Sou educadora e escritora

domingo, 8 de dezembro de 2013

O PRINCÍPIO DO FIM



  Sob as agarras da vida presa fiquei. Morrer, no momento em que se descobre que nasceu, é muito trabalhoso. Exigir férias da existência é precipitado. A morte com todos seus cuidados e disposição, cometeu a displicência ...do olhar minucioso.

Enquanto amarrada eu estiver nos braços da vida, vou a construir caminhos na certeza de que entre o ser e o não ser é apenas um sopro, um corte de tempo, um sentir, um gemido, um pó suspenso ao ar.

É pesado alicerçar o muro da existência a saber que tudo é apenas uma ideia que será desfeita num suspender de panos brancos.

Mas meu espírito, mesmo sem escudo, sem armadura, segue determinado, na construção da casa que não tem vida perdurável. Ele sente as mãos quentes do existir, do respirar, do sentir, sob os ombros como forma de consolo, a dizer-me isto: viver é morrer a cada passo, a cada caminhada, a cada segundo fluído, disperso, perdido, não observado, não sentido.

Minha alma ora se desbanca, ora se veste da crença do ser por tempo eterno. Porém isto é manto da ilusão. Ilusão de acreditar na não desintegração da composição existencial.

O hoje é a certeza de que o amanhã não existirá, contudo, a alma não aceita que o fim vai chegar.

Elany Morais

Todos os direitos são reservados a Elany Morais

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