Sou educadora e escritora

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

DESISTÊNCIA




 De repente, chega a hora de partir. De devolver todas as chaves. De apagar o único lampião. De rasgar todos os projetos. De reconhecer que derrotas existem. De perceber que nem todos os valores humanos estão vivos.

A qualquer momento, pode ser o tempo de correr rumo a novas direções. De não aceitar mais os insultos do mundo. De desistir do que não satisfaz. Não vale tentar mais uma vez. A vida urge. Não se colherá mais ramos secos. Sepultura não se visualizará.

E vem o não esperado: a vontade de sacudir as vestes. Não olhar para trás. Lembrar da estátua de sal. Mudar não será um mal. Faz- se necessário sepultar esquecimentos. Jogar fora as roupas gastas. Sacudir as velhas gavetas. Há que se convencer de que é preciso fazer coisas despretensiosas. Abandonar velhas teimosias. Que tal desistir de fazer uma achado de sua cara metade? Pode-se aventurar em encontrar o complemento em si próprio.

Um dia pode ser o dia de se sair sozinho, resignar-se de companhias. De sentar na calçada a ver transeuntes passar. Haverá o momento de gritar ao léu, de desistir da normalidade, de desdobrar em si, de andar a esmo, virar a solta, de andar vazio dos outros e andar cheio de si.

Elany Morais
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