Sou educadora e escritora

domingo, 26 de julho de 2015

PENSAMENTOS VICIOSOS

PENSAMENTOS VICIOSOS
Elany Morais

Tenho uma incompetência absurda para os mistérios e incertezas da vida. Minha crença é única, fechada, talvez trágica, ou mesmo desesperançosa. Assalta-me a ideia de que partirei a qualquer momento, sem sequer arrumar as malas. Isso deve ser minha capacidade de viver no vácuo. Nesses instantes, tento engolir o medo. Lanço mão de tintas e pincel, na tentativa de colorir a vida com outras matizes.

Dou vazão ao projeto de por os pés em solo firme, mas logo a razão me grita em alto som de que a realidade não condiz com o que penso ou imagino.  Confesso que - se eu pudesse- decretaria vida eterna para mim, mesmo que fosse para  apenas para sentir o entardecer e suas nuances ou para me deleitar com as sonoridades amenas dos pássaros, elas me consolam.

Às vezes, sinto a vida como uma casa fechada, sem janelas nem saídas. Tento, nela, equilibrar-me. Mas tudo é em vão. Quando penso que estou a me construir em silêncio, o meu pensar vicioso e rebelde joga-me  na desorganização. Outras vezes, convenço-me a me reordenar. Persuado-me de que estou apenas a atravessar um ciclo...

 Muitas vezes, as circunstâncias me propiciam coragem para desafiar a realidade imutável, rebelo-me contra o impossível, mas a vida dessa coragem é breve, porque minha esperança é mortal e a fé totalmente abalável. Por mais que meu coração reclame repouso, não dou trégua para ele. É o pensamento vicioso. Ora, resigno-me com o impossível, com o imutável, por não ter nenhuma resposta para minhas indagações, restando, apenas como remédio, a cação do momento.

E assim, fico a me consumir nos dias, nas horas... A perceber que, além de tudo isso, o tempo não é nem um pouco generoso. Então, prostro-me a la Raul Seixas: " sentada no apartamento, esperando a morte chegar."


Caxias - MA, 26 de julho de 2015.

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