Sou educadora e escritora

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

24 DE DEZEMBRO


A chuva caía lentamente lá fora. Eu a olhava pela janela. Era noite de 24 de dezembro. Como eu poderia esquecer essa data? Jamais!  Eu, naquela estranha solidão, olhava cada pingo de água se esfacelar sobre o chão. Meu olhar era de quem queria desvendar toda composição daquele líquido a olho nu.

Meu motor da observação funcionava lentamente, como se fosse parar. Vi uma folha verde que balançava forçadamente com as gotículas. Aproximei-me da janela, pus a mão para fora. Eu queria sentir o que meus olhos viam. Naquele momento, eu tinha uma visão fantástica, eu estava decifrando um mistério. Veio-me uma felicidade sorrateira. Foi então, que fugi daquele mundo, fui ao meu quarto e peguei um copo que eu havia deixado com água na intenção de beber, para avisar minha garganta que era período chuvoso, que tudo estava tranquilo.

Retorno à janela, e todo o cenário havia se desfeito. Tudo tinha se perdido, fugido. Olhei para o copo, segredei a ele que minha solidão precisava ser amortecida. Nesse momento, entendi que eu estava a milhares de quilômetros de onde eu realmente pretendia estar. Mas onde? Eu não tinha essa resposta, pois o mundo parecia a mim não se encaixar.

Vaguei horas e horas pela extensão da casa, procurando o que eu não havia guardado, ou deixado, de repente, ponho-me a me perguntar por que nessa data tudo encontra um caminho para dentro de mim.

Como eu não tinha respostas para minhas perguntas, sentei-me, finalmente,  na poltrona, apaguei as luzes, e fiquei a sentir o barulho do silêncio, nesse momento, vem-me a certeza de que não queria que minha solidão seja violada. Pensei que seu eu fumasse, seria um momento propício para me deter no desfilar da fumaça.

Questionei-me se eu estava de alma velha, mas preferi acreditar em que eu estava amadurecendo.

Elany Morais

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