SABER DIZER NÃO
Elany Morais
Eu era dependente dos adjetivos, ou melhor, eu era
escrava deles, por isso, eu me apropriava dos verbos até a exaustão. Mas nos últimos tempos, descobri
que se desrespeitar para agradar os outros não traz felicidade. Agora posso
experimentar o prazer de saber dizer não.
É questão
cultural o desejo de sermos agradáveis
aos olhos de outrem, de sermos bons, amáveis, solícitos, mas nunca ouvir
e atender primeiro as nossas necessidades. Nunca queremos ser feios para
ninguém, é até suportável ser feio para si, mas para os outros, jamais.
Nunca me
orgulhei de ser reservada, de ter poucos amigos próximos, de economizar
palavras orais. Para mim, bacana mesmo era ser sociável, ter facilidade de
fazer muitos amigos, ser extrovertido ... Mas com minha prática de ser gente
pensante, pude constatar que posso ser
perfeitamente eu na minha imperfeição, que posso ser considerada antipática,
sem me custar nenhum desgosto. Quantas vezes eu emprestava algo, com a certeza
de nunca mais ser restituída, mas eu dava um nó no coração e me desfazia do
objeto para todo sempre, somente para não dizer NÃO para alguém que nem era
amor de meu coração exigente!
Tive a sorte de descobrir que ser verdadeiro consigo
mesmo diminui os falsos amigos e aumenta nossa felicidade. Uma coisa é certa: é
impossível ter muitos amigos, se somos bons para nós mesmos. Não dar para
servir dois senhores. Mas diante disso, também pude comprovar o seguinte: os
únicos amigos que nos sobram são, de fato, os verdadeiros.
Caxias - MA, 15 de agosto de 2015.
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