Sou educadora e escritora

domingo, 18 de maio de 2014

SOLIDÃO NOTURNA

SOLIDÃO NOTURNA
Elany Morais

O frio me embrulha nessas noites solitárias. O vinho, na mesa, seca. Apenas uma gota olha-me, de soslaio. Meus pés rebelam-se, paralisam-se, prendem-me dentro do muro, este limita meu mundo, não tão reluzente.... Passos são enumerados. Ouço meu pulsar, sem a interrupção do tic-tac do relógio. O quarto prostra-se para mim, com toda solicitude escravagista. Mas minha indiferença é para tudo, menos para meu corpo que grita pelo peso da alma que carrega. Casa cansada é minha carcaça ambulante, obrigada a suportar o peso do quase infinito mistério da existência. Movimento é estalar dos ossos preocupados com o destino de um eterno deitar, sem voz, sem ruído... Não há nada, janela não há para que se possa abrir, luz não existe para iluminar o pensamento triste que teima em existir.

Caxias -MA, 18 de maio de 2014.
Todos os direitos reservados a Elany Morais

Um comentário:

  1. Boa Elany Morais, hoje levantei as 10 hs da manhã, e ao adentrar na cozinha fui notificado pela minha esposa, já um tanto apavorada que haviam ratos dentro do armário onde se guarda louças e mantimentos, então fui investigar, e de fato encontrei um rato la dentro, o eliminei, e passei o resto do dia apensar para que serve a vida, se não para ficar preocupado com ratos, baratas, cobras, carro que quebra, torneiras que vazam, pessoas que adoecem, e por fim a gente mesmo adoece e morre ou morre súbtamente, e francamente não vejo valores suficientes para me apetecer a viver prolongadamente esta cadeia de idiotices, de modos que entendo perfeitamente as inquietudes desta sua personagem, parabéns pelo contundente enredo poético, um forte abraço, MJ.

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