VALORES MODERNOS
Elany Morais
Minha esperança é mortal, pois não acredito que um dia voltaremos a ser
gente. Uma sombra escura borrou os valores humanos. Quando criança, nunca
pensei que chegaria o dia de se chavear e gradear portas e janelas para dormir
e, muito menos, para poder permanecer acordado. Na vida escolar, eu percebia
que ser professora(o) era uma grande honra, pois esta profissão era digna de
respeito. Nos lares, os pais eram as autoridades máximas, incontestáveis,
indubitáveis, respeitáveis e confiáveis. Os vizinhos eram nossos padrinhos e
guardiães. Existia tempo para conversas face a face, olho no olho. Sentava-se
nas calçadas, havia prazer em contemplar a luz da lua e contar as estrelas. As
armas mais ofensivas eram os estilingues. A guerra mais sangrenta era a de
facão. Os beijos e abraços eram apenas por prazer de sentir o outro. A sonata
das aves era um espetáculo imperdível, mas atualmente, este concerto musical
perdeu para o funk. Lembro que ainda vi pessoas tremerem de medo da polícia,
outras a viam como o super-homem, destinada apenas à proteção do cidadão.
Diferente de hoje, que vestir uma farda policial é comprar sete palmos de chão
no subsolo, ou então, obter autoridade para matar inocentes, “na forma da lei.”
É triste dizer, não estou sendo pessimista, que na atualidade, o TER não
tem linha de chegada, e o SER; de partida. É um querer TER sem fim. E o
respeito e a solidariedade? Morreram. Hoje, os direitos só para quem destrói a
vida, a dignidade e a honra alheia. Os assassinos têm voz e vez. Os direitos
humanos são apenas para os desumanos. O que temos hoje? Inversão de valores. Os
valores modernos supervalorizam o EU, destruindo o TU. Aonde vamos chegar por
esse caminho? A um mundo que jamais será de gente.
Todos os direitos reservados a Elany Morais
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