Sou educadora e escritora

sábado, 23 de novembro de 2013

DECADÊNCIA

Um lugarzinho ameno, destoava-me com uma cançãozinha lívida. Os pensares eram pequenos, os gestos eram raquíticos  de expressividade. Uma bebida agonizava num copo, o barulho da existência parecia-me totalmente rouco. Era um show de desimportância. Um desfilar de tédio, uma profusão de olhos sem vidas, bocas preguiçosas, desejos pálidos... Ali a vida já tinha cumprido seu desígnio. Nada mais restava, somente a indignidade dos indispostos.
 
Pus-me a contar os dedos, eles eram tantos, tomava a quase todo o tempo que para mim era infinito. Esses dedos ganharam atenção de olhos que não tinham mais perspectiva do visão ao longe. Tudo seguia um desfiladeiro animalesco. Sons grosseiros, cabelos indigestos, movimentos mesquinhos.
 
A noite já não se comprazia da companhia lunar, ela precisava apoiar o cenário de desânimo e preguiça. Ela, a noite, me olhava com uma expressão reprovativa, me dava um sinal de que também eu era um ser degradante e decadente.
 
Elany Morais
 
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