Sou educadora e escritora

sábado, 2 de maio de 2015

ENGANOS

 
ENGANOS
Elany Morais

O mundo me engana, sem cuidado, sem esforço, sem respeito... Vez por outra, sinto-me embriagada pelo vinho da estupidez. Convenço-me de que, para o mundo, enganar é nobre, é moda. Hoje é moda berrante. Tudo não é o que supõe ser, os olhos creem que enxergam alguma coisa, mas nada é do conseguem ver.

São tantos enganos, são mares de enganos! Além de tudo, o mundo me ensinou enganar a mim mesma. Há sempre um eu e mais alguém que se deixa enganar. E, quando se pensa que algo é, nada somos, absolutamente nada, a não ser um pó que hoje serve como apoio de pé. Mas por vezes, como não ser estúpida, com tantos enganos bem elaborados, arquitetados, estruturados,  arrumados, apenas para nos fazermos acreditar que somos o que nunca podemos ser? Ah! Mas os lençóis dos enganos são curtos e rotos, eles encobrem uns erros, mas descobrem outros.

Mãos amarradas. O que fazer diante de tantas ilusões? Para que servem os sentidos? O meu pensar é para me trair? Minha percepção é para me iludir? Quando se  julga caçador, somos caça caçada, presa, capturada e enganada. Mas também, nesse mundo de enganos, somos artistas na arte de burlar,  de engrupir,  de ilusionar...

E num lapso de razão, chego acreditar que somos tão vulneráveis, tão cheios de inverdades que é preciso haver enganos para conservar nossa existência. Na minha cabeça, gira uma cadeia de possibilidades, de interrogações... Conseguiríamos viver em grupo sem a arte de enganar? O mundo me engana para eu ainda existir? Talvez eu seja o máximo em exagero, mas não me cabe remar contra a corrente, há enganos que são perigosos ao se transformarem em desenganos. Quem sabe seja  melhor continuar vivendo, mesmo que seja de enganos.


Caxias - MA, 02 de maio de 2015.

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