Sou educadora e escritora

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

POEIRA



 A vida solta as pontas dos fios, e eu vou me transformando em poeira, a cada dia. Hoje ainda sou uma poeira viva. Vejo- me solta, suspensa, ardendo-me para não me desintegrar no espaço.
Em vão, tento atar essas pontas, para que pres...a nelas eu permaneça, com a espera de subsistir o que já está definido.

Valho-me de todas as forças, aciono minha migalha de lucidez, porém o que me sobra é o vazio, a escuridão, o esquecimento, a indiferença...

Tento construir muros, pontes... Tudo inútil. Pois meu barco não perde a direção. Ele teimosamente me leva para o nada. Minha consciência não descansa. Diz-me a todo momento que tenho prazo de validade, sem direito a conhecimento de data, sem aviso prévio... Sem um índice, sem um sinal, sem um aviso.

Correr já não adianta. Ficar é perder o que ainda me resta. E o me sobra é esperar, como se o vácuo não fosse chegar. Assim, ainda sou torturado pela flecha do medo, ele me diz que o desconhecido é cheio de labirintos, talvez sem saída. Contudo, nada me dá certeza de que vim do pó e para o pó voltarei.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

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