Sou educadora e escritora

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

MULTIPLICIDADE


O que há em mim é mais do que além, são redes de significados sutis, são contornos sinuosos. Nada se desprende de mim sem elos. Não me parto em fatias, não permaneço inteira. Lembranças não se soltam de mim. Minha loucura anda sempre de mãos dadas com minha lucidez. Minhas bobagens são compenetradas. Meus ânimos são incontáveis. Meus amores geográficos são alicerçados em minhas necessidades insaciáveis. Meu tempo é frenético. Meu erotismo é apurado. Meu desepero é palpável. Nunca me despeço de mim. Ninguém leva de mim o que não permito. Embalo todos os porquês.

O que há em mim não se volta para o nada, são teias múltiplas de entendimentos, são metáforas indecifráveis. O vento leva o que existe de mais pesado,deixando o que há de mais leve em mim. Tudo faz sentido sem sentido algum. Os sons se materializam em minhas mãos. Cada melodia pulsa em meus ouvidos. Qualquer dito vira um efeito erudito dentro do meu labirinto dividido com quem se abraça comigo. Um estrabismo me leva a desdizer o que deveria ser dito ao son dos meus gemidos.

O que há em mim é mais do que alvorada, são matizes de cores várias, são combinações sombrias. O que se mantém de bonito em mim cria raízes, sustenta meus galhos ressequidos. Minha opaccidade é madrasta. Minhas cores mortas são traiçoeiras, são viradeiras, são noturnas, para o que habita de mais luminoso que há nas minhas entranhas, engaiola meus sentimentos ternos, joga pedras no céu e alcança o mar.

Elany Morais

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