DEFINO-ME
Elany Morais
Hoje, acordei disposta a pensar para dentro, na tentativa de
definir-me. Penso que agora tenho muitas definições a meu respeito. Eu era
indecente com a dor e com o tempo, mas descobri que tanto uma quanto o outro
são inevitáveis, impositivos, dessa forma, só me restou a considerar com
resignação o que dói em mim, a cada hora. Sei que existe o tempo de doer bem
"direitinho". Também reconheço que a esperança gosta de vadiar de
roda gigante. Ora sobe, ora desce. Percebo que em cada momento há uma espécie
de esperança, porém, sem esperar.
Hoje, sei que fui escrava apenas de mim. Meu passado foi de total
escravidão. Mas cortei as cordas do meu eu, porque a liberdade externa já não
mais me satisfazia... Agora sou um ser borbulhante por dentro. Meu corpo
implorou anos a fio por uma alma florida. Por isso, fiz o que me urgia e hoje
sou o que preciso. Descobri que a dor não era o único caminho que podia me
conduzir à felicidade ou que minha
felicidade não deveria ser boicotada pela dor.
Sem medo, posso dizer que sou tudo para mim. Se o outro me faltar, não morrerei, porque agora
sou inteira. Não sou parte de um todo. Eu sou o todo. Se eu não for atendida,
não desmontarei, posso perfeitamente gritar para o alto, mas tenho que ser
ouvida principalmente por mim.
Eu estava perdida dentro de mim, mas me persegui até me encontrar. Catei
cada caco estilhaçado, fiz remendos, costurei-me com a paciência de Jó. Agora
estou nos arremates finais, quase pronta, mas ainda estou fincando-me,
construindo bases sólidas. Não tenho pressa nenhuma para ficar acabada, pois
sei que este momento chegará, mesmo que eu não queira, e, quando isso
acontecer, as palavras, todas elas ficaram presas em minha boca para toda a
eternidade.
Caxias - MA, 28 de março de 2015.
Todos os direitos reservados a Elany Morais
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