Sou educadora e escritora

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

FORÇA INTERIOR
Elany Morais

Escuta-me: estou partindo. Se te chamo, tu não sabes vir. Não me dispensarei de sonhos líricos. Tu golpeias-me com teu silêncio infinito. Pudesse eu te chamar para sempre, eu sentaria aqui com velas longas, sem... ressentimentos, sem mágoas, apenas a olhar o sem-fim da estrada. Se tu me salvarias da espera, não sei, não está no meu entendimento. Mas em gestos recolhidos, eu cataria as conchas da esperança, contando infinitas vezes os tecidos que as compõem.

Escuta bem: meus pés estão soltos na estrada. Não deixarei nem mesmo meu único poema lido. E se achas que estou vencida, parto, mas com as cores em compasso nos olhos que antes viviam, no escuro, esquecidos. Agora vou, com as pétalas das magnólias entre dedos, sem culpa dos meus defeitos nem com pavor do teu infeliz enredo.

Veja: se não me ouves... Não haverá pranto da lua nem de arcanjo algum. Não jogarei meu arco no poço fundo. Meu coração não se encolherá. Meu sonho não será torturado. Haverá farta colheita daquilo que plantei com mel e flor. Eu poderei ir à toa, debaixo de um sol a pino, mas viverei um conto de fada, sem embriaguez, ao som festivo do esperado sino

Caxias -MA, 03 de setembro de 2014.



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