Por Elany Morais
Essa de se
agarrar no existir faz o egoísmo ganhar formas desproporcionais, tornando-o
ilimitado. O temor do abandono pela existência é a raiz de uma luta incessante,
em que tudo vale para não deixar de ser seja lá o que for. Mas não basta apenas
existir, há em nós, o desejo ambicioso e astronômico de viver com mares, sem
dores. Queremos muito, queremos tudo sem perder nada. As privações são nossas
ameaças mais potentes, são nossos eternos fantasmas, “nada pouco camarada”.
O bem estar no
existir é nosso ouro mais almejado. Por isso nos valemos de qualquer ação, na
tentativa de usufruir uma existência repleta de alegrias e prazeres. Mas apesar
de tantos esforços egoístas, a ingratidão da vida nos atinge, empurrando-nos
para o inevitável. É disso que provém nosso egoísmo doentio de querer ser,
estar, viver com prazer, independente de
cabeças pendidas, de sangue vertendo das veias alheias, de olhos aflitos, de
bocas convulsas...
É o egoísmo que
exalta, alimenta e fortifica nossa vaidade. Esta, na certeza da fonte
insecável, adquire o poder de existir nas mais diferentes formas, seja
disfarçada de boa moça, ou oculta -sempre num invólucro de humildade.
Inútil. Tudo é
inútil. Ninguém escapa da inexistência ou de um existir com dores, ilusões ou
desilusões .Tudo é apenas presunção que veio na embalagem humana.
Caxias- MA, 02
de setembro de 2015.
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