Sou educadora e escritora

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O TEMPO DA ESCOLA

O TEMPO DA ESCOLA
Elany Morais

Para as crianças, passa lento o tempo da escola. As esperas são infinitas, e as matérias são monótonas. Julgam pesada a perca de tempo, fazendo da hora de saída, o momento mais esperado. As ruas cintilam em suas cabeças. Tudo lá fora vira mágica. A escola aos seus olhos é cinza. Que incompatibilidade! Pois as crianças são tão diferentes, elas são todas coloridas. Por que não querer voar para longe dos portões escolares? É lá onde ecoa um medo surdo, a linguagem é seca, sem vida, sem aquele gosto de abraço apertado, sem cheiro de mãe nem os vestígios dos brinquedos largados.
As crianças sabem que é preciso deixar a fantasia reinar para o tempo da escola suportar. E, arrisco-me a dizer que estar submerso na fantasia é viver a realidade de forma mais justa, mais coerente, mais honesta possível.
Como se encaixar tanta abstração na cabeça de quem só quer sentir o gosto da vida que se inicia? A vida para as crianças é novidade, é descoberta... Precisam de mãos e pés soltos, precisam de respostas, pois as perguntas já lhes pertencem. Para que entender símbolos se ainda não se sabe viver? A simbologia máxima pode ser o existir, o sentir que dá gosto de nesse mundo permanecer.
Faz-se necessário desenvolver nos iniciantes dessa nau o desejo de se preservar, de querer ser, de se querer, de querer ficar, de querer crescer, de querer amar-se e, consequentemente, amar os outros.
Ah! Esse tempo da escola passa lento, devagar... Tudo flui numa morosidade. É na escola que se encobre o natural, é onde se diz que meus nós estão frouxos. É lá onde se amara, onde se cala o que de fato se sente ou pensa. Os grandes portões dão o recado: “aqui pés soltos serão amarrados.” E por que não dizer que também amarra o coração?


Caxias- MA, 07 de julho de 2015.

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