Sou educadora e escritora

sábado, 27 de fevereiro de 2016

MÚSICA


A MÚSICA
Por Elany Morais

A música são gestos que se tocam. Acalenta a alma. É ela que abre o ouvido, a revelar o sentido que a vida tem ou nos convêm.  É uma voz que responde. Está sempre a deixar uma porta entreaberta, a revelar qualquer verdade que repousa encoberta. Diante dela, saudades viram lágrimas ou risos soltos, pálidos, perdidos... Como uma lágrima pode manter-se endurecida diante de uma música?

A música derrama-se em corpo aflito, a causar mutação. Nas malas musicais, sempre haverá memórias. A melodia pode apontar o caminho do sol, esfriar um rio de lavas e encher-nos de polidas palavras.  Há sons que podem até serem tépidos, mas servem de remédios para profundas feridas.

Não importa se algum espírito peneira o ritmo, pois o movimento de dentro para fora sempre se sacode. Nunca haverá desabrigo. E se a música é voz soprada, alguma entranha será eixo vibratório. Ora ela pode ser aquele silêncio inigualável que suaviza os males da dor, ora poder ser aquela raiz frágil que te deixa vulnerável.

A música pinta de verde as folhas ressequidas. Há sempre uma harmonia entre música e flor e entre arte e dor. A música acorda a mansidão da consciência, movimenta a nostalgia, dá asas, dinamiza espaços, joga-nos ao comprido... E quando se ouve as nuances do som, o pensamento se alarga, dilata-se, expande-se... A música nunca se repete, renova-se a cada ouvir, a cada sentir... Tira-nos do apodrecimento.

Quem nunca foi denunciado pela música? Quem não tem medo de revelar o seu eu mais secreto, abraça-a fervorosamente. Enfim, apesar de tudo, a música é tudo. Pois ela é arte e, como diz Ferreira Gullar, " a arte existe porque a vida não basta."


Caxias - MA, 27 de fevereiro de 2016.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

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