Sou educadora e escritora

terça-feira, 26 de novembro de 2013

SAUDADES

Hoje me encontro com saudades dos lugares por onde não andei, dos corpos que não abracei...Daquela cachoeirinha que vi só em sonhos, sonhos esparsos, distantes...Daquele cheiro doce que vinha de seus cabelos revoltos na malícia do... vento. Saudades daquele silêncio sereno, acalentador, do som daquela voz que parecia cantiga de ninar, do vasinho preto com a flor amarela que espiava tudo que passava pela janela. Daquela mão estendia aos céus, rendendo graça por não usar mais o véu. Que saudades, saudades do que não vi!!

Eu não vi a bailarina com seus passos leves a me conduzir a uma dança,mas mesmo assim,tenho saudades. Tenho saudades do bem-ti-vi que todos os domingos me trazia a boa nova de que eu era bem vista, assim ele me dizia:" bem-ti-vi." Ficou na minha memória aquele cão que por mim passou e me deu a mão, aquele jardim que se cuidava, dispensando assim, mãos calejadas, mãos praguejadas...Hoje eu sinto saudades do grito que não veio, daquela reza que apacentou meus medos, das bonecas que me confidenciavam segredos, daquelas formiguinhas que atraia toda minha atenção para sua atividade incansável, promovendo entre si tamanha revolução...Ainda me pego com saudades de mim, da minha lucidez de ouvir meus gemidos diante do desamor, da minha não aceitação do outro que vagueia pelos caminhos da dor...Sinto saudades de quando o amor não era sinônimo da dor.

Elany Morais

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