Sou educadora e escritora

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

DESPEDIDA



 Toda despedida dói, principalmente, se nos despedimos de quem muito amamos.
A última voz, a última palavra, a última dor, a última lágrima, a última partida. Bato a porta pela última vez, não olho para trás. As lembranças estão ...confusas. Não sei se houve amor, se houve só dor. Fusão de almas, não sei. Não sei mais o que fui para o outro.

As ruas, as paisagens fogem de mim. Parto com medo, mas sigo determinada, ficando para trás nossas juras de amor, nossas fotos, nossas criações, nossas fantasias...Deixo nosso mundo, deixo nossa poesia, deixo nossas descobertas...Tudo se partiu, tudo escureceu.

Fica para trás nossos medos, nossas inseguranças, nossas brigas, nossa paz, nossas reconciliações, nossas trocas, nossos cuidados. Fica para trás um pedaço de minha alma, um pouco de minha vida, meus delírios, minhas crenças, minhas verdades, minhas lágrimas...

Estou indo, sem fé, sem esperança, sem mágoa, sem raiva...Saudade, não sei, talvez será minha única companheira. Vou, sabendo que a noite me espera para me dizer que parti sozinha, que o mundo é grande para minha solidão.

Minha mente não se apieda em me dizer que parto para nunca mais voltar. Que tudo se perderá, que tudo será apagado, que tudo se tonará nada. Que minha porta não se abrirá mais, que minha salvação findou.

Minhas mãos espalmas denunciam minha perda, minha ida, minha insanidade, minha tristeza, meu silêncio. Meus olhos reclamam líquidos para externar o que machucou o coração. Meu peito se rebela para não mais guardar os féis que me são ofertados.

Parto sem dizer nada. Minha boca engoliu todas as palavras que poderiam ser proferidas. Meu silêncio é o último adeus.

Elany Morais

http://educadoraelanymorais.blogspot.com
 
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