Sou educadora e escritora

domingo, 29 de março de 2015

DEFINO-ME

DEFINO-ME
Elany Morais

 Hoje, acordei disposta a pensar para dentro, na tentativa de definir-me. Penso que agora tenho muitas definições a meu respeito. Eu era indecente com a dor e com o tempo, mas descobri que tanto uma quanto o outro são inevitáveis, impositivos, dessa forma, só me restou a considerar com resignação o que dói em mim, a cada hora. Sei que existe o tempo de doer bem "direitinho". Também reconheço que a esperança gosta de vadiar de roda gigante. Ora sobe, ora desce. Percebo que em cada momento há uma espécie de esperança, porém, sem esperar.

Hoje, sei que fui escrava apenas de mim. Meu passado foi de total escravidão. Mas cortei as cordas do meu eu, porque a liberdade externa já não mais me satisfazia... Agora sou um ser borbulhante por dentro. Meu corpo implorou anos a fio por uma alma florida. Por isso, fiz o que me urgia e hoje sou o que preciso. Descobri que a dor não era o único caminho que podia me conduzir à felicidade ou que minha  felicidade não deveria ser boicotada pela dor.

Sem medo, posso dizer que sou tudo para mim. Se  o outro me faltar, não morrerei, porque agora sou inteira. Não sou parte de um todo. Eu sou o todo. Se eu não for atendida, não desmontarei, posso perfeitamente gritar para o alto, mas tenho que ser ouvida principalmente por mim.

Eu estava perdida dentro de mim, mas me persegui até me encontrar. Catei cada caco estilhaçado, fiz remendos, costurei-me com a paciência de Jó. Agora estou nos arremates finais, quase pronta, mas ainda estou fincando-me, construindo bases sólidas. Não tenho pressa nenhuma para ficar acabada, pois sei que este momento chegará, mesmo que eu não queira, e, quando isso acontecer, as palavras, todas elas ficaram presas em minha boca para toda a eternidade.


Caxias - MA, 28 de março de 2015.

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