Sou educadora e escritora

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

EU NÃO CONTROLO


Por Elany Morais
Como controlar?
A vida me come todos os dias, devagarinho, mas ela me come. Porém, a mim, não basta apenas fazer parte do infinito. Eu quero mais. Quero dias e dias até perder de vista. Mas haverá dias que me escaparão. E o que fazer? Eu não controlo. Então, minha alma se rompe e cabe muito e cabe tudo. Cabe até sofrimento. Aquele sofrimento processual. Sem que eu possa fazê-lo diminuto. E se assim é, deixarei de regar minha insistência, não posso controlar. A finitude está plantada em minha carne. Minha resistência é delicada. Porque o tempo me dobra, me quebra, me finda. E o que fazer? Só me resta lavar meu pensamento, acariciar a perda, fazer com ela não se torne tão feia e, sem dor, deixar vida me comer, mas me comer toda, completamente. Mas se meus pensamentos ficarem limpos, em vez de a vida me comer, eu posso comer a vida, comer com tudo, o prato completo, com direito a todas as iguarias até o doce estragado.
Por que me corroer? Eu não controlo. A finitude tem e vem. Do que vale a intensidade do meu desejo de moldar, de ficar? Nada se ajustará a meu favor. Não há o que me caber. Só me cabe lavar o que me vem sujo. Mudar, sofrer e partir pode não ser sujo e feio. Isso pode ser comido com aceitação. Faz parte de tudo que se tem.
Todos os dias é despedida. Eu não posso controlar. A vida é um prato que não esfria nem apodrece. Mas não se pode demorar.
Caxias- MA, 19 de agosto de 2016.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

Nenhum comentário:

Postar um comentário