Sou educadora e escritora

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MORTE DA CASTIDADE - SEXO



  Uma linguagem, dois corpos. Sobre o chão frio, o amor gritava. Braços se amarravam, o fogo da pele acendia. As paredes cochichavam. A nudez dos amantes reluzia. Um corpo flechava o outro. A música festejava a fremência. Os gemidos embalavam a brancura da paz carnal.

Como aves, eles se bicavam. A luz testemunhava a loucura dupla. Olhos descansavam no gozo. Mãos tatuavam pele. O fervor veio com a taça. Lábios se uniram. Bocas sopravam desejos. Vozes limitavam-se. O tempo esqueceu seu caminho. Mais um vinho.

Encheram novamente a taça. As bocas estavam vulneráveis. O desejo de posse se revelava. Como água do rio deslizavam suavemente entre si. Da cintura aos joelhos a loucura acudia. Os espelhos refletiam lábios nos lábios, corpos nos corpos. Lençóis lançavam convites. Como areia sob o sol, ardiam-se. Beijos se multiplicavam. Entre carícias, vibravam, deliravam. Com súbita ternura, uma perna procurava a outra. Cama, cadeira e mesa eram o navio que conduzia aos sonhos do prazer.

Era uma luta corporal. O sangue fervia. Dedos desbravavam matas. Gritos saíam entre os dentes. Como animais no cio, gruniam... Tudo perdia suas formas. Eram dois corpos em um, num gozo pleno. Línguas promoviam espasmos. Eram leões enfurecidos soltando rugidos. Sem dizeres algum, a castidade descia a sepultura. O túnel vaginal se magnificava na banheira de espuma. E tudo se esvazia na forma triangular do sexo.

E a noite, embriagada de volúpias ardentes, despedia-se lentamente. E por fim, depois do abandono dos pudores, os amantes adormeciam devagarinho. Os corpos umedecidos de suor estendiam-se na cama como se estátuas fossem. Os sentidos reclamaram pausa. Satisfeitos, os olhos pousaram no seu descanso necessário e, finalmente, a paz foi instaurada.

Elany Morais

Todos os direitos reservados a Elany Morais

Um comentário:

  1. Paz que vem depois do coito... paz incomensurável! Pura poesia em total carnalidade!

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