Sou educadora e escritora

quarta-feira, 5 de março de 2014

SEM RETORNO

SEM RETORNO
Elany Morais
 
E agora? O que fazer com os gritos apertados entre os dentes? O mundo é um mar noturno. Minha força é um barco de papel sobre as ondas. A justiça regente desse universo é espuma sob o vento. As sílabas se acumulam em minha boca. A impotência amarra meus pulsos. As algemas são inquebrantáveis. Tudo está a ruir. O que será de meu sangue? A incompreensão o absorve.

Nesse caos, perderam-se os sentimentos vivificadores. O amor sucumbiu-se nos desencontros. Mas encontrou seu lugar no fundo dos meus olhos, ainda não adormeceu, porque ainda vivo, em meio aos desenganos, mas ainda existo. Nesse jeito de viver, a cada passo, uma vertigem, a cada descuido, uma lágrima muda, a cada porta aberta, um violento vento.

Que cenário frio, esse mundo de agonia! Nada parece recomeçar, em todos os lugares, sinto minha dor e a dos inertes  sangrar. Os olhos ferozes não enxergam mais a luz da lua nem a beleza do mar. E eu? O que faço nessa desventura? Não tenho músculo de aço. Minhas palavras são estranguladas, pois elas não podem voar. Meus pensamentos não se conformam em ficar a ondear, sem força, sem ânimo para mudanças realizar.

Caxias - MA, 05 de março de 2014.

Todos os direitos reservados a Elany Morais

Um comentário:

  1. Boa noite eminente poetisa Elany Morais, não temos a titularidade da vida, mas sim uma precária concessão, e sendo assim estaremos a mercê dos ventos, e estes nos levam,e trazem a bel prazer, até que sejamos consumidos pela inexorável inanição, e deixemos compulsoriamente esta frágil, e complexa materialidade, parabéns pelo eloquente poema, um forte abraço, deste seu fã de sempre, MJ.

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