novos formatos, novas versões, a espalhar suas sementes em todas as direções, atingindo todo e qualquer terreno... Então, diante de tudo isso, ponho-me a pensar: o que mais esperar de quem deveria ser humano? Será que um dia seremos gente?


Caxias - MA, 25 de agosto de 2015.

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domingo, 23 de agosto de 2015

O BEM QUE VEM DAS FLORES

O BEM QUE VEM DAS FLORES
Elany Morais

São as flores que me vêm com sorriso largo,
Com beijos doces, abraços e ternos afagos.
Então, rendo-me ao que cheira. Sinto o
Perfume que vem das flores.
Elas exalam a pureza e as linhas que
Tecem o bem.
 Delas vem para fora a flecha
Que ativa, do nosso peito, a sensibilidade,
A via humana, que tem gosto de vida eterna


CAXIAS- MA, 23 de agosto de 2015.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

SEREI NADA

SEREI NADA
Elany Morais

Muito não sou, amanhã é cova escura.
Minha pele será cinza solta no vento,
Podendo ser o fim de todo tormento,
Sem haver lembranças dessa vida dura.

Como saber qual será minha figura?
Ou se em mim haverá algum intento?
Na terra ficar, não tenho merecimento
A não ser descansar na sepultura!

O medo do fim até me esfria,
Mas já vivi aqui minha mocidade
E se eu permanecesse, feliz eu não seria.

Em mim não há esperança de santidade
Pois já nasci com a alma quase ímpia,
Por isso, não me acabe a eternidade.

Caxias- MA, 20 de agosto de 2015.
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

ENTRE A FLECHA E A ESPADA

ENTRE A FLECHA E A ESPADA
Elany Morais

Isto não é exagero meu, antes fosse: estamos vivendo o caos político-social.
A todo momento, somos submergidos sob enxurradas de informações ( verdadeiras e falsas), de tal forma que não se há tempo nem para pensar em argumentos ou lógicas que permitam duvidar ou acreditar em tais. Por isso, o que se vê são pessoas totalmente perdidas, desorientadas e inquietas, diante dos acontecimentos políticos verídicos e falseados do país. Para muitos, estar difícil identificar os donos da verdades e da mentira. Então, diante desse cenário, há que se fazer um malabarismo intelectual e físico para que não venha a cair no pântano mais perigoso.
A situação político- social, do Brasil, poderia ou poder ser menos venenosa e, consequentemente, letal? Poderia e pode, contudo, nossas mentes não estão produzindo soro antiofídico. Para isso, seria necessário estrangular a ganância, a vaidade, a falta de empatia, a indiferença, o desamor.... Do contrário, vê-se o que temos e o que vivemos na atualidade.
Queria eu me desfazer de qualquer sufixo ista partidário, mas assim como a chuva é para todos, o véu da política- seja branco ou preto - também é para mim, ou seja, também me afeta, interfere na minha forma de pensar e agir e, enfim, influencia minha vida, como a de toda e qualquer pessoa.



Caxias- MA, 18 de agosto de 2015.

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sábado, 15 de agosto de 2015

SABER DIZER NÃO

SABER DIZER NÃO

Elany Morais


Eu era dependente dos adjetivos, ou melhor, eu era escrava deles, por isso, eu me apropriava dos verbos até  a exaustão. Mas nos últimos tempos, descobri que se desrespeitar para agradar os outros não traz felicidade. Agora posso experimentar o prazer de saber dizer não.
 É questão cultural o desejo de sermos agradáveis  aos olhos de outrem, de sermos bons, amáveis, solícitos, mas nunca ouvir e atender primeiro as nossas necessidades. Nunca queremos ser feios para ninguém, é até suportável ser feio para si, mas para os outros, jamais.

 Nunca me orgulhei de ser reservada, de ter poucos amigos próximos, de economizar palavras orais. Para mim, bacana mesmo era ser sociável, ter facilidade de fazer muitos amigos, ser extrovertido ... Mas com minha prática de ser gente pensante, pude constatar  que posso ser perfeitamente eu na minha imperfeição, que posso ser considerada antipática, sem me custar nenhum desgosto. Quantas vezes eu emprestava algo, com a certeza de nunca mais ser restituída, mas eu dava um nó no coração e me desfazia do objeto para todo sempre, somente para não dizer NÃO para alguém que nem era amor de meu coração exigente!

Tive a sorte de descobrir que ser verdadeiro consigo mesmo diminui os falsos amigos e aumenta nossa felicidade. Uma coisa é certa: é impossível ter muitos amigos, se somos bons para nós mesmos. Não dar para servir dois senhores. Mas diante disso, também pude comprovar o seguinte: os únicos amigos que nos sobram são, de fato, os verdadeiros.


Caxias - MA, 15 de agosto de 2015.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

JULGAMENTO

JULGAMENTO
Elany Morais

É puro quem diz que nosso amor é impuro? É certo que se eu não me enlaço  em ti e tu em mim, caímos na imoralidade. O mundo que nos culpa e  nos pune é um deserto escuro. Então eu te abraço, porque com braços ou se braços não há como não sofrer. Se tu não me tocas, de qualquer forma, o mundo me afrontará. Sendo assim, afrontaremos juntas o desamor, o amargor e fel de quem não sabe amar. O que não percebem é que nossos corpos nasceram para celebrar o amor que vive em nós, sem regras, sem fronteiras, sem fórmulas e sem roteiro pronto. E se para o mundo isso é uma fronta, eu só espreito a luz terna que nele se apagou.

Enquanto olhos lançam-nos desprezos, eu te bebo e tu matas a minha sede. Por que hei de me abandonar por causa dos abandonados pelo prazer de amar? Enquanto lábios maldizem o meu amor, eu te beijo e tu me beijas, rente a minha pele. Enquanto o mundo nos cobre de vergonha, tu me despes e eu te cubro com meu corpo, que não tem medo de viver o que se sonha.

As línguas vociferam ao meu redor, então, eu me deito sem medo e sem culpa do meu defeito. Enquanto vozes bravejam, eu me faço sonho teu, e tu te deitas no peito meu, plena de felicidade por o amor que entre nós aconteceu.


Caxias - MA, 2 de agosto de 2015.

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terça-feira, 11 de agosto de 2015

A CRIANÇA QUE HÁ EM MIM

A CRIANÇA QUE HÁ EM MIM
Elany Morais

Recuso-me a matar a criança que há em mim, portanto, ainda sou criança. Não se assuste se meus abraços não forem tímidos ou desconfiados. Gosto mesmo é de sentir a pessoa inteira em mim, sem rodeios, sem meios apertos... Sinto que ainda não perdi a vontade nem a capacidade de inventar mundos mágicos, de heróis, de céus sem balões em chamas, com sol, sem cinzas ou pós. Crio cenários de amores vividos, sem aquela de não serem correspondidos! Rio do que para os adultos não é nem será engraçado. Nunca encontro beleza nas atitudes ou em aparências superficiais. Gosto é de ver beleza de gente, com pele fina ou pele grossa que conta toda a história da vida que vive e sente. As possibilidades para mim são sempre grandes. Nada é estreito. Quando vejo o pássaro no céu, a alegria é tão grande que dá aperto no peito.

Não nego que, às vezes, tenho atitudes de gente grande, quero entender o mundo que me rodeia, mas dou meia volta e me deixo girar nessa grande bola que guarda todas as pessoas, com sentimentos que as incendeiam. Como guarda não sei. Talvez seja melhor não saber, aliás, é melhor não compreender, do contrário, poderia não haver meios de como se viver. O que vale mesmo é deixar-se encantar com o brilho das estrelas, com o sol, em seu raiar, com as águas do mar iluminadas pelo reflexo lunar.

Hoje sei identificar a criança e o adulto que há em mim. Quando vejo o mundo cinza, é o adulto que acaba de acordar de seu sono agoniado, então rezo para a criança despertar, pois só assim, o mundo ganhará novas cores, nova vida com novos sabores.

Caxias- MA, 11 de agosto de 2015.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

LUGAREJO

LUGAREJO
Elany Morais

Lugarejo sem brejo nem estrada, longe de tudo, perto de nada. Esse era o lugar onde muitas vezes vozes choravam no silêncio noturno. Dele, o rio corria, as plantas ressequiam, o gado morria, as árvores não floriam, somente o pássaro cantava, a cigarra rachava,  o agricultor plantava, mas naquele lugar, nada vingava. Lá, quando o dia dormia, só se ouvia o grito oco, que pedia socorro, à beira do único poço que abastecia a todos, dos mais velhos aos mais moços. Quando o dia amanhecia, o prenúncio era de alegria, mas com o passar das horas, toda essa esperança morria. O sol era de rachar, a promessa das crianças; apanhar, ali, de muito não se abaia, principalmente, amar. Ah! Quanto desgosto! Viver com a corda no pescoço, mas a vida ali não era rascunho nem esboço, era uma versão definitiva, que nos despertava com um soco.

Os domingos eram para ser de folga, mas as costas dos indefesos casavam-se com a sola, o sonho de brincar com  boneca ou de bola evadia-se de mundo a fora. Lá não havia aquelas cenas de poemas, onde os campos eram verdes, com flores de açucenas, apenas existiam as rezas e as novenas, mas que parecia não valer apena.

Cada dia ruim, torcia-se para que  este fosse o último, ninguém se prendia ao que fosse fútil, pois lutar pela vida era o de mais útil. Não prezo relembrar o passado,  aquele chão não foi amado, porque lá morria gente, morria planta e morria o gado. Quem, naquele lugarejo, não perdeu a força, sem ninguém que o ouça, para livrar de tão triste sina, onde nada se fascina, somente a dor que alucina, com lágrimas no olhos e tanto, onde todos viviam em pranto até que a voz que termina.


Caxias - MA, 10 de agosto de 015.

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domingo, 9 de agosto de 2015

POR TRÁS DO RISO

POR TRÁS DO RISO
Elany Morais

Por trás de todo sorriso, uma amargura
oculta e completamente indecente,
impossível de decifrar totalmente,
a ganhar outra forma obscura.

O tempo de toda vida é o que dura
sem disso perceber qualquer vivente,
mas somente o coração é quem sente
e com seu poder a alma desfigura.

Se isso é obra de qualquer acaso,
as lágrimas brotam no olho raso,
tornando o brilho da  luz ofuscante!

Esse é o destino que nos foi dado
somente a morte livrará desse estado,
mas nos enganamos a todo instante!

Caxias - MA, 09 de agosto de 2015.


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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O INFORTÚNIO

O INFORTÚNIO
Elany Morais

Sob as sombra noturnas, o silêncio pacífico era quebrado com um grito de desespero e dor: era o medo de perder o bem protegido e amado. Ecoava no peito uma desorganização total. A condição da vida abria feridas profundas. Mas nada de resignação. Mãos se agitavam, na tentativa de resgatar aquela vida que parecia se despedir.  Rastejar, implorar pela compaixão divina, além de ser uma das expressões do desespero humano, era mais uma coisa a se fazer, naquele momento. Pedidos ao divino pela reconsideração da sorte era a oração. Tudo parecia um papel rasgado. A vida feliz, agora, era moribunda. A dor rompia as artérias do amador. Mas nenhuma palavra mordaz produzida pela irreflexão saiu de sua boca. O medo circulava pelas suas veias. Sentia a morte golpear a existência do ser amado. Percebia-se entrando numa infinita escuridão. Mal conseguia raciocinar. Não sabia deixar a morte levar.
Nenhuma partícula de orgulho existia naquela alma aflita. A única certeza existente era de que a alegria e a tristeza não dançavam na mesma proporção. Havia uma desmedida terrível era elas. Naquele instante o único desejo existente no peito era: ter a eternidade da companhia do bem- amado.  Mas parecia impossível esse feito. Por isso, a vida se mostrava toda desvivida. E a revolta fustigava a pele. Havia protestos melancólicos, inconformados... Para aonde a vida vai, quando se a quer aqui? Quando se quer pele quente, ela  se esfria, quando se quer  abundância, tudo se amesquinha... Ah, isso é ser graduado em desentendimento, em desorganização, em perdição... Os infortúnios têm destas coisas: tira-nos da nossa casa, da nossa organização, da nossa reflexão... Mina até nosso oxigênio, impedindo nossa respiração.


Caxias - MA, 06 de julho de 2015.

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domingo, 2 de agosto de 2015

VIVER É PERDER






VIVER É PERDER
Elany Morais


Como me isolar da agonia?

 Meu viver e o dos outros é assim: a vida finge que joga uma carta para ti; outra para mim. Convence-nos de que a morte mascara outra realidade desconhecida, porém com a possibilidade de paz, descanso e felicidade. Mas na verdade, a vida faz isso porque quer esconder a sua sutil face trágica. Quem não percebeu ou viveu perdas gradativas, ao longo da existência? É isto: viver também é perder. A vida segue, e as perdas vão se desfilando, desfiando, crescendo, avolumando-se até onde não se tem mais o que perder, restando apenas aquilo que talvez não se queira mais Essa, sim, é a verdade extraordinária. Não há do que se surpreender. Isso não é um escândalo. Estamos num beco sem saída. Estamos na vida. Vamos perder sempre o que mais se quer. Ser é trágico. Viver é um circulo vicioso de perde -e- ganha. Ou não se ganha. Ganhar na vida é ilusão. Há apenas um empréstimo, sem aviso prévio de nos ser tirado aquilo que aparentemente nos foi dado.


Como é difícil jogar sem cartas! Como ganhar sem saber as regras do jogo? Não temos chance. Já nascemos vencidos. Perder é o castigo de ser e estar. Até a coragem nos negam para retornarmos. Retroceder não é possível. Avançar também é caminhar para o final, o final do ser, do estar, do quer... Aqui é o auge do perder. Em fim, na vida, perde-se tudo, até o querer não perder.

Caxias- MA,02 de agosto de 2015.