Sou educadora e escritora

quarta-feira, 9 de abril de 2014

BOCA DE FORNO

BOCA DE FORNO
Elany Morais

Minha boca, como portas abertas, não se fechará diante as injustiças mórbidas, assim como faz as plantas, que ignoram seu destino de destruição. Ela se estreita na pressão, contudo não se rende, pois rendição é palavra sem utilidade na faina existencial. Como em mar aberto, minha língua nada sobre as ondas revoltas, ela flutua, acima da insensibilidade humana, obtida na confusão de valores sórdidos.

Meus lábios não desconhecem o cumprimento das profecias. Como borboletas em festa, o tempo duro faz pirueta no ar. Porém, minha boca não pode, não consegue se calar. Não, de forma nenhuma, não quero mergulhar no mundo do silêncio sujo, pois repudio o cruzar dos braços e a justiça do santo mudo.

Silenciar-se, nesses tempos cinzas, não é ouro. Vozear pelos que perderam a voz faz-se urgência, porque  muitos, apenas com um olhar, bramem, vociferam, timidamente, por uma tão almejada clemência.

Caxias - MA, 09 de abril de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais



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