Sou educadora e escritora

terça-feira, 11 de novembro de 2014

MEMÓRIAS
Elany Morais

Lembranças difíceis de serem dissolvidas. Não sei se primavera ou verão, as águas da chuva sulcavam as veredas estreitas, de tal forma que se tornavam impraticáveis pelos pés sovinas. Isso era um inconveniente, mas apenas para aqueles que já tinham suas almas maculadas pelas manchas do mundo. Quantas vezes, recordando aqueles dias de chuvas, deixo-me, com o peito apoiado na janela - esta já não é mais de palha de babaçu - mergulhar nos córregos que ainda habitam em mim.
Nunca encontrei coisa alguma, naquela época, para eu censurar. A não ser a maneira bárbara com que os adultos recebiam as nuvens carregadas de pingos de chuvas. As vontades das pessoas eram despóticas( Isso eu não compreendia). Todos queriam se apoderar dos produtos da Natureza, sem serem retrucados por ela. Eu gostava de sombra e águas correntes, enquanto eu fazia festa com esse espetáculo natural, via os que já tinham saido, de seu campo de inocência, tentar se desfazer daquilo que tanto me aprazia.
Por um lindo dia de outono, eu andava por essas mesmas veredas impraticáveis, de mãos postas sobre a cabeça, enquanto escutava o cantar de um pássaro, eu fazia associação da música com o amarelo das folhas. Ali, eu fiz minha primeira interpretação poética. Eu já era sensível ao belo.


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