Sou educadora e escritora

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O INFORTÚNIO

O INFORTÚNIO
Elany Morais

Sob as sombra noturnas, o silêncio pacífico era quebrado com um grito de desespero e dor: era o medo de perder o bem protegido e amado. Ecoava no peito uma desorganização total. A condição da vida abria feridas profundas. Mas nada de resignação. Mãos se agitavam, na tentativa de resgatar aquela vida que parecia se despedir.  Rastejar, implorar pela compaixão divina, além de ser uma das expressões do desespero humano, era mais uma coisa a se fazer, naquele momento. Pedidos ao divino pela reconsideração da sorte era a oração. Tudo parecia um papel rasgado. A vida feliz, agora, era moribunda. A dor rompia as artérias do amador. Mas nenhuma palavra mordaz produzida pela irreflexão saiu de sua boca. O medo circulava pelas suas veias. Sentia a morte golpear a existência do ser amado. Percebia-se entrando numa infinita escuridão. Mal conseguia raciocinar. Não sabia deixar a morte levar.
Nenhuma partícula de orgulho existia naquela alma aflita. A única certeza existente era de que a alegria e a tristeza não dançavam na mesma proporção. Havia uma desmedida terrível era elas. Naquele instante o único desejo existente no peito era: ter a eternidade da companhia do bem- amado.  Mas parecia impossível esse feito. Por isso, a vida se mostrava toda desvivida. E a revolta fustigava a pele. Havia protestos melancólicos, inconformados... Para aonde a vida vai, quando se a quer aqui? Quando se quer pele quente, ela  se esfria, quando se quer  abundância, tudo se amesquinha... Ah, isso é ser graduado em desentendimento, em desorganização, em perdição... Os infortúnios têm destas coisas: tira-nos da nossa casa, da nossa organização, da nossa reflexão... Mina até nosso oxigênio, impedindo nossa respiração.


Caxias - MA, 06 de julho de 2015.

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