A CRIANÇA QUE HÁ EM MIM
Elany Morais
Recuso-me a matar a criança que há em mim, portanto,
ainda sou criança. Não se assuste se meus abraços não forem tímidos ou
desconfiados. Gosto mesmo é de sentir a pessoa inteira em mim, sem rodeios, sem
meios apertos... Sinto que ainda não perdi a vontade nem a capacidade de
inventar mundos mágicos, de heróis, de céus sem balões em chamas, com sol, sem
cinzas ou pós. Crio cenários de amores vividos, sem aquela de não serem
correspondidos! Rio do que para os adultos não é nem será engraçado. Nunca
encontro beleza nas atitudes ou em aparências superficiais. Gosto é de ver
beleza de gente, com pele fina ou pele grossa que conta toda a história da vida
que vive e sente. As possibilidades para mim são sempre grandes. Nada é
estreito. Quando vejo o pássaro no céu, a alegria é tão grande que dá aperto no
peito.
Não nego que, às vezes, tenho atitudes de gente
grande, quero entender o mundo que me rodeia, mas dou meia volta e me deixo
girar nessa grande bola que guarda todas as pessoas, com sentimentos que as
incendeiam. Como guarda não sei. Talvez seja melhor não saber, aliás, é melhor
não compreender, do contrário, poderia não haver meios de como se viver. O que
vale mesmo é deixar-se encantar com o brilho das estrelas, com o sol, em seu
raiar, com as águas do mar iluminadas pelo reflexo lunar.
Hoje sei identificar a criança e o adulto que há em
mim. Quando vejo o mundo cinza, é o adulto que acaba de acordar de seu sono
agoniado, então rezo para a criança despertar, pois só assim, o mundo ganhará
novas cores, nova vida com novos sabores.
Caxias- MA, 11 de agosto de 2015.
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