SAUDADE
Elany Morais
Nesta vida, perdemos sempre. Não sei ainda o
porquê de perdermos somente as coisas boas. Talvez isso aconteça para que
exista a saudade em nós. Saudade dói. Não bastava o cofre de dores que a vida
nos oferece, ainda nos abraça esta, apertando nosso peito sem dó.
A saudade não pode nos vermos quietos. Está
sempre nos lembrado de pessoas amadas que não estão mais sentindo o calor de
nossas mãos, de momentos que vivemos na velocidade de uma raio, isso porque os
melhores momentos são sempre acelerados pelo tempo. (Ah, tempo invejoso!)
Também sentimos saudade até mesmo do que não se viu, não sentiu nem viveu.
A saudade sempre nos lembra dos passos
contrários que demos diante do que nos fazia bem. E para avivar nosso desejo de
voltar ao passado prazeroso, existem as fotos. Embora estas amarelam,
embaçam-se, mas trazem sempre, para nós, o cheiro saudoso do que passou e
jamais voltará para nossa vida. Mas para não oportunizarmos tanto a saudade, é
bom que, no momento presente, despeçamo-nos direito de quem vai partir, sem
promessa de volta. Vamos aguçar mais nossa visão e audição para quem passa correndo, por nós, mas
deixando conosco o cheiro das rosas. Vamos dizer adeus devagarinho para quem
viveu felizes momentos conosco, mas não consegue desamarrar as palavras, na
hora de partir.
Por fim, digo: que o nosso cansaço diário não
recorra à saudade. Que possamos fazer do presente um momento feliz, a ponto de
não recorrermos ao que já se foi, na ilusão de que possamos ser felizes com o
que não pode mais voltar.
Caxias - MA, 29 de março de 2015.
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