O INFORTÚNIO
Elany Morais
Sob as sombra noturnas, o silêncio pacífico
era quebrado com um grito de desespero e dor: era o medo de perder o bem
protegido e amado. Ecoava no peito uma desorganização total. A condição da vida
abria feridas profundas. Mas nada de resignação. Mãos se agitavam, na tentativa
de resgatar aquela vida que parecia se despedir. Rastejar, implorar pela compaixão divina,
além de ser uma das expressões do desespero humano, era mais uma coisa a se
fazer, naquele momento. Pedidos ao divino pela reconsideração da sorte era a
oração. Tudo parecia um papel rasgado. A vida feliz, agora, era moribunda. A
dor rompia as artérias do amador. Mas nenhuma palavra mordaz produzida pela
irreflexão saiu de sua boca. O medo circulava pelas suas veias. Sentia a morte
golpear a existência do ser amado. Percebia-se entrando numa infinita
escuridão. Mal conseguia raciocinar. Não sabia deixar a morte levar.
Nenhuma partícula de orgulho existia naquela
alma aflita. A única certeza existente era de que a alegria e a tristeza não
dançavam na mesma proporção. Havia uma desmedida terrível era elas. Naquele
instante o único desejo existente no peito era: ter a eternidade da companhia
do bem- amado. Mas parecia impossível
esse feito. Por isso, a vida se mostrava toda desvivida. E a revolta fustigava
a pele. Havia protestos melancólicos, inconformados... Para aonde a vida vai,
quando se a quer aqui? Quando se quer pele quente, ela se esfria, quando se quer abundância, tudo se amesquinha... Ah, isso é
ser graduado em desentendimento, em desorganização, em perdição... Os infortúnios
têm destas coisas: tira-nos da nossa casa, da nossa organização, da nossa
reflexão... Mina até nosso oxigênio, impedindo nossa respiração.
Caxias - MA, 06 de julho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário