Sou educadora e escritora

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

SENTIMENTOS INSTÁVEIS

Partiu com o silêncio que cortava a garganta. Levava, no bolso, apenas recordações, nos pés;  encruzilhadas infinitas. Como chuva sorrateira, escorregava preguiçosamente pelos caminhos estreitos. No peito, a dor rebelava-se. Na cabeça, um mar de ideias desconexas. Seus pensamentos resvalavam  em ecos para o deserto. As possíveis soluções para as incertezas apresentavam-se em forma de nó. Dentro do coração, uma única vontade: ouvir uma voz que a chamava para trás.

A passos curtos, salivava o fel do infortúnio. O corpo, inibido, amortecia-se. A cada dois minutos, um ousado gemido se desprendia dos lábios. O porvir insano a prendia na amargura. Era impossível conjugar qualquer promessa de outrora. Nenhum pensamento consolador a alcançava. Dois mundos encontravam-se em hiato.  Equilibrar-se no desgosto era uma mágica para um espírito cativo do prazer. Desvairadas e inquietas, as mãos espalmavam o ar, na desordem de uma mente presa no vazio.

Mas o tempo a conduziu na dispersão de si mesma. Agora, vagueava em sonhos vindouros. Não era mais pequena nem necessitada. A mágoa, do peito, era poeira levada pelo vento. O tédio afrouxara as correntes e novamente deixava de ser apenas uma peça de um órgão, pois novos desejos ressurgiam. Chovia sobre si todos os tipos de bênçãos, submergia numa felicidade aparente. Não mais desejava a depravada ferrugem, que corroía os pequenos instantes de alegrias.

A mente não mais concebia uma verdade diferente. A verdade presente era fantástica, poética. Como um escrito a lápis sob o efeito da borracha, o passado, não tão distante, agora era apenas uma sombra. Quase não havia mais o que confessar a si mesma. Os comboios de pensamentos perfurantes não mais atravessava a cabeça. Precisava apenas conservar os sonhos fantásticos de uma felicidade infinita.

Elany  Morais
Todos os direitos são reservados a Elany Morais

Um comentário:

  1. Bom dia Elany Morais,sua personagem entrega-se a própria sorte,na esperança de ser acolhida por algumas benesses, nesta vida de tamanhos desencantos, mas para o seu total desengano nada de bom lhe foi ofertado durante esta sua disposição em ser alvo do universo, ficando a revelia dos acontecimentos,então resolveu retomar a rédeas do seu viver, para reivindicar do universo o mínimo que se precisa para uma subsistência não massacrante, haja vista ser ela também filha de Deus, parabéns pelo eloquente poema,eu te desejo uma semana repleta de paz, um forte abraço, deste seu fã de sempre, MJ.

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