Elany Morais
O mundo me engana, sem cuidado, sem esforço, sem respeito... Vez por outra,
sinto-me embriagada pelo vinho da estupidez. Convenço-me de que, para o mundo,
enganar é nobre, é moda. Hoje é moda berrante. Tudo não é o que supõe ser, os
olhos creem que enxergam alguma coisa, mas nada é do conseguem ver.
São tantos enganos, são mares de enganos! Além de tudo, o mundo me
ensinou enganar a mim mesma. Há sempre um eu e mais alguém que se deixa
enganar. E, quando se pensa que algo é, nada somos, absolutamente nada, a não
ser um pó que hoje serve como apoio de pé. Mas por vezes, como não ser
estúpida, com tantos enganos bem elaborados, arquitetados, estruturados, arrumados, apenas para nos fazermos acreditar
que somos o que nunca podemos ser? Ah! Mas os lençóis dos enganos são curtos e
rotos, eles encobrem uns erros, mas descobrem outros.
Mãos amarradas. O que fazer diante de tantas ilusões? Para que servem os
sentidos? O meu pensar é para me trair? Minha percepção é para me iludir?
Quando se julga caçador, somos caça
caçada, presa, capturada e enganada. Mas também, nesse mundo de enganos, somos
artistas na arte de burlar, de
engrupir, de ilusionar...
E num lapso de razão, chego acreditar que somos tão vulneráveis, tão
cheios de inverdades que é preciso haver enganos para conservar nossa
existência. Na minha cabeça, gira uma cadeia de possibilidades, de
interrogações... Conseguiríamos viver em grupo sem a arte de enganar? O mundo
me engana para eu ainda existir? Talvez eu seja o máximo em exagero, mas não me
cabe remar contra a corrente, há enganos que são perigosos ao se transformarem
em desenganos. Quem sabe seja melhor
continuar vivendo, mesmo que seja de enganos.
Caxias - MA, 02 de maio de 2015.
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