O abandono é uma arma impiedosa. É afiada,cortante.Rasga a pele,penetra a carne sanguenta.
O abandono nos faz mendigar amores alheios.Corremos desesperadamente,sem ter linha de chegada.Jogamos para o vale sem fim nossa dignidade.Cegamente,seguimos em caminhos tortuosos para fugir dessa arma alada.
O abandono é força potente,deixa nossa alma aos cacos,sem chance de exílio.Resseca o coração sem tempo de verter qualquer líquido por maior que seja o orifício.
O abandono são garrafas pontiagudas,arrannham todas as camadas do revestimento do nosso ser.Lançam-nos nos porões sombrios da alma.Deixam-nos num existir solitário.Num ver demente,sem amplidão. É só ausência.Falta-nos a metade.O partir é dilatado.As portas se abrem para o túnel.As tentativas são frustradas.O avesso é revirado para o revesso.O amanhecer são todos iguais.Nunca há recomeço.Liberdade é utopia.Implrorar é reza repetida.As palavras sem limitam.O valor do dito é limitado.A vida torna-se uma fenda.Os pés são vacilantes.A cabeça não é guia.Todas as noites são frias.Esperar é fonte de tortura.A luz é fugitiva.Tudo é vazio.
O abandono é o espinho das almas cativas por véus e correntes abstratas.
Elany Morais
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