Sou educadora e escritora

sábado, 13 de agosto de 2016

INCONFESSO DESEJO


Por Elany Morais 

Há  desejos que se acovardam. Calam-se. Amedrontam-se diante de qualquer ponte levadiça. Existem espaços que são odiosos para seu desabrochar. Onde a malícia veste, sem pudor, os atos mais inofensivos. E como ganham vulto os desejos irrealizados! Tornam-se nossos criminosos. Perturbam a gente, sem cessar. Tudo fica nevoento aos nossos olhos. É o que sempre nos acompanha. É uma rede infinita. Não há essa de se desviar daqui ou dali...
Desejos calados são choques que nos atordoam. Quando mudos, são hostis. Nem é preciso realizações elásticas, mas é necessário respeito ao seu ato de ser. E os desejos que tentam se economizar? Eles não existem para isso ou para aquilo... Se assim for, a pessoa andará sempre com aquela cara de ferrugem. A covardia habitual deles é uma sentença condenatória.
Nenhum desejo é ignorante, incapaz de conversa ou defesa. Então, por que se acovardar? Por que emudecer? Esgoelar-se é desnecessário, mas calar a voz é um tiro no pé. É desgosto na alma pregado a martelo.

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