Sou educadora e escritora

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

ME CONTA QUE EU TE CONTO


Conta-me como é voar ao alto sem pássaro alado, galopar a beira-mar sem sustentáculos, descer ao subterrâneo sem desembocar a voz, não se perder nos cânticos vagos, não se ater nas surdinas do choro, não abrir o coração ao som dos bandolins e sentir o beijo do vento  sem frechas das janelas.

Conta-me como é não dispensar palavras para soprar ao corpo dores entranhadas, convencer de que no trem da morte não há passageiro algum, que todos os caminhos permanecerão sem os sonhos, que todos os elementos vivem sem sombra e que a vida não é um passeio com prazo de validade sem aviso prévio.

Conta-me como  é se aconchegar nos braços indiferentes, apertar mãos espalmadas, viver a praticidade dos sonhos, sentir o abraço do sol em dias de tempestades,  correr à distância de quem se quer colado ao peito, consertar o irreparável, viver de lonjuras e medindo sentidos, correndo a lugar algum, ensinar sem aprender, atirar rosas ao lamaçal da insensibilidade, registrar e não esquecer o há calado no coração, compor uma canção sem eu-lírico, viajar com malas soltas e ser feliz em todos os tempos e idades, sem interrupção, sem intervalo...

Elany Morais

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