Sou educadora e escritora

segunda-feira, 4 de maio de 2015

PRAZER E DOR
Elany Morais

Todo nós somos reféns. A natureza selou nosso destino aos pés do prazer e da dor. Sem esta e, muito menos sem aquela, podemos ser.
Quando que viver será deixar de se sujeitar ao prazer e à dor? Nossos passos não vacilam para outra direção, pois outra não há. Em vão é cruzar linhas predestinadas a um único ponto, a um único fim.. Podemos estar submerso no mundo das aparências, dos enganos, mas não escapamos do que ilusionar nossos sentidos não podem: o prazer e a dor. Estes sãos nosso paraíso e inferno. Sem contestação, eles são nosso barco que nos conduz  a tudo... São nossa marca de existência, nosso ferro, nosso carimbo... A natureza nos deu sensibilidade para senti-los, independente de nosso pensar ou do querer. E, se assim a vida é, não me seduz as ideias religiosas de que  prazer é mácula, porta aberta para o inferno dos que em tudo e em qualquer coisa creem.

Meus ouvidos estão sensíveis, irritáveis aos discursos de que  o prazer é imoral, obsceno, ilegal. Se assim for, o nosso ser é, na sua essência,  imoral total. Prazer e dor são inerentes ao nosso existir. Por isso, não me cabem os dogmas que me dizem que sou o que não sou, ou que não sou o que é. O que vem de mim é dito e sentido apenas por mim. Quem ainda não se descobriu no mundo, na vida, anda conjecturando o que está longe de ser o que é.

Por que condenar o prazer se ele nos dá resistência à dor?  É destino nosso : querer prazer e se esquivar da dor. Todos estão habitando o mesmo terreno, onde são atraídos pelo prazer e temem a dor. Quando os joelhos gritam pressionados pelo chão firme e os dedos debulham o rosário,  não é por medo da dor? O céu que tantos querem habitar, não é por receio da dor? Quando o prazer é rejeitado, não é por pavor da dor?

E agora? Saída não há! Por que mendigar mar, se não existe água? Beco sem entrada e sem saída é querer viver sem dor. Estupidez sem medida é renegar, desprender-se do regalo, do deleite, do júbilo, do prazer. Não posso deixar de ser o que sou. A Natureza me concebeu de sua forma, lançando sobre mim pesos e prêmios. Isso virá sobre mim, independendo do qualquer coisa. Não adianta fugir do pesar, do infortúnio, não  adianta o presente evadir-se do futuro. Hoje eu posso sentir prazer, mas a posteridade é morte, portando, vou sendo com prazer e dor.


Caxias - MA, 04 de maio de 2015.

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