O TEMPO DA ESCOLA
Elany Morais
Para as crianças, passa lento o tempo da escola. As esperas são
infinitas, e as matérias são monótonas. Julgam pesada a perca de tempo, fazendo
da hora de saída, o momento mais esperado. As ruas cintilam em suas cabeças.
Tudo lá fora vira mágica. A escola aos seus olhos é cinza. Que
incompatibilidade! Pois as crianças são tão diferentes, elas são todas
coloridas. Por que não querer voar para longe dos portões escolares? É lá onde
ecoa um medo surdo, a linguagem é seca, sem vida, sem aquele gosto de abraço apertado,
sem cheiro de mãe nem os vestígios dos brinquedos largados.
As crianças sabem que é preciso deixar a fantasia reinar para o tempo da
escola suportar. E, arrisco-me a dizer que estar submerso na fantasia é viver a
realidade de forma mais justa, mais coerente, mais honesta possível.
Como se encaixar tanta abstração na cabeça de quem só quer sentir o gosto
da vida que se inicia? A vida para as crianças é novidade, é descoberta...
Precisam de mãos e pés soltos, precisam de respostas, pois as perguntas já lhes
pertencem. Para que entender símbolos se ainda não se sabe viver? A simbologia
máxima pode ser o existir, o sentir que dá gosto de nesse mundo permanecer.
Faz-se necessário desenvolver nos iniciantes dessa nau o desejo de se
preservar, de querer ser, de se querer, de querer ficar, de querer crescer, de
querer amar-se e, consequentemente, amar os outros.
Ah! Esse tempo da escola passa lento, devagar... Tudo flui numa
morosidade. É na escola que se encobre o natural, é onde se diz que meus nós
estão frouxos. É lá onde se amara, onde se cala o que de fato se sente ou
pensa. Os grandes portões dão o recado: “aqui pés soltos serão amarrados.” E
por que não dizer que também amarra o coração?
Caxias- MA, 07 de julho de 2015.
Todos os direitos reservados a Elany Morais
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