Sou educadora e escritora

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

VISÃO ONÍRICA

VISÃO ONÍRICA

Lá eu era vivente alado. Não havia noite nem dia. Tudo era impreciso entre a tristeza e a alegria. Nenhuma canção tinha início ou fim, faces se aproximavam ao mesmo tempo que corriam de mim. Os sons possuíam vozes surdas, estradas se estreitavam com línguas enormes e mudas. Para meus olhos não havia estranheza porque minha memória não guardava feiura ou a cobiçada beleza.

Neste mundo aberto, mar não sei se existia, mas meus cabelos molhavam com um líquido que com frequência subia. Com as mãos espalmadas, pontos brilhantes eu pegava, a luz era tão forte que meus olhos encadeados cegavam. Lá, cabeça nem todo mundo tinha, muitos viravam ao avesso ; outros não sabiam o que lhes convinha.

O tempo, lá, nunca encontrava um ínfimo espaço, pois relógios não contavam minutos de quanto durava um abraço. A angústia e o tédio, neste ambiente, não nasciam nem mesmo se renovavam porque muitos de suas dores não sabiam.

Ninguém ousou cantar o instante porque tempo não existia, ninguém chorava horrores, pois desconhecida era a agonia.


Elany Morais
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