Sou educadora e escritora

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O PASSADO

Hoje quebrei o bloco da resistência interna. O passado, na minha tentativa, será agora apenas um coadjuvante sem plateia.

Nas águas revoltas do meu ser, minhas memórias reclamavam partida sem culpa. O passado trazia preso na garganta o grito reprimido pelos que deveriam ser amantes da inocência. Tudo o que já tinha sido estava sob a capa escura, sombreada por atos vorazes, impensados e impiedosos.

Aquilo  que foi ressecava,, com toda sua feiura, o verde das folhas que tentava suavizar a violência contra os indefesos de alma frágil. A beleza natural servia de testemunha para a irracionalidade e a covardia dos que não enxergavam nada além de seus desejos e necessidades.

A vivacidade da natureza chorava o banho da maldade contra aqueles que só precisavam de amor. Ao mesmo tempo, ela servia de mãe consoladora para os desamparados e solitários num mundo cheio de ódio e dor. Ela apassentava  o coração dos sonhadores, acalentava a alma desesperançada, dava esperança quando deixava o pingo do orvalho resistir a existência por mais tempo do que se esperava.

Esse passado que vivia sob imponente sombra tirava tudo o que poderia ser alegria e encanto, para transformar em dor e pranto.

Elany Morais

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Um comentário:

  1. Bom dia Elany Morais, o passado é alimento já digerido, sem nutriente algum, e ainda pode ser corrosivo, o melhor mesmo é ficarmos o nosso facão no presente, e fazer dele um antro de satisfação na medida do que a gente consiga, parabéns pelo eloquente poema, e pela excelente formatação da foto ilustrativa, um grande abraço deste seu fã de sempre< MJ.

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